O campo precisa da juventude atuando politicamente para transformar a realidade

Imagem: PJR
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Representante da CPT, Plácido Júnior, durante sua fala, ressaltou que um dos maiores inimigos dos camponeses é o estado. “Se nós formos depender do estado e do capital, nós, camponeses, não vamos existir”. Assessor da PJR, Maciel Cover falou sobre a situação da juventude camponesa no Brasil e da atuação do jovem como ser político e social. Confira:

Na CPT

O III Congresso Nacional da Juventude Camponesa seguiu na tarde de ontem, 15, com a assessoria do representante da Comissão Pastoral da Terra (CPT) Plácido Júnior, que trouxe uma análise sobre o olhar histórico e atual da questão agrária, além da discussão sobre a atual situação da distribuição da terra no Brasil, posição da igreja sobre a reforma agrária hoje levando em consideração o estudo da CNBB “Igreja e a questão agrária no início do século XXI” além do representante da PJR, Maciel Cover discutindo o tema: Juventude Camponesa: sujeito social e político.

Em suas falas, Plácido fez observações a respeito do processo de extinção do povo no campo. Segundo ele, um dos maiores inimigos dos camponeses é o estado. “Se nós formos depender do estado e do capital, nós camponeses não vamos existir”.

Plácido enfatiza que o único sujeito social capaz de fazer com que o povo do campo permaneça nas suas raízes é o próprio povo.  “O estado brasileiro historicamente tem aniquilado os camponeses, não podemos confiar em um estado que é anticamponês”, destaca.

Segundo o assessor, o Brasil é o segundo país que mais concentra terra no mundo, ficando atrás apenas do Paraguai. “Na franja do latifúndio cresce o campesinato e as concentrações de terra nas mãos dos grandes, por isso é importante que a juventude camponesa se organize e passe a se mobilizar para garantir a nossa existência e sobrevivência no campo com dignidade”.

 O debate teve continuidade com as intervenções da juventude camponesa. Em seguida, a rede Globo de Pernambuco foi convidada a se retirar do registro da atividade. A juventude anunciou através do grito de ordem “Mídia, fascista, sensacionalista” a retirada dos repórteres de TV.

 Após este ato, o assessor da PJR, Maciel Cover trouxe alguns dados sobre a situação da juventude camponesa no Brasil e atuação do jovem como ser político e social.

 Baseado em dados, Maciel destaca que no Brasil existem 53 milhões de jovens, sendo que oito milhões vivem no campo. Da população do campo uma para quatro pessoas que moram no campo é jovem, desses 2,3 milhões vivem na linha de extrema pobreza. De acordo com Maciel, além destes fatores, o êxodo rural em razão da busca pela escolaridade também é um dado preocupante.

 Maciel comenta que as mulheres são as primeiras a deixar o campo. Segundo ele, a cada ano, 100 mil jovens do Brasil deixam o meio rural para morar na cidade. “Todos esses dados nascem com base no índice de analfabetismo funcional, porém de anafalbetismo absoluto (225 mil jovens não sabem ler e nem escrever) e de um processo falho na educação brasileira”, destaca.

 O assessor também enfatizou a diferença entre o sujeito político e o sujeito social no meio da juventude camponesa. Segundo ele, o primeiro significa a percepção de que é necessário mudar toda a lógica do sistema para transformar a sociedade, enquanto o segundo representa a percepção da existência de outros sujeitos e das pautas e lutas para melhorar a vida individual de cada pessoa.

 Com base nesses dois elementos, Maciel enfatiza que a PJR e movimentos sociais tem conseguido garantir a visibilidade do jovem nas organizações, fazendo-os se sentir parte do processo de luta de classes por meio da realização de congressos e atividades planejadas dentro das bases das organizações.

 Debate Coletivo

 Durante a mesa de debate exposta nesta assessoria, o jovem camponês de Santa Catarina, Maicon Perdesseti, destacou outros elementos que tem feito à juventude sair do campo. Segundo Maicon, há três pontos fundamentais a serem tratados no tema da susseção da agricultura camponesa, que são: A renda, educação e a cultura.

 Maicon explica que precisa-se trabalhar a divisão da renda familiar para o jovem permanecer no campo. Além disso, ele destaca que é necessário entender a cultura dos pais para não culpa-los e sim, entender a lógica do capitalismo quando se fala em renda. Com isso também, o jovem reforça que a educação no campo é fundamental nesse processo.

 As contribuições sobre este assunto também foram consideradas por jovens de outros estados. Após o compartilhamento das experiências da juventude camponesa, o congresso teve andamento com a preparação da noite cultural em especial, a expectativa pela apresentação do músico Pedro Munhoz.

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