COIAB denuncia tentativa de suborno da Eletronorte com indígenas de Altamira (PA)

Tatiana Félix

Adital – Enquanto ambientalistas e comunidades tradicionais se manifestam contrários à execução do projeto da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, em Altamira, no Pará, as empresas interessadas no empreendimento não se detêm diante das dificuldades e fazem de tudo para tirar qualquer obstáculo do caminho.

Isso é o que tem demonstrado a Eletronorte, uma das empresas responsáveis pela construção da usina hidrelétrica. De acordo com Sheila Yakareti, liderança indígena da comunidade Juruna (do quilômetro 17), da região de Altamira, a Eletronorte tem se aproveitado das necessidades das comunidades indígenas da região para doar benefícios como cestas básicas, em troca do apoio da população ao projeto Belo Monte. “Eles falam para os indígenas pedirem o que quiserem que eles vão dar”, relatou.

Diante da pressão que vem sendo feita contra os indígenas, a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) enviou uma carta ao Ministério Público Federal (MPF) em Brasília, na última sexta-feira (24), para denunciar o caso e exigir providências do Governo Federal.


“Reivindicamos que o governo brasileiro tome as providências necessárias e puna a empresa Eletronorte, impedindo-a de presentear as lideranças indígenas da região de Altamira/PA e ameaçar os indígenas para apoiar a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte”, enfatiza a Coordenação.

Para a entidade, o Governo não pode considerar os povos indígenas como empecilhos para o desenvolvimento do país, quando tudo o que querem é continuar preservando os ecossistemas e a biodiversidade, e terem o direito a uma vida digna.

Na carta enviada ao MPF, a COIAB reforçou ainda que, de acordo com especialistas, “Belo Monte é inviável do ponto de vista econômico, ambiental, social e cultural, pois poderá gerar impactos irreversíveis na flora, na fauna, na biodiversidade, e, sobretudo, na vida dos povos indígenas e comunidades tradicionais que vivem na área de abrangência da usina”.

Conflito

Segundo Sheila, muitas promessas estão sendo feitas à comunidade indígena. “Eles dizem: ou vocês apoiam [Belo Monte], ou vocês não vão conseguir nada”, afirmou. Ela disse ainda que em virtude disso, a população tem se dividido diante dos possíveis benefícios. “Não é ficar a favor do empreendimento, mas, sim o medo de perder os direitos prometidos”, esclareceu.

As promessas da empresa se referem às medidas emergenciais para atender e prevenir os problemas e as necessidades que a população local terá com os efeitos da obra.

“O que está acontecendo agora é o medo até dos líderes indígenas brigarem entre si, porque eles (Eletronorte) estão colocando um grupo indígena contra o outro”, desabafou. Mas, apesar de temer uma briga entre os grupos indígenas, Sheila espera que a iniciativa da COIAB possa trazer um pouco de paz ao conflito.

http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=51279

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