Eles não querem mais diálogo com o estaleiro, que ignora as reivindicações das comunidades impactadas
Any Cometti, Século Diário
Segundo os pescadores, os sedimentos estão sendo espalhados pelo litoral e a área de pesca danificada pelos batelões, tipos de dragas que fazem o trabalho. Os pescadores também alertaram que, em 83 hectares de extensão, a biodiversidade está sendo completamente devastada. Há denúncias, inclusive, de uma mortandade acima do normal de tartarugas, peixes de pedra, moluscos e crustáceos.
Os pescadores relatam, ainda, que se reuniram diversas vezes com a direção da Jurong, “pedindo encarecidamente para ter cuidado com uma ‘laminha’ existente em frente à empresa”, que é o último local de pesca onde se extrai iscas para pescarias de anzol e espinhel e de onde os pescadores pescam os principais peixes para o sustento de suas famílias. Os pescadores, entretanto, mais uma vez, não foram atendidos pela Jurong, que instalou seus batelões em cima da área, o que além de prejudicar as condições ambientais do local, impede a realização da pesca no local.
De acordo com os pescadores, a dragagem tem a finalidade de aprofundar o canal para que o trânsito das embarcações seja possível nas áreas do canal de acesso, bacia de evolução e berços de atracação do estaleiro. Os sedimentos estão sendo transportados até o bota-fora marinho pelos batelões, que impedem a pesca por estarem localizados na área da atividade e, de acordo com os pescadores, esse descarte está sendo feito de forma regular. De acordo com nota divulgada por eles, a dragagem será realizada pelo período de 350 dias, pouco menos de um ano, em turnos de 24 horas ininterruptas, agravando os danos causados à região.
A comunidade afirma que a empresa não dá a mínima importância para a dificuldade pela qual os pescadores passam devido à chegada da própria Jurong em Barra do Riacho e que, por não terem mais a quem recorrer, se reunirão em uma assembleia geral para traçar as medidas enérgicas que serão tomadas contra a empresa do estaleiro.
O sustento das famílias que vivem da pesca está prejudicado, uma vez que os pescadores não tem mais condições de retirar os peixes do mar. Os pescadores afirmam, inclusive, que o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) não está acompanhando a obra.