Aluna diz que foi barrada em escola por corte de cabelo e roupa

Movimento negro protesta contra suposto ato de racismo envolvendo jovem Ana Carolina Bastos (de azul)

Wilson Lima, iG Maranhão

A Secretaria Estadual do Maranhão (Seduc) investiga um suposto crime de racismo contra uma adolescente de 19 anos. Ana Carolina Bastos, estudante do 2º ano do ensino médio da Unidade Integrada Estado do Pará, na periferia de São Luís, relata que foi barrada pela diretora no primeiro dia de aula.

Segundo a adolescente, no dia 23 de fevereiro a diretora Socorro Bohatem afirmou na entrada da escola que ela estava vestida de forma “inadequada”. Após reclamação de Ana Carolina, que se defendeu dizendo que outra jovem, de cor mais clara, usava uma roupa mais decotada que a dela e não foi barrada, a diretora teria explicado que ela não poderia entrar no colégio por causa do corte de cabelo estilo black power. “A outra (aluna) estava com chapinha e um vestido muito decotado. Foi meu estilo que não agradou a ela. Foi, sim, caso de racismo. Depois soube que não foi a primeira vez que isso aconteceu”, conta a estudante.

A aluna, que segue frequentando as aulas no colégio onde ocorreu o episódio, registrou queixa na polícia e pretende agora ingressar com uma representação contra a diretora no Ministério Público Estadual (MPE). A professora também exerce suas funções normalmente.

Em nota oficial, o governo informou que “vai ouvir as partes envolvidas e tomar as providências cabíveis”. Na sexta-feira da semana passada, dezenas de alunos e integrantes do movimento negro realizaram um protesto portando faixas e cartazes contra a ação da diretora em frente ao colégio. Aos alunos, a diretora afirmou que não teve um comportamento racista. O iG tentou convrsar com a docente, mas a secretaria da Educação informou que ela não pode dar entrevistas para preservar o processo de investigação.

A jovem Ana Carolina faz parte de um grupo de música afro em São Luís. Seu sonho é ser socióloga para tentar lutar pelas minorias na capital maranhense. “Quando fui barrada, minha irmã chorou e eu fiquei horrorizada. Tinha muita gente me olhando. Foi um massacre. Não estava ali para bagunçar. Vou para a escola para ser alguém na vida”, afirmou a estudante. “Eu tenho uma identidade negra. Não vou mudá-la”, acrescenta.

Esse é o segundo episódio envolvendo ações de racismo no Maranhão em menos de um ano. Em julho, a reitoria da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) abriu procedimento administrativo para apurar a denúncia de que o professor José Cloves Verde Saraiva teria humilhado o estudante do 1º período do curso de Engenharia Química da instituição, Nuhu Ayuba. Até agora, o inquérito não foi concluído.

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