Indígenas reivindicam mais respeito às suas questões. Marcos Terena, do Comitê Intertribal, pediu mais participação na vida política do país
O Fórum Social realizado na manhã deste domingo (21), durante o Festival Nacional da Cultura Indígena, em Bertioga, debateu política. Os índios das cinco etnias que participam do evento tiveram vez e voz e reclamaram da forma como os governos tratam as questões indígenas e como desmerecem suas culturas.
Um exemplo foi dado por Vladmir Rodiporo Kanela, que cursa o segundo ano do curso de Magistério e ainda está estudando para um concurso para professor. “Levamos nossa tora para o Senado e não deixaram a gente entrar”, contou, indignado, lembrando uma ocasião em que seu povo foi até o Senado para reivindicar melhorias para a tribo.
Segundo ele, os seguranças não deixaram que entrassem carregando a tora, que é um símbolo e um instrumento para o esporte, conhecido como corrida de tora. “A tora é a representação do cerrado, que temos que defender. Amamos a bandeira do Brasil, mas o cerrado também é nossa bandeira”, falou Vladmir, que foi aplaudido pelos parentes, como os indígenas se tratam.
O representante do Comitê Intertribal – Memória e Ciência Indígena, organizador do evento em parceria com a Prefeitura de Bertioga, Marcos Terena, provocou os indígenas a participarem ainda mais da vida política no Brasil. “Ano que vem tem eleição, muitos de vocês votam, mas votam em brancos, vamos votar em índios”, pediu. Terena ainda lembrou que vários grupos sociais têm representantes no Congresso Nacional, como negros, homossexuais e pastores. “Mas não temos índios nos representando”.
Terena também lembrou que há 30 anos, desde a eleição do Xavante Mário Juruna, o Brasil não conta com representante índio. “Depois que ele morreu, não apareceu mais nenhum representante indígena. Temos que mudar isso”. Juruna foi eleito deputado federal em 1983, pelo Rio de Janeiro, e foi o responsável pela criação da Comissão Permanente do Índio no Congresso Nacional. Não conseguiu se reeleger em 1986, mas continuou ativo na política por vários anos. Morreu em 2002, em virtude de complicações da diabetes.
Encerramento
Cinco etnias participam do Festival: Nambikwara, Paresi halíti e Waurá, do Mato Grosso; Kanela Rãmkakomekra, do Maranhão; e os anfitriões Guarani, da Aldeia Rio Silveira. O evento é realizado pela Prefeitura de Bertioga, em parceria com o Comitê Intertribal – Memória e Ciência Indígena, sediado em Brasília e encerra neste domingo, às 18h.
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Compartilhado por Sonia Mariza Martuscelli.