José Maria Tomazela – O Estado de S. Paulo
A persistência do conflito entre brancos e índios pelo desaparecimento de três homens na reserva tenharim-marmelos há 20 dias pode deixar crianças e jovens indígenas sem aulas no início do ano escolar, em Humaitá, sul do Amazonas. O calendário de 2014 foi adiantado em razão da Copa e o ano letivo começa em menos de um mês. De acordo com Ivanildo Tenharim, representante da etnia e coordenador de Educação Escolar Indígena em Humaitá, mais de trinta professores índios que atuam nas 13 escolas indígenas do município terão de passar por um curso de capacitação na cidade antes do início das aulas.
Após o conflito que resultou na destruição das instalações indígenas na cidade e na entrada das aldeias, os índios permanecem confinados na reserva, o mesmo ocorrendo com os professores. “Além da falta de alimentação e de atendimento médico, essa é a questão que mais nos preocupa”, disse Ivanildo. Segundo ele, as aldeias estão num processo de integração escolar que não pode ser interrompido. “Levamos muito tempo para chegar ao estágio atual e agora tudo depende da educação.” No final de janeiro, seria realizada uma oficina pedagógica para professores que atendem, além dos tenharim, outros povos, como os parintintins, apurinã, tora, mura e manducuru, mas já foi cancelada.
Ivanildo, que desde o início negou a participação dos índios no desaparecimento dos três brancos, disse que os tenharins valorizam a língua materna, os costumes e a cultura. “Não somos a causa dessa revolta, mas estamos sofrendo as consequências. Esperamos que a polícia forneça logo as respostas que a população espera para voltarmos à vida normal.” A questão escolar foi levada à Fundação Nacional do Índio (Funai). Segundo ele, o órgão está envolvido com o atendimento de necessidades mais imediatas dos indígenas, como alimentação, atendimento médico e segurança. (mais…)
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