O dia do Saci Pererê

Elaine Tavares, Jornalista

Adital – Não há nada mais servil do que se deixar dominar culturalmente. Quando a força das armas vem, pode-se até entender. Mas quando o domínio se dá de forma sub-reptícia, via cultura, parece mais letal. O Brasil vive isso de forma visceral. A música estadunidense invade as rádios e a juventude canta sem entender a mensagem. No comércio abundam os nomes de lojas em inglês e até as marcas de roupa ou sapato são na língua anglo-saxônica, “porque vende mais” dizem as atendentes. Nas vitrines, cartazes de “sale”, ou “50% off” embandeiram a escravidão cultural. E tudo acontece automaticamente, como se fosse natural. Não é!

Outra prática que vem invadindo as escolas e até os jardins de infância é a comemoração do Halloween, o dia das bruxas dos estadunidenses. Lá, no país de Obama, esta data, o 31 de outubro, é um lindo dia de festividades com as crianças, no qual elas saem fazendo estripulias, exigindo guloseimas. Tudo muito legal dentro da cultura daquele povo, que incorporou esta milenar festa irlandesa lá pelo início do 1800. Nesta festa misturam-se velhas lendas de almas penadas, de gente que enganou o diabo e outras tantas comemorações pagãs. Além disso, hoje, ela nada mais é do que mais uma boa desculpa para frenéticas compras, bem ao estilo do capitalismo selvagem, predador.

Aqui no Brasil esta festa não tem qualquer razão de ser, exceto por conta das mentes colonizadas, que também associam o Halloween ao consumo. Não temos raízes celtas, nem irlandesas ou inglesas. Nossas raízes são outras, Guarani, Caraíba, Tupinambá, Pataxó… Nossos mitos – e são tantos – guardam relação com a floresta, com a vida livre, com a beleza. O mais conhecido deles é ainda mais bonito, fala de alegria e liberdade. É o Saci Pererê. Uma figurinha buliçosa que tem sua origem nas lendas dos povos originários, como guardião das generosas florestas que garantiam a vida plena das gentes. Com a chegada dos povos das mais variadas regiões da África, o menino guardião foi agregando novos contornos. Ficou negro, perdeu uma perna e ganhou um barrete vermelho na cabeça, símbolo da liberdade. Leva na boca um cachimbo (o petyngua), muito usado pelos mais velhos nas comunidades indígenas. Sua missão no mundo é brincar, idéia muito próxima do mito fundador de quase todas as etnias de que o mundo é um grande jardim. (mais…)

Ler Mais

Saúde entra na campanha para combater o racismo

Acordo assinado entre os ministros Padilha e Luiza Bairros impulsiona ações de promoção da saúde da população negra e pela igualdade racial

Ubirajara Rodrigues, Agência Saúde

O ministro Alexandre Padilha e a ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), Luiza Bairros, celebraram o Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra, comemorado ontem (27), com a assinatura de um acordo que assegura a adesão do Ministério da Saúde à campanha “Igualdade Racial é Pra Valer!”. A assinatura do acordo também vai impulsionar ações no Sistema Único de Saúde (SUS) para o enfrentamento do racismo.

O acordo foi assinado durante reunião da Comissão Intergestores Tripartite (CIT), que reúne representantes das esferas de governo federal, estadual e municipal, na sede da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), em Brasília.

No Brasil, cerca de 50% da população brasileira é negra ou parda. Segundo estimativa do Ministério da Saúde esta parcela da população responde por, aproximadamente, 70% dos atendimentos no SUS. “Também chama a atenção o fato que as taxas de mortalidade infantil e materna sejam maiores entre a população negra”, disse o ministro Alexandre Padilha. (mais…)

Ler Mais

Convite: Seminário Regional “A dinâmica socioeconômica do Brasil e as alternativas para o Nordeste”

Um debate importante para o Nordeste será realizado em novembro em Campina Grande (PB). De 16 a 18, no auditório da Fiep, o seminário regional “A dinâmica socioeconômica do Brasil e as alternativas para o Nordeste” fará um balanço do atual cenário da região. Organizado pela Diocese de Campina Grande, UFCG, UEPB e pelo Centro de Ação Cultural (Centrac), o evento formulará propostas alternativas de desenvolvimento.

O Seminário vai discutir, de forma geral, o atual modelo de desenvolvimento do Nordeste e como ele tem contribuído para a redução das desigualdades sociais e regionais. No primeiro dia, o painel que tem o nome do evento será apresentado pelo professor Doutor Francisco de Oliveira, sociólogo mais conhecido por Chico Oliveira, um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT).

Com profundos conhecimentos do Nordeste, principalmente como ex-diretor da Sudene, Chico Oliveira é autor do livro Os sentidos da democracia (Vozes), entre outros, além de ter recebido o prêmio Jabuti 2004 na categoria Ciências Humanas. Outro debatedor desse painel é um representante do Instituto de Estudos de Economia Aplicada (IPEA). (mais…)

Ler Mais

‘É preciso outro modelo de desenvolvimento’, entrevista com a antropóloga Maria Emília Lisboa Pacheco

Para a antropóloga Maria Emília Lisboa Pacheco, o modelo de desenvolvimento centrado nos direitos das populações e na valorização do meio ambiente seria o essencial

“Não há soberania alimentar sem a garantia da terra e do território”, constata Maria Emília Lisboa Pacheco. Para ela, sem a terra e o território não há como garantir a soberania alimentar. “E o papel das populações, de garantir e conservar a nossa biodiversidade, está intimamente associado ao direito de termos uma alimentação adequada, saudável. Por isso que é indissociável”.

Em entrevista concedida por telefone à IHU On-Line, Maria Emília pondera que falar da terra, do direito à terra e ao território, é falar na concepção agroecológica, “na diversificação da produção, na conservação da biodiversidade, na valorização das culturas alimentares locais, além de uma alimentação adequada e saudável, trazendo consequências à saúde, com uma alimentação livre de agrotóxicos e transgênicos”. Segundo ela, uma alimentação diversificada garante seguramente mais saúde. “Há estudos que mostram isso. A nossa observação mesmo, empírica, pode constatar. Onde há diversidade com qualidade as pessoas estão com mais saúde”.

Maria Emília Lisboa Pacheco é antropóloga, assessora do programa Direito à segurança alimentar, à agroecologia e à economia solidária, na Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional – Fase. Confira a entrevista. (mais…)

Ler Mais

Liminar de juíza do TJ/PA força Índios a liberarem rodovia e canteiro de obras de Belo Monte

Acima, vídeo postado por Medialivre no Youtube, durante a ocupação do canteiro de obras, iniciada na madrugada de ontem quinta-feira, dia 27. Á noite, batalhão da PM garantiu a desocupação, garantida por liminar de reintegração de posso concedida pela juíza da 4a. Vara do TJ do Pará. Durante mais de 15 horas, Belo Monte foi paralisada. TP.

Do G1, São Paulo – O canteiro de obras da usina de Usina Hidrelétrica de Belo Monte, em Altamira (PA), no sudoeste do estado, foi desocupado, no início da noite de quinta-feira (27). Os manifestantes também desbloquearam a Rodovia Transamazônica. O protesto começou no início da manhã quando manifestantes ocuparam parte da obra e interditaram a rodovia. A informação é da Polícia Rodoviária Federal.

Segundo a PRF, a pista e  o canteiro de obras foram liberados pelos índios por volta das 19h30, após a invasão que começou no início da madrugada. Não houve danos no local. Os policiais escoltaram os ônibus que levaram os índios para as cidades de procedência, inclusive Altamira. (mais…)

Ler Mais