17 de junho de 2013

Correio da Cidadania – O dia 17 de junho de 2013 marca uma inflexão na conjuntura do país. Os protestos que tomam conta de vários estados constituem um dos mais ricos fenômenos da recente história brasileira. Desde as mobilizações das Diretas Já, não se via movimentação tão forte e significativa no Brasil.

Os milhões de jovens que têm dado, em maioria, o tom das movimentações começaram a atual jornada em torno à defesa da redução das tarifas de transporte e de um transporte público de qualidade. Não é, no entanto, mais novidade que tamanha explosão de descontentamento não gire em torno somente do aumento de 20 centavos na tarifa do transporte, como no caso de São Paulo. Saúde, Educação, Corrupção e Repressão são temas que, em menos de duas semanas, entraram cabalmente no campo de enfrentamentos e discussões.

Palavras de ordem como ‘Da copa abrimos mão, queremos saúde e educação’, ‘Era um país muito engraçado, não tinha escola, só tinha estádio`, dentre tantas outras, surgem como um dos elementos simbólicos que apontam para uma visão ampla da conjuntura e para o enriquecimento da pauta política. O que indica um profundo golpe nos projetos dominantes de poder de governos e partidos, aí incluídos  indistintamente PSDB e PT.

O modo espontâneo com que surgiram as manifestações, com forte teor crítico quanto às esferas tradicionais de representação política, movendo-se em meio à deslegitimação da institucionalidade política, revelam, por sua vez, um profundo corte geracional das manifestações – sem vínculo com o velho, ainda que sem saber como se erigirá o novo. Aspecto que, no entanto, não deve reiterar a retórica da qual a grande mídia comercial já está se impregnando, reforçando a ideia dos movimentos ‘sem partido’, ‘sem organização’, ‘contra tudo’.

Afinal, a juventude que hoje está nas ruas lutando pelos seus direitos é, antes de mais nada, fruto de um acúmulo de lutas, discussões, ideias e ideais, oriundas de gerações passadas, que se reverberam para as novas. Registre-se, ademais, que, desde o começo da gestão Dilma, vem se  acumulando considerável número de greves de variadas categorias de servidores públicos. Um baixo crescimento econômico, associado a serviços públicos sofríveis e a um repique inflacionário que sacrifica especialmente as classes de baixa renda, acirram agora finalmente os ânimos, de modo a se contraporem ao descenso das lutas sociais desde o começo deste século.

O que estamos assistindo ainda está para ser entendido e merecerá reflexões. Mas é sinal de um novo tempo que se pode abrir para o povo brasileiro. É preciso agora que o conjunto de movimentos consiga unir forças para, de forma coordenada, prosseguir na conquista de vitórias imediatas. Sete metrópoles brasileiras já tiveram sucesso na redução de tarifas, o que abre caminho rumo à gratuidade do transporte coletivo, que seria a grande solução, e à consolidação de um forte e novo movimento de massas, que recoloque no horizonte a esperança de uma sociedade igualitária.

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