Uma reportagem de Carlos Augusto Lima França. Produção MIC e NINJA.
Day: 21 de julho de 2014
Sessão humor no Der Spiegel: “Tatunca Nara: alemão vive na Amazônia e tem até RG que diz que ele é índio”
Alexander Smoltczyk, do Der Spiegel, no UOL
No final dos anos 60, um homem apareceu no Estado do Acre, no meio da região amazônica. Ele usava um pano amarrado sobre os genitais e uma pena, carregava um arco e dizia que era Tatunca Nara, chefe de Ugha Monulala. Ninguém nunca tinha ouvido falar de uma tribo indígena com aquele nome. Além disso, o homem não se parecia em nada com um índio. Ele era branco e falava com um forte sotaque francês.
Ele dizia que tinha herdado o sotaque de sua mãe, explicando que ela era uma freira alemã que havia sido levada pelos índios. Seu povo, segundo ele, vivia em uma cidade subterrânea chamada Akakor, e o alemão era a única língua falada lá – resultado da prole de 2.000 soldados nazistas que viajaram pela Amazônia em submarinos.
Sua história teria deixado as pessoas surpresas em qualquer outro lugar. Mas histórias bizarras não são incomuns na região amazônica, então ninguém deu muita atenção a Tatunca Nara.
Por outro lado, ele era simpático e sua aparição não teria resultado em muita coisa se não tivesse chamado a atenção de Karl Brugger, um correspondente da rede de televisão alemã ARD na época. Ele visitou Tatunca Nara em Manaus e gravou a história em 12 fitas de áudio. (mais…)
MPF/RS pede prazo razoável para demarcação de área quilombola
Comunidade de Mormaça aguarda há nove anos por uma decisão do Incra
O Ministério Público Federal em Passo Fundo (MPF/RS) interpôs recurso de apelação contra sentença judicial que acatou parcialmente os pedidos em ação civil pública ajuizada contra a União e o Incra. Apesar de determinar que os réus deem andamento ao procedimento de identificação e demarcação do território em favor da comunidade quilombola de Mormaça, em Sertão, a Justiça Federal não acolheu o pedido de que fosse fixado o prazo de dois anos para conclusão do procedimento, nem de que a União e o Incra fossem condenados a pagar uma indenização por danos morais coletivos.
A procuradora da República Fernanda Alves de Oliveira argumenta que o procedimento de demarcação tramita há bastante tempo, pois foi aberto em 2005. Atualmente, ele está parado na sede do Incra em Brasília há quase dois anos – e a ordem judicial proferida não impede que, após ser dado andamento ao processo, ele fique novamente parado na próxima fase. “Há evidente e injustificável demora na conclusão do processo de identificação e delimitação do território”, reforça a procuradora, “o que traz severos prejuízos” à comunidade de remanescentes de quilombos de Mormaça, que segue alijada do pleno gozo de todos os seus direitos constitucionalmente assegurados, o que também enseja a condenação ao pagamento de indenização por danos morais coletivos. (mais…)
MST realiza Feira da Reforma Agrária Cícero Guedes no RJ
Nos dias 24 e 25 de julho, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra realiza no Largo da Carioca a V Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes. A feira acontece entre 8h00 e 18h00, e contará com um ato público de abertura no dia 24, às 16h30. Na ocasião, o MST pretende reafirmar junto à sociedade seu compromisso com a produção de alimentos saudáveis no projeto da Reforma Agrária Popular.
Assentados e assentadas de todo o estado do Rio de Janeiro trarão frutas, legumes e verduras para serem comercializados no centro da cidade.
Mas o objetivo da feira não é somente este: no evento, o MST pretende aproximar da cidade a necessidade da realização da Reforma Agrária Popular. Na visão do Movimento, uma das formas de abordar o assunto é através da comida, conectando os camponeses e trabalhadores urbanos.
Mais uma vez, a Feira se dá num contexto de lentidão extrema da Reforma Agrária no Rio de Janeiro e no país. A demora em desapropriar terras improdutivas e estruturar os assentamentos tem relação direta com o aumento da violência no campo. (mais…)
Terra Quilombola do Bacabal (PA) é reconhecida pelo Incra
cpisp – A presidência do Incra publicou hoje portaria de reconhecimento da terra quilombola Bacabal, no município de Salvaterra, localizado na Ilha do Marajó, estado do Pará. Centro de muitos conflitos entre quilombos e grandes fazendeiros, a ilha do Marajó ainda não tinha nenhuma terra quilombola reconhecida pela presidência do Incra. Esta portaria é fundamental para os quilombolas da região, como ressalta Raimundo Hilário, Coordenador Regional da Malungu, região do Salgado:
“Isso para nós é muito importante porque é uma luta que vem de muito tempo. É uma resposta do governo federal, e a notícia caiu do céu, os quilombolas da região estão muito felizes. O mato de Bacabal estava sendo cortado por moto serras, e essa portaria é uma resposta à opressão e ao racismo que sofreram os quilombolas da região do Marajó, resposta para que esse povo possa sobreviver de sua terra, resposta aos grandes fazendeiros que oprimiram o povo quilombola do Marajó”
As 54 famílias que vivem na área de 515,5632 hectares reconhecida pelo Incra tem agora um importante instrumento na luta para exercerem suas atividades sem a intervenção de fazendeiros.
Clique aqui para acessar o texto completo da Portaria de Reconhecimento no Diário Oficial.
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Enviada para Combate Racismo Ambiental por Carolina Bellinger.
MST conquista direito de permanecer na ocupação da Araupel no PR
A Secretaria de Segurança Pública do Paraná mediou a negociação entre o MST e a empresa Araupel para assinar um Termo de Ajustes de Conduta (TAC), até que haja uma decisão judicial sobre a ocupação feita pelo Movimento nas terras sob domínio da empresa.
A ocupação aconteceu na quinta-feira (17/07) e abrange sete alqueires da área da Fazenda Rio das Cobras, no Paraná.
“Essas terras são uma das melhores do Brasil, e a Araupel apenas produz madeira para exportação. Queremos produzir alimentos nessas terras, e por causa das ilegalidades, elas devem sim ser destinadas à Reforma Agrária, para que possamos trabalhar e produzir alimento de qualidade ao povo brasileiro”, explica Antônio Miranda, da Direção Nacional do MST. (mais…)
União e Funai recorrem para não prestar assistência a trabalhadores indígenas em MS
MPF argumentou que eles não deixam de ser indígenas por estarem fora da aldeia original. Justiça negou recurso.
Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul
O Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) acolheu os argumentos do Ministério Público Federal (MPF) e negou recursos da União e da Fundação Nacional do Índio (Funai), em que pretendiam interromper a prestação de serviços de saúde e proteção social a trabalhadores indígenas do distrito Debrasa, em Brasilândia (MS), a 380 km de Campo Grande. O atendimento à comunidade, estimada em até 1500 indígenas, está sendo realizado por força de decisão liminar proferida em ação ajuizada pelo MPF.
A decisão, de 2012, também determinou que a Funai realizasse um estudo para obter maiores informações sobre a comunidade. Atualmente, a Fundação tem encaminhado um servidor para comparecer ao menos três dias por mês à comunidade, para receber as demandas e prestar apoio. A União presta serviço de saúde no local, por meio da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), que também tem cumprido a determinação.
Contudo, tanto Funai quanto União recorreram da decisão, pois o mesmo pedido já havia sido negado anteriormente pela Justiça de Três Lagoas. O argumento usado pela Funai para deixar de prestar os serviços é que a assistência é dada apenas nas aldeias de origem e que a permanência dos índios no distrito é temporária. (mais…)
Milton Nascimento: “Canoa, Canoa”
Canoa, Canoa
Canoa canoa desce
No meio do rio Araguaia desce
No meio da noite alta da floresta
Levando a solidão e a coragem
Dos homens que são
Ava avacanoê
Ava avacanoê
Avacanoeiro prefere as águas
Avacanoeiro prefere o rio
Avacanoeiro prefere os peixes
Avacanoeiro prefere remar
Ava prefere pescar
Ava prefere pescar
Dourado, arraia, grumatá
Piracará, pira-andirá (mais…)
Vagão rosa, para não ser encoxada, por Eliane Brum
por Eliane Brum, El País Brasil
Alô, mulheres. Se pegarem trem ou metrô em São Paulo, prestem atenção às orientações do sistema de som: “Se você estiver com vontade de ser violentada, ou ao menos receber uns apertões na bunda e nos peitos, siga para o vagão comum. Se estiver cansada, introspectiva, teve um dia difícil, está com TPM, vá para o rosa e viaje tranquila”. Uma excelente semana a todas.
Poderia ser uma piada ou um filme de horror futurista. Mas é sério e não é ficção distópica. Na prática, essa é a mensagem do projeto de lei aprovado em 4 de julho pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. De autoria do deputado Jorge Caruso (PMDB), ele cria um vagão exclusivo para mulheres no metrô e nos trens. Algo similar já existe no Rio de Janeiro. A lei poderá ser vetada ou sancionada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), candidato à reeleição, nos próximos dias. Na sexta-feira (18), feministas reuniram-se no centro da capital paulista para um ato em protesto contra a criação do “vagão rosa”.
Não é muito, mas muito estranho mesmo? (mais…)
PB – Trabalhadores sem terra reocupam terra e tomam armas de capangas, em Santa Rita
Gabinete Frei Anastácio, em CPT Nordeste II
Cerca de setenta famílias de trabalhadores rurais sem terra reocuparam, nas primeiras horas de hoje (21), o acampamento 15 de novembro, que fica numa fazenda no distrito de Livramento, em Santa Rita. Quando os trabalhadores chegaram ao local, dois policiais que trabalhavam como capangas da fazenda tentaram impedir que eles entrassem no local. Mas, foram desarmados e expulsos da área.
Segundo o deputado estadual Frei Anastácio, a arma de um eles é um pistola e tem o símbolo da PM paraibana.Ou seja, “é uma arma do estado a serviço da capangagem”, denunciou o deputado. Neste momento,a polícia cercou a área e está tentando recuperar a arma que se encontra com os trabalhadores.Essa é a terceira vez que as famílias ocupam a mesma área. Elas já sofreram dois despejos. O acampamento foi criado no dia 15 de novembro do ano passado. O primeiro despejo aconteceu no dia 15 de janeiro, quando a polícia destruiu toda plantação e barracas montadas pelas 300 famílias de trabalhadores sem terra. O segundo despejo aconteceu em abril. (mais…)