TJ suspende promoção de juíza que atuou na prisão de menina mantida 26 dias em cela com 30 homens no Pará

Juíza Clarice Maria de Andrade
Juíza Clarice Maria de Andrade

Clarice Maria de Andrade ia assumir vara de Crimes contra Criança e Adolescentes. Magistrada era juíza de Abaetetuba quando jovem foi presa com homens.

G1 PA

O Tribunal de Justiça do Estado do Pará suspendeu a promoção da juíza Clarice Maria de Andrade. Na última quarta-feira (2), Clarice – que atuava na comarca de Abaetetuba em 2007, quando uma adolescente de 15 anos foi presa com homens – havia sido promovida pelo tribunal para assumir a Vara de Crimes contra Crianças e Adolescentes de Belém.  O G1 tentou contato com a juíza, mas não foi atendido.

A promoção foi questionada pela Comissão de Direitos Humanos da OAB do Pará nesta quinta-feira (3) e, após o questionamento,  o TJ reviu a decisão. A magistrada havia sido punida pelo Conselho Nacional Justiça(CNJ) com aposentadoria compulsória em 2010 após ter sido considerada omissa na prisão da adolescente, mas recorreu e conseguiu o direito de voltar a exercer a profissão em 2012 após o STF avaliar que a pena havia sido rigorosa.

Segundo o Tribunal de Justiça do Pará, a suspensão da promoção da juíza aconteceu por conta do processo administrativo disciplinar movido pelo CNJ em 2009, por conta da conduta da magistrada durante a prisão da jovem no nordeste do estado. O Tribunal informou, em nota, que todo o processo de promoção de magistrados obedece a critérios objetivos, previstos em resolução do CNJ.

Antes da suspensão, o Tribunal havia considerado Clarice Maria de Andrade a mais apta dos 13 candidatos ao cargo. Em despacho da desembargadora Luzia Nadja Guimarães Nascimento, o critério utilizado para definir a promoção foi o “merecimento”.

nomeação da juíza

Entenda o caso

A adolescente L. tinha 15 anos quando foi presa em uma cela com homens no município de Abaetetubax, nordeste do Pará, entre os meses de outubro e novembro de 2007. O caso foi denunciado pelo Conselho Tutelar do Município, que resgatou a jovem da carceragem.

Cinco delegados foram afastados pelo envolvimento na prisão da adolescente, incluindo o delegado geral do Pará na época, Raimundo Benassuly, que foi convocado pela CPI carcerária para depor e insinuou que a jovem teria “problemas mentais” por não ter informado ser menor de idade. Após o incidente, Benassuly deixou o cargo.

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