Por Leonêncio Nossa
Em momentos de barbárie do Estado, político muda de nome, troca de papel ou se esconde. Isso ocorreu agora, com a morte de Oziel Gabriel, um índio terena de Mato Grosso do Sul, durante uma ação comandada pela Polícia Federal. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, apareceu como o homem que dá a ordem para investigar o caso. Por ter a polícia sob seu comando, Cardozo deveria estar no papel de investigado.
A colega dele no governo, a ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, até o momento não usou seus 140 caracteres no Twitter ou o espaço em qualquer outro blog da rede social para repudiar a morte do índio ou curtir quem postou foto ou mensagem de revolta. Talvez porque ela responde pelo “Ministério” do Bolsa Família. Talvez porque um conflito sangrento entre agentes armados com potentes armas de fogo e civis apenas com pedras, flechas e velhas garruchas não seja, necessariamente, uma questão de direitos humanos.
Mas os governistas não precisam se preocupar. Quando alguém fala das ações violentas da Polícia Federal nos garimpos do Sul do Pará nos anos 1990 ninguém lembra quem era o ministro da Justiça ou o secretário de Direitos Humanos da época. Na verdade, nunca alguém fala desses conflitos perdidos na história. (mais…)