Enfrentamento ao racismo é discutido no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios

O tema foi abordado pela segunda vez no TJDFT, dentro do projeto "Em dia com a história”, da Escola de Administração Judiciária
O tema foi abordado pela segunda vez no TJDFT, dentro do projeto “Em dia com a história”, da Escola de Administração Judiciária

Workshop ministrado pelo assessor especial da SEPPIR, Edson Cardoso, discute o tema dentro do projeto “Em dia com a história”, da Escola de Administração Judiciária

SEPPIR – “As responsabilidades coletivas no enfrentamento ao racismo”. Esse foi o tema do workshop ministrado, nesta quinta-feira, 01, entre 8h e 16h, no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), pelo professor Edson Cardoso, assessor especial da ministra Luiza Bairros, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR).

Foi a segunda vez que ele abordou a questão no TJDFT, dentro do projeto “Em dia com a história”, realizado no âmbito do Instituto Ministro Luiz Vicente Cernicchiaro, da Escola de Administração Judiciária. A primeira aconteceu ainda em 2012, por ocasião do 20 de Novembro, Dia da Consciência Negra, quando foi recebido pelo desembargador George Lopes Leite, diretor do Instituto e pela secretária da entidade, Arlete Garcia Rodrigues.

“Em dia com a história” tem como objetivo promover a reflexão e estimular o pensamento crítico, a partir da realização de palestras relacionadas a datas comemorativas do calendário nacional ou internacional”, explica a subsecretária de Desenvolvimento de Competências de Servidores, Lília Rosa Tricarico. De acordo com ela, a fala do professor causou tanto impacto no público, que muitos participantes solicitaram a volta dele. “Oportunidade que aconteceu agora”, diz.

“Fiz a palestra no ano passado e o workshop já é um segundo momento. O que mostra que as instituições se abrem para a discussão da temática racial”, diz Edson Cardoso. Para ele, falar para funcionários de um tribunal é ainda mais significativo. “Eles estão muito próximos da população”, completa.

Em sua fala, o professor alertou para o perigo da hierarquização da diversidade, que não possibilitaria a igualdade de oportunidades. “É um padrão mental arraigado, por exemplo, esperar que uma mulher negra seja doméstica”.

Para ele, esse comportamento deve ser enfrentado. “O Brasil é rico em diversidade. Mas temos que lutar para assegurar o pluralismo. O que pode ser feito com o combate a ideologias como o racismo e o sexismo”, exemplifica.

Negros no judiciário

Para o técnico judiciário, Eliézer Pereira Silva, o tribunal é um espaço com pouca presença de negros em cargo de comando. “No entanto, eles são a maioria no público atendido pelo órgão”, diz. Pereira acredita que o workshop ajuda a sistematizar as informações e, a partir disso, faz com que os servidores procurem seguir uma linha de raciocínio para lidar com a questão. “O professor fala o que a gente, na verdade, sabe que existe”, afirma.

A assistente social Vera Muniz concorda com o colega e questiona a falta de preparo dos servidores do judiciário para lidar com a diversidade social brasileira e atender o público do TJDFT. “A minha maior preocupação é com o racismo institucional. Não temos o olhar nos recortes racial e de renda para lidar com a clientela, na maior parte composta por pessoas negras”, alerta.

Ela diz que o TJDFT atende todo o Distrito Federal, incluindo pessoas de alto poder aquisitivo e de baixa renda. “Mas a abordagem é igual. É desumano não considerar a condição de vida de cada um na hora, por exemplo, de decidir pela guarda de uma criança”.

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