Verena Glass e Guilherme Carvalho – Portal de Agroecologia da Amazônia
O dendê, a mais nova aposta do agronegócio amazônico, está começando a dar sinais de que veio pra ficar no Pará. Com forte apoio governamental, a cultura ocupa hoje 166 mil hectares no nordeste do Estado (região composta por 37 municípios considerados adequados ao plantio pelo Zoneamento Agroecológico do Dendê), e tem previsão de atingir 329 mil hectares até 2020, de acordo com dados do governo estadual e do Banco da Amazônia.
Quase que exclusivamente voltada à produção de biodiesel, a dendeicultura paraense busca se incorporar ao Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) e vem buscando a inclusão, através de contratos de integração empresas-produtores, da agricultura familiar no setor.
Para isto, uma linha especial do Pronaf – o Pronaf Eco Dendê – disponibilizou mais de R$ 124 milhões para pequenos agricultores em 2013. A liberação de financiamentos de até R$ 80 mil está vinculada a formalização de um contrato de parceria com grandes empresas – como Petrobras, Biopalma Vale e ADM. A promessa é que, em 10 hectares de dendê cultivado na própria propriedade, uma família terá garantida uma renda razoável.
Entretanto, apesar de arregimentar cada vez mais adeptos, a dendeicultura pode não representar o futuro promissor tão sonhado pelos agricultores familiares paraenses. Além de desviar o setor da função primordial, que é o cultivo de alimentos, o dendê para biodiesel não tem sido capaz de trazer a lucratividade prometida por governos e empresas.
Este fator, aliado a outras colateralidades, como aumento da contaminação de igarapés e rios por agrotóxicos, cujo uso vem se avolumando com a expansão do dendê, e problemas sociais como vício em drogas nas frentes de trabalho, são abordados no mais recente estudo do Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis (CMA) da Repórter Brasil, “Expansão do Dendê na Amazônia brasileira – Elementos para uma análise dos impactos sobre a agricultura familiar no nordeste do Pará”.
Através de pesquisas de campo realizadas em parceria com a ONG FASE/Amazônia em março de 2013, o estudo aponta ainda a possível relação da expansão do dendê com o aumento de preços de itens básicos da alimentação do paraense.
O CMA da Repórter Brasil pesquisa os impactos socioambientais do dendê na Amazônia desde 2008 e publicou uma série de relatório sobre o tema – que podem ser acessados na seção de Agrocombustíveis da página da Repórter Brasil na internet (www.reporterbrasil.org.br).
Baixe a íntegra do relatório em www.reporterbrasil.org.br/
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Enviada por Vania Regina Carvalho para Combate Racismo Ambiental.