Acampamento Mário Lago comemora 10 anos de luta contra o agronegócio

Guy Zurkinden, da Página do MST

No último domingo (25), o Acampamento Mário Lago, no município de Riachuelo (SE), esteve em festa. As 92 famílias do acampamento comemoraram uma longa jornada de lutas e conquistas.

Há dez anos, no dia 15 de Julho de 2003, 650 famílias Sem Terra montavam um acampamento dentro do perímetro irrigado Jacarecica II. Situado na bacia do Rio Jacarecica, o perímetro estava originalmente destinado a pequenos agricultores para a fruticultura. 

A ocupação do MST, no entanto, denunciava a entrega desses lotes a fazendeiros e grandes empresários pelo governo do estado de Sergipe, liderado na época pelo governador Albano Franco (PSDB).

Segundo Marcos André de Lima, mais conhecido como “Camaleão” e integrante da direção estadual do MST e coordenador do Acampamento Mario Lago, “os empresários presentes na região só tem como finalidade a monocultura de cana-de-açúcar. Isso está virando uma epidemia.”

As famílias Sem Terra enfrentaram uma forte repressão, sofrendo nove despejos. Apesar das dificuldades, 92 famílias seguem no Mario Lago, firmes na luta. O projeto Jacarecica II conta com outros três acampamentos: Santa Maria, Nova Escuta, e uma parte do acampamento Zumbi dos Palmares (fazenda Tingui).

No mês de julho deste ano, o MST ocupou a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos do Estado de Sergipe (Cohidro), onde teve uma importante conquista: a terra vai ser repassada ao governo federal para que ele faça o assentamento das famílias.

Apesar dessa conquista, a situação do acampamento Zumbi dos Palmares – o mais antigo do estado de Sergipe com 17 anos de ocupação – segue preocupante. “As 220 famílias da Tingui têm uma produção de alimentos muito grande, mas estão ameaçadas de despejo pelo Poder Judiciário. Estamos lutando contra esta grande injustiça”, disse Marcos.

Para ele, a festa do Acampamento Mario Lago representou todas as famílias acampadas no perímetro. “A festa foi comemorada por todos os companheiros. Valeu a pena esperar 10 anos de luta e sofrimento, porque agora tem um horizonte de esperança para que a vida de cada um seja mais feliz.”

A festa de comemoração começou às 5h da manhã, ao contar com um culto religioso, uma missa e um ato político. A tarde, tiveram a apresentação de várias bandas de música.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Carlos.

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.