O Latifúndio e o eucalipto no Baixo Parnaiba maranhense

Mayron Régis

Além do fato óbvio de paralisar as atividades da Suzano no Baixo Parnaiba maranhense, a liminar que a Justiça Federal promoveu a pedido do Ministério Público Federal permite uma melhor compreensão da parte da sociedade civil sobre como se comporta a Suzano Papel e Celulose no estado do Maranhão.

Costumam dizer para quem quiser ouvir que o agronegócio do eucalipto é um dos mais modernos da economia brasileira. Com certeza, ele se beneficiou, assim como a soja, das inúmeras pesquisas realizadas nas últimas décadas patrocinadas pelo Estado e pela iniciativa privada. O resultado desse investimento em pesquisa é o avanço despudorado dos plantios de eucalipto pelo Brasil.

Quando a pesquisa e o discurso laudatório não resolvem as contradições, entram as oligarquias.  Para contornar as adversidades sociais de um empreendimento como o que pretende implantar em boa parte do estado, a Suzano Papel e Celulose, muito prontamente, aliou-se aos setores mais conservadores da política e da economia maranhenses. Essa afirmação se refere, é claro, à família Sarney, mas ela se dilacera para além dos portões do palácio Henrique de La Roque.

No município de São Bernardo, o ex-prefeito Coriolano chantageou os vereadores para derrubarem a lei do ex-vereador Gilvan Alves que proibia os plantios de eucalipto. No município de Chapadinha, as oligarquias locais (Bacelar e Lyra) que, por tanto tempo, esfalfaram-se em cima dos recursos provenientes dos bancos oficiais para desmatarem áreas de Chapada e de Baixão para plantarem capim e criarem gado, venderiam fácil as suas propriedades para a Suzano Papel e Celulose em vez de repassá-las ao Incra, que regularizaria as famílias de posseiros que habitam, por séculos, essas áreas.

Pelo que se sabe, o Incra paga bem melhor que a Suzano, e os proprietários de Chapadinha que assinaram contratos com a empresa, até hoje, não receberam nada.

http://territorioslivresdobaixoparnaiba.blogspot.com.br/2012/03/o-latifundio-e-o-eucalipto-no-baixo.html

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