Autora conta o que ocorreu depois que denunciou rede de pedofilia em livro reportagem
Sílvia Laporte
Em abril de 2004, uma garotinha de 11 anos segurou as mãos de Lydia Cacho e, olhando-a nos olhos, perguntou: “Você não vai deixar que nos machuquem mais, não é?”. Naquele momento, a vida da jornalista mexicana virou de pernas para o ar e, oito anos depois, ainda não voltou ao normal.
E provavelmente nunca será como antes: ao denunciar, no livro-reportagem ‘Los demonios del Edén’ (Os demônios do Éden, em tradução livre, ainda não editado no Brasil), uma rede de poderosos pedófilos que violaram, espancaram e humilharam seguidamente aquela e centenas de outras crianças – meninos e meninas –, Lydia acendeu o estopim de um escândalo que expôs não apenas as libertinas relações entre criminosos disfarçados de empresários e corruptos usando máscaras de políticos, juízes, promotores e policiais, mas também as contradições da Justiça no seu país.
Foi sequestrada e torturada psicologicamente, ameaçada de morte. Quando nada disso a fez calar, sentiu o peso do poder econômico de seus algozes: de vítima passou a ré, acusada de calúnia e difamação, e gastou o que tinha e o que não tinha para pagar a sua defesa. Embora no ano passado finalmente o cabeça da gangue de agressores sexuais, Succar Kuri, tenha sido condenado a 113 anos de prisão, Lydia Cacho ainda corre perigo. (mais…)
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