Esses são os últimos versos do poema I-Juca Pirama – aquele que deve morrer – escrito por Gonçalves Dias em 1851. O narrador é um velho Timbira que, em dez cantos, rememora as dramáticas peripécias de um guerreiro tupi que cai prisioneiro e é condenado à morte. Os 484 versos que compõem essa história foram cantados, nesta semana, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) por alunos Guarani, Kaingang e Laklãnõ do Curso de Licenciatura Intercultural Indígena, nas aulas de literatura ministradas por este locutor que vos fala.
– Meninos, eu vi! – concluiu o velho Timbira para eliminar qualquer dúvida.
– Meninos, eu também vi – digo eu, embora o que vi seja difícil de acreditar. Depois da aula, na quarta-feira à noite, na telinha da taba, eu vi, meninos, o Jornal da Noite da Band Bad News. Vi e ouvi. Lá estava Boris Casoy – aquele jornalista que tratou os garis com desprezo – falando merda outra vez. Anunciou que, agora, basta qualquer um se autodeclarar índio para que tenha terra concedida por laudos antropológicos feitos com critérios duvidosos. Achincalhou e desqualificou garis e, agora, índios e antropólogos, fazendo biquinho de chaleira. Isso-é-u-ma-ver-go-nha! (mais…)