Um mundo inesperado e indispensável em Brejinho

Mayron Régis – Territórios Livres do Baixo Parnaíba

Alguém adentra àquela propriedade e pergunta-se que mundo é aquele. Um mundo inesperado e indispensável. Ele se desfizera de alguns minutos da sua vida. Nada que fizesse muita falta ou que fizesse alguém perder o humor. A sua ida ao povoado de Brejinho, município de Buriti, naquela manhã de quarta-feira, revestia-se de incertezas pelas razões de sempre. Aconselhara-se com o Vicente, morador de Carrancas, sobre que comunidades se disporiam a receber projetos.

O nome Brejinho ressoava em sua mente desde que Alex Motta contara parte da história de conflitos da comunidade. A comunidade de Brejinho, como grande parte das comunidades do Baixo Parnaíba maranhense, vive sobressaltada. O Vicente e o João, em uma visita anterior, foram recebidos com desconfiança quando perguntaram à filha do senhor Raimundo Jô sobre seu pai. Explicaram o que queriam e só assim ela respondeu onde ele estava. A filha desconfiara do Vicente e do João porque a polícia prendera seu pai e seu avô a partir de uma denúncia de crime ambiental formalizada pelo pretenso proprietário da área. Eles passaram uma noite na cadeia e só saíram depois que pagaram R$600 de fiança.   

Arrumou a saída com o Vicente para logo que o sol fulgurasse. Iria a Brejinho e depois iria a Santa Luzia. Vicente chamou o João para levá-lo. Eles tomaram um caminho indicado por um morador na garantia de que seria mais rápido. Lembrara-se do que Vicente comentou sobre sua ida a Brejinho: “Erramos o caminho e fomos parar justamente na casa do sujeito que humilha os moradores. Continuamos a trilha e um dos moradores achou curioso por havermos errado.” Dessa vez acertaram em cheio. As casas se situam num baixo encarecido por inúmeros buritizeiros. As águas do brejo caem no rio Munim.

O senhor Raimundo Jô pediu à esposa um café para as visitas e soltou a conversa sobre os 360 hectares. A disputa se dava entre o seu grupo e dois irmãos por uma área de baixo. Um deles correra para o Iterma em São Luis e descobrira que nenhum documento constava sobre aquela terra. Afora os dois irmãos que brigam com a comunidade pelo baixo, um senhor chamado Pedrão, plantador de soja, jura que a Chapada pertence a ele.

Jura sem apresentar nenhum documento que comprove o que fala.

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