A defesa do meio ambiente é uma bandeira difusa no mundo político brasileiro. Governantes e parlamentares que se definem como ambientalistas não se sentem obrigados a demonstrar, no dia a dia de suas atividades, envolvimento direto com a causa.
Por Daniel Bramatti do O Estado de S.Paulo
Alguém definiria como “verdes” os senadores Fernando Collor (PTB-AL) e Romero Jucá (PMDB-RR)? Ou as deputadas Elcione Barbalho (PMDB-PA) e Jandira Feghali (PC do B-RJ)? Pois são todos integrantes da chamada Frente Parlamentar Ambientalista, uma das maiores bancadas temáticas do Congresso. Nada menos que 175 deputados e 11 senadores integram o grupo, criado em 2011 e coordenado por Sarney Filho (PV-MA). Quase um terço do Congresso, portanto. Estão lá parlamentares de 20 partidos, do DEM ao PSOL, do PT ao PSDB.
Mas esse grupo atua, na prática, como uma bancada? A resposta é não. E isso fica claro a partir de análises feitas com o Basômetro – ferramenta online desenvolvida pelo Estadão Dados que mostra o comportamento de indivíduos e partidos nas votações realizadas na Câmara e no Senado.
Os dados mostram que os autoproclamados ambientalistas não apresentam um padrão similar de votação, nem mesmo quando o projeto em questão está diretamente relacionado ao meio ambiente. O exemplo maior é o do Código Florestal. Em abril de 2012, a maioria dos parlamentares da Frente Ambientalista se alinhou aos ruralistas na tentativa de derrubar o projeto do governo nas votações ocorridas na Câmara.
O fato é que as divergências entre ambientalistas e ruralistas, tão frequentes e acirradas no mundo das ONGs e entidades representativas, não se manifestam da mesma maneira no Congresso. Isso só poderia acontecer se parlamentares tivessem dupla personalidade. Afinal, 107 deputados integram tanto a Frente Parlamentar Ambientalista quanto a Frente Parlamentar da Agropecuária – nome oficial da bancada ruralista.
Não à Reforma agrária brasileira, o elo entre ruralistas e ONGs ambientalistas…