Occupy Wall Street: quatro etapas e um desafio

Movimento deixará legado positivo e duradouro. Mas pode tornar-se ainda mais potente, e alcançar objetivos imediatos

Por Immanuel Wallerestein | Tradução: Paulo Cezar de Mello

O movimento Occupy Wall Street – por enquanto, é um movimento – é o acontecimento político mais importante nos Estados Unidos desde as rebeliões de 1968, das quais é descendente ou continuação direta.

Por que começou nos Estados Unidos em dado momento – e não três dias, três meses, três anos antes ou depois –, jamais saberemos ao certo. As condições estavam dadas: crescimento agudo do desastre econômico, não só para os realmente acometidos pela pobreza mas também para um segmento cada vez mais vasto dos trabalhadores pobres; incríveis exageros (exploração, ganância) do 1% mais rico da população americana (“Wall Street”); o exemplo de iradas rebeliões ao redor do mundo (a “Primavera Árabe”, os indignados espanhóis, os estudantes chilenos, os sindicatos de Wisconsin e mais uma longa lista). Não importa tanto qual fagulha acendeu a fogueira. Ela foi acesa. (mais…)

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A resistência do Santuário dos Pajés

Em plena capital federal, indígenas e cidadãos enfrentam tratores, capangas, mega empresas e o próprio governo em defesa do Cerrado e do Santuário dos Pajés

Por Thiago de Ávila*

Depois de sugar suas veias, eliminam-se os índios

Já se passaram quase 520 anos após o desembarque do explorador Colombo no continente americano e até hoje não fomos capazes de pensar, enquanto um só povo, uma solução para a coexistência pacífica, respeitosa e cordial com aqueles que habitavam esta terra muito antes da “conquista”.

Já sabemos que das veias abertas de nosso continente jorrou a prata de Potosí, o ouro de Veracruz e Vila Rica, o petróleo de Maracaibo, o gás natural e a coca andina, o cobre chileno, o pau-brasil, o charque, a cana, o café, a borracha e inúmeros outros frutos de nosso continente, que seguem sendo alvo do grande capital, em sua busca de manter a insustentável máquina de devastação e exploração capitalista, que ou devora a si própria ou destrói todo o mundo com ela.

Neste sentido, a luta pela preservação da Terra Indígena Bananal, onde está situado o Santuário dos Pajés, assume um caráter ainda mais fundamental. No coração de Brasília, no centro da América do Sul, um santuário indígena de 54 anos inserido em um dos biomas mais agredidos do planeta resiste aos tratores da especulação imobiliária e da corrupção institucional que, desavergonhadamente, exploram e escravizam a população com seu projeto parasita de consumo e destruição desenfreados. (mais…)

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“Educação como ato político”: Encontro dia 10/11 pelos 90 anos de Paulo Freire

O Encontro Educação como Ato Político, de Produção e de Conhecimento será mais uma homenagem ao educador Paulo Freire (1921-1997) no contexto dos seus 90 anos, comemorados no dia 19 de setembro de 2011.

Este encontro também tem a intenção de contribuir para a formação de educadores interessados em dialogar sobre políticas públicas de educação, valendo-se das contribuições do legado freiriano para a disseminação de práticas e teorias educativas emancipadoras. (mais…)

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As boas maneiras da Suzano no Maranhão

Mayron Régis

Por mais que a Suzano pose de boa samaritana ou de menina pura e inocente na vista do Conselho de Ética do Fórum da Amazônia Sustentável, caso as comunidades extrativistas do Baixo Parnaiba baixem a guarda, a empresa, através de suas terceirizadas, como a JS, a ACM e a KLN, passa o rodo pelas áreas de extrativismo sem nenhuma pena e sem nenhuma licença ou com licença de outra área que não tem nada a ver com a área que está desmatando.

Para as comunidades extrativistas e quilombolas de que vale um projeto de inclusão digital ou uma biblioteca quando os tratores da Suzano dilaceram os bacurizeiros e os eucaliptos batem em suas portas? O projeto da Suzano para o Baixo Parnaiba maranhense e para o restante do Maranhão se consolida e congratula-se com a morte de um modo vida que a empresa se recusa a levar em consideração como um ator social e político. As licenças ambientais da Suzano no Baixo Parnaiba maranhense são todas irregulares. Nenhuma escapa. Como é possível que nenhuma escape?

Entre tantos casos, o caso da comunidade do Enxu poderia ser mais um. A área de Chapada da comunidade ponteia mais de quinze mil hectares e pelo que se sabe a empresa comprou duas posses de terra nessa Chapada. (mais…)

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Indígenas se transformam em modelo a ser seguido na Bolívia

De Raúl Burgoa (AFP)

LA PAZ — A obstinada luta para impedir a construção de uma estrada em seu território, que obrigou o presidente Evo Morales a aceitar uma plataforma de pedidos, transformou os indígenas amazônicos em um modelo a ser seguido nas futuras lutas sociais na Bolívia, afirmaram analistas.

A caminhada indígena de 65 dias ao longo de 600 km estava tão fortalecida ao chegar a La Paz que o presidente Morales cancelou sem reservas o projeto de estrada, financiado pelo Brasil, que tanto tinha defendido e que foi impedido de ser realizado pelos nativos, em defesa da reserva ecológica do Tipnis.

O protesto dos indígenas “demonstra que não é necessário se vender para construir uma sociedade melhor”, disse o economista Alberto Bonadona, professor da Universidade Católica.

Paradoxalmente, a defesa dos direitos indígenas começou com a ação do próprio Morales, que em sua época de sindicalista e opositor liderou muitos dos grandes protestos do país. (mais…)

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Quem são os escravos, os gatos e os exploradores, no estudo da OIT

Entre as páginas 165 e 167 do relatório “Perfil dos Principais Atores Envolvidos no Trabalho Escravo Rural no Brasil”, a OIT nos oferece, na Tabela 30, um “Resumo das características dos atores”. Os dados abaixo foram tirados desse material. Não esgotam o conteúdo da Tabela, mas pareceram os mais expressivos no que nos toca.

Não desrespeitarei a inteligência d@s leitor@s deste Blog, comentando-os. Inclusive porque o relatório o faz, muitíssimo bem. Apenas me permitirei destacar alguns resultados, que deixo para a reflexão de tod@s. TP.

Traços predominantes Trabalhadores Gatos Empregadores
Idade média 31,4 anos 45,8 anos 47,1 anos
Sexo Masculino Masculino Masculino
Cor/raça Negros1 Negros Brancos
Naturalidade Nordeste Nordeste Sudeste
Local de residência Nordeste, Centro­-Oeste e Norte Norte e Centro­-Oeste Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste
Nº médio de filhos 2,4 4,1 2,75
Nível Escolaridade 18,3% analfabetos e 45% analfabetos funcionais Ensino fundamental incompleto, presença de analfabetos Ensino Superior completo (a maioria)
Idade média que começou a trabalhar 11,4 anos 10,7 anos
Formação profissional Nenhum curso (a maioria) Nenhum curso Administração de Empresas, engenheiro agrônomo, médico veterinário etc.
Ocupação Assalariado rural temporário sem registro Empreiteiro Pecuarista, fazendeiro, administrador, comerciante, veterinário

 

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Demora em demarcações impulsiona ocupações

A paciência de muitos grupos se esgotou, porque até mesmo áreas já declaradas indígenas há décadas estão ocupadas por colonos. Fotos: Joana Moncau e Spensy Pimentel

Joana Moncau e Spensy Pimentel

É a convite das próprias lideranças indígenas que chegamos ao local onde estão montadas as barracas de lona preta das quase 70 famílias guarani-kaiowá. No fim do mês de maio, elas deixaram suas casas na reserva de Panambi para criar o acampamento de Guyra Kambi’y, a apenas algumas centenas de metros de outro deles, o Yta’y Ka’aguyrusu, formado em setembro do ano passado, em meio a conflitos com os colonos que vieram para a região a convite do governo federal, entre os anos 40 e 50 do século passado.

Poucas semanas antes da visita, um índio de 56 anos que estava residindo no local foi encontrado enforcado no terreno onde costumava buscar lenha. “Não entendemos bem o que aconteceu, ele estava ajudando a preparar uma casa de reza, inclusive. Essa demora toda, às vezes, deixa as pessoas tristes”, comenta um dos indígenas.

A demora nas demarcações de terras indígenas em Mato Grosso do Sul tem impulsionado a formação de mais e mais acampamentos. A paciência de muitos grupos se esgotou, porque até mesmo áreas já declaradas indígenas há décadas estão ocupadas por colonos – é o que ocorre em Panambi, onde, de 2000 hectares demarcados nos anos 70, os indígenas só ocupam efetivamente 300. Só em Dourados, onde está a reserva cuja situação é mais crítica – fala-se em até 15 mil indígenas em 3,5 mil hectares –, surgiram dois acampamentos este ano. (mais…)

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SP – Racismo no metrô Campo Limpo

Preto Will, músico do Versão Popular e poeta da Cooperifa, foi expulso do Metrô Campo Limpo na porrada.

Sergio Vaz

 

Ao chegar no Metrô foi intimidado por olhares preconceituosos de um segurança e perguntou se havia algum problema com ele. O segurança falou algumas coisas e saiu.

Em seguida quando subiu a rampa para pegar o trem foi abordado pelo mesmo segurança que veio acompanhado de mais um. Deram-lhe uma gravata e o arrastaram pelo braço, dizendo:

– Sai fora negão, se quiser vai de busão.

E já não bastasse todo o racismo e violência sofrida, ele foi levado pela PM ao Hospital Campo Limpo com o braço inchado e o médico que o atendeu olhou a chapa de raio-x e disse que não havia quebrado nada, que podia ir embora.

Indignado e ainda com dores, nós o levamos para o pronto socorro de Taboão da Serra onde ele foi atendido e constatado que não estava com o braço quebrado, mas havia uma luxação, onde foi medicado e colocado uma tala, saindo de lá com um atestado de 5 dias. Pode se dizer que houve negligência médica no Hospital Campo Limpo? (mais…)

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Terror às vésperas da demarcação

Protestos de indígenas no Mato Grosso do Sul, que esperam voltar às terras dos ancestrais, mas enfrentam resistência de governo e violência dos fazendeiros. Fotos: Cimi

Joana Moncau e Spensy Pimentel

Dourados (MS) – No acampamento, a noite parece mais longa. A tensão pelas ameaças de ataques de homens armados a serviço dos fazendeiros torna o sono leve e entrecortado por pequenos sustos com os barulhos vindos da mata. O fogo só é aceso em caso de extrema necessidade. Os homens se revezam para fazer guarda. Os assobios entre os vigias que circulam pela mata são captados pelos ouvidos atentos das mulheres que ninam seus filhos e, quando sinalizam que a área está tranquila, chegam como um alento passageiro.

Luzes ou sons distantes na mata cumprem o papel de deixar claro que o grupo está cercado e na mira. Os latidos dos cachorros, qualquer barulho, estalido, deixam as mulheres em estado de alerta. “Se eles vierem, vão chegar atirando lá de baixo. Então corremos para dentro da mata com as crianças até cansar. E ficamos deitados em silêncio esperando o dia nascer. É assim que fazemos”, conta uma delas. “Eles não costumam entrar dentro da mata, porque sabem que lá temos mais força e têm receio”, explica. Quando o pior ocorre, a comunidade sai da mata só no dia seguinte e, aos poucos, as pessoas se reencontram para conferir se não está faltando ninguém. Os que desaparecem quase nunca voltam. (mais…)

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