Jurong: pescadores convocarão assembleia geral por providências em relação à dragagem

Foto: EJA
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Eles não querem mais diálogo com o estaleiro, que ignora as reivindicações das comunidades impactadas

Any Cometti, Século Diário

Os pescadores da Barra do Riacho e da Barra do Sahy, em Aracruz, convocarão uma assembleia geral para que sejam tomadas providências em relação aos prejuízos causados às comunidades impactadas pela dragagem realizada há um mês pelo Estaleiro Jurong de Aracruz (EJA). Além de a empresa não cumprir as condicionantes ambientais impostas em licenciamento e ocupar o espaço dos pescadores, a dragagem de cerca de cinco milhões de metros cúbicos está impedindo a pesca no local.

Segundo os pescadores, os sedimentos estão sendo espalhados pelo litoral e a área de pesca danificada pelos batelões, tipos de dragas que fazem o trabalho. Os pescadores também alertaram que, em 83 hectares de extensão, a biodiversidade está sendo completamente devastada. Há denúncias, inclusive, de uma mortandade acima do normal de tartarugas, peixes de pedra, moluscos e crustáceos. 

Os pescadores relatam, ainda, que se reuniram diversas vezes com a direção da Jurong, “pedindo encarecidamente para ter cuidado com uma ‘laminha’ existente em frente à empresa”, que é o último local de pesca onde se extrai iscas para pescarias de anzol e espinhel e de onde os pescadores pescam os principais peixes para o sustento de suas famílias. Os pescadores, entretanto, mais uma vez, não foram atendidos pela Jurong, que instalou seus batelões em cima da área, o que além de prejudicar as condições ambientais do local, impede a realização da pesca no local.

De acordo com os pescadores, a dragagem tem a finalidade de aprofundar o canal para que o trânsito das embarcações seja possível nas áreas do canal de acesso, bacia de evolução e berços de atracação do estaleiro. Os sedimentos estão sendo transportados até o bota-fora marinho pelos batelões, que impedem a pesca por estarem localizados na área da atividade e, de acordo com os pescadores, esse descarte está sendo feito de forma regular. De acordo com nota divulgada por eles, a dragagem será realizada pelo período de 350 dias, pouco menos de um ano, em turnos de 24 horas ininterruptas, agravando os danos causados à região.

A comunidade afirma que a empresa não dá a mínima importância para a dificuldade pela qual os pescadores passam devido à chegada da própria Jurong em Barra do Riacho e que, por não terem mais a quem recorrer, se reunirão em uma assembleia geral para traçar as medidas enérgicas que serão tomadas contra a empresa do estaleiro.

O sustento das famílias que vivem da pesca está prejudicado, uma vez que os pescadores não tem mais condições de retirar os peixes do mar. Os pescadores afirmam, inclusive, que o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) não está acompanhando a obra.

Desde janeiro de 2012, quando o empreendimento se instalou em Barra do Riacho, os pescadores locais esbarram em dificuldades para realizar suas atividades. A verba de compensação pela área de pesca e pelo ofício perdidos já foi determinada na Justiça, mas ainda não foi oficialmente entregue aos pescadores, devido aos diversos recursos interpostos pela Jurong.

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