A ditadura chilena e sua identificação com o nazismo

Percival Maricato – Jornal GGN

A condenação de policiais e militares chilenos por fornecer propositalmente alimentos inoculados com botulínica a presos políticos, é mais uma confirmação do DNA nazista da ditadura que tomou o poder no Chile anos atrás. A prática escabrosa, altamente emblemática do regime, matou alguns poucos opositores, mas ao que tudo indica só não se generalizou porque não houve tempo.

A intenção dos homens da DINA, o órgão de repressão política, era, sem dúvida, encontrar meios discretos e rápidos de eliminar os presos. A concepção, os métodos, a ideologia eram as mesmas da SS. Talvez não tenha havido tantos campos de concentração, mas nos primeiros meses após a tomada do poder usou-se até o Estádio Nacional para prender opositores. Depois de identificados e liquidados os lideres, os demais, devidamente torturados, foram distribuídos pelas diversas prisões do país. Em alguns lugares liberou-se presos comuns para que os políticos, estudantes, professores, operários, jornalistas etc., tivessem espaços entre as grades.

Os oficiais militares, beneficiados pela imposição legal da hierarquia nas Forças Armadas e possibilidade de portar armas, que paradoxalmente deveriam zelar pela Constituição, comandaram o rompimento não só com qualquer resquício de legalidade mas também com qualquer outro de humanidade, de civilização.

Interessante ainda que acusavam os opositores, que se pautavam pela legalidade, de serem eles potenciais golpistas e bárbaros. E então repetiram o que aconteceu em toda a América Latina, sob a batuta dos EUA, que nem por isso perdeu a pose de pais defensor da democracia e da civilização ocidental. É o que faz até hoje, mantendo bases, armamento e tropas em mais de meia centena de países e invadindo os que são mais desobedientes, agora mais para os lados da Ásia.

Foram tempos tenebrosos para a América Latina e ainda são para diversos outros países.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Carlos.

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