Nota de professores da UFRN em apoio às manifestações contra o aumento das passagens em todo o país

A Revolta contra o aumento das passagens, que neste momento ocorre em todo o Brasil, com centenas de milhares nas ruas, com repercussão e apoio internacional, está abrindo um novo tempo no país, revelando e destampando um caldeirão fervente de poderosas insatisfações acumuladas. O povo brasileiro começa a acordar, com a corajosa juventude à sua frente.

A população não aceita mais aumentos nas passagens, com sistemas de transporte precários, insuficientes, que só servem aos lucros dos gananciosos empresários do setor, e que tratam as pessoas como gado em ônibus, metrôs e trens superlotados.

A juventude e a população de modo geral estão indignadas por verem bilhões do dinheiro público investidos em grandes estádios da Copa do Mundo de 2014, para atender antes de tudo aos interesses das empreiteiras e da mídia nacional e internacional em um grande circo, enquanto os serviços públicos como educação, saúde, transportes, segurança, etc. sofrem a falta de recursos. De que adianta o Brasil ter alguns dos mais belos estádios e ao mesmo tempo ter um dos piores sistemas de educação do mundo, um sistema de saúde falido? O modelo de inclusão social via mercado de consumo esgotou-se, num contexto de inflação crescente e falta de investimento em serviços públicos universais e de qualidade. (mais…)

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Os índios arrancaram a tampa da panela de pressão

Foto Histórica: o Abril Indígena toma o Plenário da Câmra contra a PEC 215. Foto: Gustavo Lima (Agência Câmara)
Foto Histórica: o Abril Indígena toma o Plenário da Câmra contra a PEC 215. Foto: Gustavo Lima (Agência Câmara)

Márcio Santilli, ISA

O que o Poder faz com a minoria, em nome da maioria, é indicador da sua própria essência, que se mostrará mais dia, menos dia, atingindo todos e a si mesmo, ainda que de forma tardia.

Estamos falando de governos que investem bilhões em marqueteiros, agências, pesquisas e campanhas de mídia, quase todos muito bem avaliados e eleitoralmente competitivos, independentemente de partido ou proposta.

A aprovação amplamente majoritária naturaliza a decisão de governo de destruir os rios amazônicos para atender à demanda por energia barata do Brasil urbano e exportador. E a gloriosa participação do agronegócio na balança comercial justifica o surto ruralista que pretende, sempre naturalmente e de acordo com o suposto desejo da maioria, destruir os direitos territoriais indígenas inscritos na Constituição. (mais…)

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Por que protestam contra a Copa

A Pública – Em Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba e Fortaleza protestos contra a Copa se misturam às bandeiras por participação política, transporte e serviços públicos de qualidade. Veja aqui 7 razões para que a festa esteja se transformando em manifestação.

(Foto: Tasso Marcelo / AFP)
(Foto: Tasso Marcelo / AFP)

Por Marina Amaral

Custo x Legado

Já foram gastos 27,4 bilhões de reais na Copa e a previsão atual é de custo total de 33 bilhões, uma quantia que se aproxima do total do orçamento federal em educação para este ano: 38 bilhões de reais. Uma priorização de recursos que a população questiona nas ruas, assim como a concentração do dinheiro público na construção de estádios, em muitos casos, como em Manaus e Cuiabá, “elefantes brancos” sem futuro aproveitamento.

Além disso, as obras de mobilidade urbana – apresentadas pelo governo como o principal legado para as cidades-sede – atualmente orçadas em 12 bilhões de reais – privilegiam os acessos viários para carros (viadutos, alargamentos de avenidas) e a rota aeroportos-hotéis-estádios que não é necessariamente a prioritária para a mobilidade urbana no cotidiano das cidades. Um exemplo claro é Itaquera, onde as obras reivindicadas pela comunidade foram suspensas enquanto se investe a todo vapor nas obras de acesso ao estádio. Promessas em investimento em transporte público, como a construção do metrô de Salvador e o Monotrilho da linha Ouro em São Paulo foram retiradas da Matriz de Responsabilidades (o orçamento federal para a Copa) e o transporte público chegou a ser prejudicado no Rio de Janeiro, onde os moradores e comércio sofrem com a falta do tradicional bondinho – que não circula desde 2011 – depois de um acidente denunciado pelos moradores como resultante de um projeto equivocado de modernização (que teve de ser refeito e ainda não está pronto). (mais…)

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Protestar contra tudo é o mesmo que protestar contra nada

Yasmin Brunet no protesto: frases de efeito vazias de conteúdo
Yasmin Brunet no protesto: frases de efeito vazias de conteúdo

Cynara Menezes – Socialista Morena

Não há, em minha opinião, nada mais assustador acontecendo hoje no Brasil do que o avanço dos fundamentalistas no Congresso Nacional. Aprovar projetos contra o direito de cidadãos de viverem plenamente sua orientação sexual, de usarem o próprio corpo da maneira que desejarem e de serem felizes ao lado do ser amado é o maior atentado à liberdade individual que pode existir. No entanto, na última quarta-feira 18 havia TRÊS manifestantes no plenário da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara protestando contra a aprovação do projeto da “cura gay”. Enquanto isso, do lado de fora, por todo o país, milhares de pessoas protestavam contra… Contra o quê mesmo?

Ao contrário do que alguns pensam, defender os direitos dos homossexuais não é pouca coisa. São brasileiros com direitos e deveres como todos nós. Mas, prestem atenção, não são só os homossexuais que os fundamentalistas ameaçam: no início do mês, a bancada evangélica conseguiu aprovar, na Comissão de Finanças e Tributação, o Estatuto do Nascituro, que prevê o pagamento de um salário mínimo às mulheres que optarem por não abortar em caso de estupro, projeto apelidado pelas feministas de “bolsa-estupro”. Se aprovado no plenário, o estatuto inviabilizaria outra conquista da sociedade brasileira, a pesquisa com as células-tronco embrionárias, liberadas pelo Supremo Tribunal Federal em 2011. Os fundamentalistas se articulam ainda contra as religiões de matriz africana. (mais…)

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17 de junho de 2013

Correio da Cidadania – O dia 17 de junho de 2013 marca uma inflexão na conjuntura do país. Os protestos que tomam conta de vários estados constituem um dos mais ricos fenômenos da recente história brasileira. Desde as mobilizações das Diretas Já, não se via movimentação tão forte e significativa no Brasil.

Os milhões de jovens que têm dado, em maioria, o tom das movimentações começaram a atual jornada em torno à defesa da redução das tarifas de transporte e de um transporte público de qualidade. Não é, no entanto, mais novidade que tamanha explosão de descontentamento não gire em torno somente do aumento de 20 centavos na tarifa do transporte, como no caso de São Paulo. Saúde, Educação, Corrupção e Repressão são temas que, em menos de duas semanas, entraram cabalmente no campo de enfrentamentos e discussões.

Palavras de ordem como ‘Da copa abrimos mão, queremos saúde e educação’, ‘Era um país muito engraçado, não tinha escola, só tinha estádio`, dentre tantas outras, surgem como um dos elementos simbólicos que apontam para uma visão ampla da conjuntura e para o enriquecimento da pauta política. O que indica um profundo golpe nos projetos dominantes de poder de governos e partidos, aí incluídos  indistintamente PSDB e PT. (mais…)

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CE – Repórter do UOL apanha da polícia e relata armadilha contra manifestantes

Luiz Paulo Montes
Do UOL, em Fortaleza

Estou em viagem acompanhando a seleção brasileira há duas semanas. Hoje me senti um correspondente de guerra. Escalado para cobrir a manifestação em Fortaleza, que reuniu cerca de 15 mil pessoas, vivi situações assustadoras. Bombas de efeito moral, gás de pimenta, gritos de pessoas desesperadas, e pedras voando.

Sobrou até pra mim: por volta das 13h30, precisava seguir para o estádio. Havia uma barreira policial, para conter o protesto. De longe, mostrei minha credencial. Um dos guardas acenou em sinal de ‘pode vir’. Bem rente ao muro, passei. Fui surpreendido com uma ‘borrachada’ na bunda. “O que eu fiz, amigo?”, questionei ao policial que me agrediu. “Passou, levou”, respondeu ele. Com dor, saí andando.

Foi só um dos problemas encontrados desde as 9h, quando cheguei para cobrir a manifestação, que naquele horário tinha cerca de 100 pessoas. Por volta do meio-dia, quando a multidão chegou ao encontro da barreira policial, tudo ainda era pacífico. Quem protestava pedia passagem. Os militares faziam a segurança. Por algum tempo, tudo seguiu sem violência. Eu avistei, então, alguns membros da cavalaria pedindo para a torcida passar. Era uma armadilha: quando poucos avançaram, bombas de efeito moral foram disparadas. O cheiro era horrível. Segundo alguns policiais, foi só um ‘revide’ a pedras que teriam sido lançadas anteriormente. (mais…)

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Transporte público: a Caixa Preta dos contratos

Protesto contra aumento dos preços das passagens em São Paulo. Foto: Veronica Manevy
Protesto contra aumento dos preços das passagens em São Paulo. Foto: Veronica Manevy

A prefeitura precisa abrir os números, planilhas de custos, condições dos contratos com as empresas de ônibus que prestam serviço em São Paulo

Por Patrícia Cornils – Carta Capital

No dia 13 de junho, poucas horas antes de a Polícia Militar do Estado de São Paulo emboscar e bombardear cidadãos nas ruas, a prefeitura divulgou uma consulta pública. Trata-se das informações para elaborar o edital da concorrência dos novos contratos de transporte público em São Paulo. Serão, de acordo com a revista Exame, os maiores contratos feitos na história da Prefeitura: as duas consultas públicas (para empresas que operam 15 mil ônibus e 7 mil vans) somam R$ 46,3 bilhões, valor maior que todo o orçamento da capital para 2013, de R$ 42 bilhões.

O sistema de transportes de São Paulo é caro e dá sinais de esgotamento. Somente quem enfrenta essas baldeações congestionadas de gente, em corredores lotados e sem saídas, onde os funcionários do Metrô – público e privado – e da CPTM colocam grades para tentar organizar o fluxo, sabe o perigo e o desgaste que isso significa. “O direito de sentar” (eu ri!) é a reivindicação estampada em um dos cartazes manifestação que vai acontecer dia 20 em Recife, por transporte público melhor e mais barato. Serve para São Paulo. (mais…)

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Repórter da Agência Brasil é agredido em protesto por seguranças do Terminal Rodoviário de Niterói

Da Agência Brasil

Niterói (RJ) – O repórter da Agência Brasil, Vladimir Platonow,  foi agredido na noite de ontem (19) por seguranças do Terminal Rodoviário de Niterói durante a cobertura dos protestos na cidade fluminense. Platonow se abrigou no terminal durante os confrontos entre policiais e manifestantes, quando foi atacado por seguranças armados com cassetetes. Mais pessoas se abrigaram no terminal e também foram agredidas.

Platonow estava gravando as agressões dentro do terminal quando foi cercado por seguranças e agredido com socos, chutes e golpes de cassetetes. Ele teve ferimentos na perna, na cabeça e nos braços. Hoje (20), o jornalista deve prestar queixa contra os agressores.

Os confrontos em Niterói começaram na tarde de hoje e os manifestantes tentaram bloquear a Ponte Rio-Niterói. Eles fecharam a Avenida Marquês do Paraná, principal acesso de Niterói à ponte, e o Batalhão de Choque da Polícia Militar interveio para liberar a via. Após os confrontos, a avenida foi  liberada e os manifestantes se concentraram na Praça Arariboia, onde houve novo confronto com a polícia. Neste momento, a manifestação em Niterói já está se acalmando.

Edição: Fábio Massalli

Enviada por José Carlos para Combate Racismo Ambiental.

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