Rio perdeu o pudor de adotar o terrorismo de Estado como política pública

Leonardo Sakamoto

O governo do Estado do Rio de Janeiro enlouqueceu. Não há outra forma de descrever o comportamento de suas forças de segurança nas últimas semanas. E olha que quem escreve é um morador de São Paulo, que possui uma das polícias mais meigas do país. Não estou surpreso com a violência desmesurada ou com o pouco respeito à vida e à dignidade, mas pelo fato do governo ter perdido o pudor e não se preocupar mais em esconder as besteiras que faz.

Primeiro, a selvageria contra manifestantes que marchavam em paz no Centro da capital carioca sem nenhum constrangimento, ignorando que o comportamento de um grupo de idiotas não pode justificar o tratamento ignóbil dispensado à imensa maioria pacífica. Os policiais não atuavam entre os que causavam danos ao patrimônio público, mas intimidavam ostensivamente qualquer um que não estivesse em casa vendo a novela. Isso sem contar as bombas de gás, balas de borracha e spray de pimenta lançados contra quem protestava pacificamente próximo ao estádio do Maracanã.

Somado a isso, o pânico provocado no Complexo da Maré com a operação que deixou, pelo menos, dez mortos – inclusive um policial. Supostamente, em busca de supostos responsáveis por um arrastão e, depois em clara vingança pela morte de um sargento, a força pública esculachou moradores, invadiu casas, abusou da autoridade, enfim. Centenas se reuniram para protestar contra a presença do Bope na favela e a própria polícia – pasmem – reconheceu que inocentes foram mortos. (mais…)

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As elites vândalas, a imprensa baderneira e os policiais bandidos

Alceu Luís Castilho* – Outro Brasil

Vejam qualquer edição do Jornal Nacional, neste junho de 2013. E contem quantas vezes Wiilliam Bonner repete as palavras “vândalos” e “baderneiros”. Mas também “bandidos”. Observem como quase não há variações: vândalos, baderneiros, bandidos. Vândalos. Baderneiros. Baderneiros, bandidos, vândalos. E como ele fala com ênfase, como se estivesse falando de figuras que ali sempre estiveram. Personagens de todos os dias nas ruas e nos jornais, como “políticos”, “administradores”, “vendedores”, “donas de casa” etc. Os vândalos. Os baderneiros.

Esses terríveis vilões. Figuras pré-existentes, velhos conhecidos do apresentador, adormecidos desprezíveis que só estavam aguardando a hora para ir às ruas e “depredar”. Bonner só estava à espera dessa massa. Conhece-os todos, há tempos, já os mapeou. Com eles a Globo explica a história do Brasil e as convulsões sociais, a questão urbana e a lógica das multidões, a primavera e o cansaço, a revolta e o transbordamento. A política e a ética, a rua e a ordem. A partir deles o apresentador se sente mais justo, mais cidadão, mais honrado, mais Bonner.

Bonner precisa dos baderneiros e vândalos para sua narrativa. Sem eles, como ficaria? Órfão. Num mundo pré-baderna, pré-vandalismo: o horror. Mas é preciso notar uma extrema coincidência nessa narrativa de Bonner: os vândalos e baderneiros são sempre gente do povo. Nenhum deles usa terno e gravata! Não ficamos sabendo de nenhum vândalo do colarinho branco, nenhuma pessoa jurídica que seja baderneira. Bonner olha com desprezo para aquelas figuras frenéticas (sinistras, pensa ele) e sentencia: “Esses… esses bandidos!” (mais…)

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CE – Entidades denunciam “higienização social”

Thatiany Nascimento – O Estado

Cerca de 30 moradores de rua foram recolhidos, compulsoriamente, na Beira Mar e em logradouros públicos, no Centro de Fortaleza, desde o dia 14 deste mês, e levados para locais desconhecidos.

A denúncia, feita pela representação local do Movimento Nacional da População de Rua do Ceará, segue sendo apurada pelo Núcleo de Direitos Humanos e Ações Coletivas (NDHAC) da Defensoria Pública do Ceará. Segundo as acusações, na ação irregular de higienização social, que ocorre durante a madrugada, os supostos responsáveis utilizam fardas do Exército. A instituição, integrante das Forças Armadas, diz desconhecer o fato e nega qualquer participação nos atos.

As ações, conforme o coordenador do Movimento da População de Rua, Marcelo Conde, ocorreram na Av. Tristão Gonçalves, nas proximidades da Estação de Metrô; onde 20 moradores foram recolhidos; na Praça da Sé; com cinco recolhimentos; e na Beira Mar, onde houve quatro ocorrências. Na Praça José de Alencar, segundo Marcelo, também foram registradas irregularidades, porém, os demais moradores, que alegaram ter fugido durante o procedimento, não conseguiram mensurar quantas pessoas foram levadas. (mais…)

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Dilma, o povo não está para brincadeiras

Correio da Cidadania – O governo Dilma parece ter muita dificuldade para entender a gravidade da crise social instalada, abusa da paciência do povo e duvida da inteligência da juventude. As cinco providências anunciadas com pompa e circunstância revelam o total despreparo da ordem estabelecida para responder às demandas postas pelas gigantescas manifestações que clamam por igualdade substantiva e seriedade no uso dos recursos públicos.

As propostas para resolver os problemas da saúde, transporte e educação ignoram o problema central que emperra o gasto em serviços sociais: a pesada carga que representam as despesas com juros e amortização da dívida pública das três esferas de governo. Para enfrentar a reivindicação das ruas, já seria um primeiro passo anunciar a renegociação da dívida da União com os estados e municípios e revogar a Lei de Responsabilidade Fiscal. Enquanto o gasto social funcionar como variável de ajuste das contas públicas, não haverá recursos para educação, saúde e transporte. No entanto, ao reafirmar o compromisso com a geração de mega superávits primários, o governo insiste em priorizar os banqueiros e a plutocracia. A presidente parece ter ouvidos moucos, o povo pede exatamente o contrário. (mais…)

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Rede Globo, o povo não é bobo

Plínio de Arruda Sampaio Jr.* – Correio da Cidadania

Assustada com as mobilizações populares que romperam duas décadas de marasmo político e letargia social, após um momento de perplexidade e desorientação, a ordem estabelecida deu uma primeira resposta à revolta social que toma conta do Brasil. Seu ponto de vista aparece na estética e no discurso da grande mídia falada e escrita. Não por acaso, as grandes redes de televisão tornaram-se um dos alvos preferenciais da fúria popular, ao lado de outros símbolos do poder burguês e da modernidade fútil – os prédios públicos, os bancos, as concessionárias de automóveis.

Por representar o que há de mais comprometido com o capitalismo selvagem, a perspectiva da Rede Globo é emblemática de como a plutocracia enxerga as mobilizações populares que ameaçam seus privilégios seculares. As imagens da Rede Globo são quase que invariavelmente feitas a partir de duas perspectivas: do alto das coberturas dos prédios e dos helicópteros ou atrás da tropa de choque. É uma metáfora de como a burguesia lida com o conflito social: distante dos problemas da população e em oposição frontal a quem luta por direitos coletivos.

Preocupados com a possibilidade de que a revolta popular se transforme numa revolução política, a grande mídia martela dia e noite palavras de ordens que têm como objetivo neutralizar o potencial subversivo das ruas. No “fim da história”, as rebeliões não podem ter causa. Daí a insistência em instrumentalizar a ira contra os partidos da ordem – PT, PSDB, PMDB, PSB, etc. – para estigmatizar todo e qualquer partido e para banir toda e qualquer bandeira política que possa dar um horizonte revolucionário à energia humana que brota de baixo para cima. (mais…)

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Muito Grave! Assessor do Prefeito de Belém (Zenaldo Coutinho, PSDB) se infiltra em manifestações de rua e prega o extermínio de militantes de esquerda

Wolfgang 1

“Nós deveríamos matar todo o resto dos comunistas“.
“Nós deveríamos matar todo o resto dos comunistas“.

Ponto de Pauta

O oficial militar Wolfgang Endemann, assessor do gabinete do prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho (PSDB), em meio à onda de protestos por garantia e ampliação de direitos sociais que movimentou a capital paraense nessas últimas semanas, resolveu usar os seus perfis no facebook e twitter para ameaçar com morte ativistas que saíram às ruas para se manifestar.

Em uma de suas postagens o militar escreveu: “Morte aos petralhas e comunistas. Nós deveríamos matar todo o resto dos comunistas. Ainda estou filmando uns vermelhinhos pra mostrar prá PM. Filmei tudo. Vou caçar esses FDP. Essa estrela vai brilhar na cadeia ou no caixão, vagabundo”, disse.

Em outro diálogo, o oficial descreve sobre o alvo de suas ações:

Nardye Sena: “Meu amigo pra não falarem que estou sendo cruel com eles… me diga você que estava lá, de onde esses vermes são? de que partido ou tendência?”, comentou.

Wolfgang Endemann: “PSTU, PSOL, PCdoB, PT, e anárquicos punks”.

Nardye Sena: “Não fiquei surpreso! São sempre os mesmo! Tá na hora de trocar as balas de borracha por de chumbo revestidas de cobre”, ameaçou.

Essa não é a primeira vez que o militar incita a violência contra segmentos sociais, em seu perfil. Também constam declarações intolerantes de caráter xenófobas, machistas, racistas e preconceituosas. Algumas dessas declarações foram “printadas” e circulam nas redes sociais. (mais…)

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