‘A Comissão da Verdade tem obrigação de ouvir todos os militares’

Por Gabriel Brito e Valéria Nader, do Correio da Cidadania

Retomando suas discussões sobre o andamento da Comissão Nacional da Verdade, o Correio da Cidadania entrevistou o jornalista Pedro Estevam Pomar, membro do Comitê Paulista pela Verdade, Memória e Justiça. Pomar retoma o processo que deu origem à Comissão da Verdade, desde a avaliação dos membros escolhidos para compô-la até o prazo definido para os trabalhos e o período a ser investigado.

Outro ponto que se procurou averiguar, agora que a Comissão já está em vigor há alguns meses, foi a efetividade de seus trabalhos e a participação dos envolvidos, familiares e militares. A despeito de considerar que tem havido avanços no processo, que vem dando voz a parentes de vítimas e àqueles que foram perseguidos e torturados nos anos de chumbo, o jornalista é assertivo em afirmar que ainda há um longo caminho a percorrer para intensificar a participação popular e o clamor social em torno à tão esperada Comissão.

Pomar acredita na possibilidade de instalação de processos criminais, mas alerta para o grave risco de não se culpabilizarem os generais, caso os militares não sejam todos ouvidos, desde as mais altas até as mais baixas patentes. Advoga, ainda, o jornalista pela revogação da Lei de Anistia. Assista, a seguir, à entrevista concedida ao Correio da Cidadania. (mais…)

Ler Mais

Discurso da Cacique Paraí, da TI Morro dos Cavalos, na Assembleia Legislativa de SC, em 03/04/2013

“Quero agradecer primeiramente a nhanderu ete nhande xy ete, pela oportunidade de poder estar aqui. Agradeço à casa e aos excelentíssimos deputados aqui presente por abrir as portas para ouvir nossas palavras e os nossos argumentos sobre a situação que estamos vivendo no momento decorrente do processo de demarcação de nossa terra.

Sou Paraí, cacique da TI Morro dos Cavalos /Itaty, localizada no município de Palhoça, nesse estado, com uma superfície de 1988 hectares, que conta atualmente com uma população de 39 famílias e mais de 200 pessoas do povo Guarani.

Primeiramente quero trazer ao conhecimento e denunciar aos senhores os ataques que a comunidade indígena vem sofrendo por conta do processo demarcatório de nossa terra. No momento que o processo de demarcação encontra-se em sua fase final, em que, finalmente, poderemos ocupar a terra deixada por nossos avós, estamos sendo alvos de inúmeros ataques de racismo e preconceitos. São pessoas e instituição que dizem representar os moradores da região da Enseada do Brito que colocam em questão nossa identidade indígena, nosso direito sobre terra e a nossa relação com o meio ambiente. Criam fantasias na cabeça das pessoas dizendo que vamos cortar a água, que a terra vai ser ocupada por pessoas vindas de outros países, que somos contra a duplicação da BR 101. (mais…)

Ler Mais

Marinha oferece casinhas para remover comunidade do Quilombo de Rio dos Macacos

A bondade da Marinha, na notícia: “Disposta a investir mais de R$ 3 milhões, a União pretende resolver de forma amigável o impasse, deixando de lado as convicções de órgãos federais”. Quais convicções??? TP.

Alexandro Mota – Correio

Posseiros: aqueles que se encontram na posse clandestina ou ilegítima de terras particulares. Quilombolas: comunidade descendente de africanos escravizados que mantêm tradições culturais ao longo dos séculos.

Essa poderia ser uma discussão semântica, se não fosse uma briga judicial que vai completar quatro anos entre a Marinha do Brasil e moradores do local que ficou conhecido com quilombo Rio dos Macacos, município de Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador. (mais…)

Ler Mais

Biografia recupera a história pessoal e política de Carlos Marighella

Ex-deputado e guerrilheiro era o inimigo número um da ditadura

Carlos Herculano Lopes – EM Cultura

Desde a sua morte em 4 de novembro de 1969, quando caiu com o corpo crivado de balas numa rua de São Paulo, durante operação comandada pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, que a vida e trajetória política do ex-deputado e guerrilheiro Carlos Marighella tem sido motivo de pesquisas e de interesse por parte de historiadores. De todos os trabalhos lançados até agora, o mais completo é o recente Marighella, o guerrilheiro que incendiou o mundo, do jornalista Mário Magalhães, que está chegando aos 30 mil exemplares vendidos. Para falar sobre a trajetória do personagem, que foi o fundador da Ação Libertadora Nacional (ALN), maior grupo armado de oposição à ditadura civil-militar de 1964, ele esteve esta semana em Belo Horizonte, a convite da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Nascido no Rio e com passagem  por redações de vários jornais, Mário Magalhães, que precisou de nove anos de dedicação até ver o livro pronto, não esconde sua admiração pelo homem Carlos Marighella. “A vida dele, desde os tempos de menino pobre em Salvador, até a sua morte, foi fundamentalmente uma vida de ação”, disse em entrevista ao Pensar.

Carlos Marighella é um homem que hoje, 44 anos depois de sua morte, está mitificado tanto pela direita como pela esquerda. Como surgiu a ideia de escrever a sua biografia?

Nasci na primeira semana de abril de 1964, no auge do golpe militar, e esse é um episódio da história do Brasil, com todos os seus desdobramentos, que sempre me interessou. Além do mais, sempre fui fascinado pelo jornalismo e pelo seu gênero mais nobre, que é a reportagem. Quando estava com 39 anos, e trabalhava como repórter da Folha de S. Paulo, me veio uma vontade muito grande de, antes de chegar aos 40, mergulhar numa reportagem, sem prazo para terminá-la, como exige a redação de um jornal. Foi quando me veio a ideia de escrever sobre Carlos Marighella, pelo fato de que, gostando-se ou não dele, é impossível ficar indiferente à vida frenética e trepidante que ele teve. (mais…)

Ler Mais

Mortes durante a ditadura militar vão ter reconstituição

Editoria de Arte/Folhapress

Matheus Leitão e João Carlos Magalhães – Folha/UOL

A Comissão da Verdade vai reconstituir ao menos oito mortes de opositores da ditadura militar (1964-1985) para tentar desmontar versões de suicídio ou resistência armada divulgadas à época.

O objetivo é testar as explicações contidas nos laudos produzidos pelo regime com técnicas periciais atuais, que serão operadas por especialistas contratados pelo Comissão –grupo responsável por, até maio do ano que vem, investigar e narrar todas as violações aos direitos humanos cometidas na ditadura.

Após o trabalho dos peritos, a Comissão poderá pedir à Justiça a retificação das certidões de óbito, o que foi feito para João Batista Drummond e Vladimir Herzog.

Folha apurou que um dos casos a ser reconstituído é o de Arnaldo Cardoso Rocha, da Ação Libertadora Nacional (ALN), morto em 1973. Segundo a versão oficial, Arnaldo teria reagido a tiros contra voz de prisão dada por policiais e sido morto na Penha, em São Paulo. Mas, na década de 1980, uma criança que morava na rua contrariou essa versão e disse que o viu cair ao ser perseguido e depois ser levado em um carro verde. O laudo necroscópico indica que ele recebeu sete tiros. (mais…)

Ler Mais

Morre o compositor, cantor e instrumentista Marku Ribas

Por Lucas Nobile – Folha/UOL

O compositor, cantor, instrumentista e ator Marku Ribas morreu aos 65 anos na noite deste sábado em decorrência de um câncer no pulmão. Ele estava internado no hospital Lifecenter, em Belo Horizonte, desde a última quarta-feira. A morte do músico foi confirmada por sua filha, Lira Ribas.

Segundo ela, a causa da morte foi insuficiência respiratória. Ribas foi diagnosticado com câncer no pulmão no ano passado. “Os médicos disseram que os exames estavam bons, mas o pulmão dele não aguentou”, disse Lira.

A mulher do músico, Maria de Fátima Ribas, informou que os médicos tinham diagnosticado uma metástase –espalhamento do câncer para outros órgãos–, que havia comprometido também a pleura do músico.

“Ele acabou de falecer. Teve uma morte linda, com as filhas cantando ao lado dele”, disse a viúva do músico à Folha. (mais…)

Ler Mais

Um dia qualquer

Por Elaine Tavares, em Palavras Insurgentes

É de manhã, cedinho. O caminhão do lixo nem passou, trazendo com ele o barulho inconfundível e o grito dos trabalhadores que anunciam a coleta. As corujas ainda voejam por sobre o muro, abrindo as asas no rumo de um mais além, para longe das gentes que principiam em amanhecer. O sol de outono abraçando o mundo torna as cores mais vivas. O verde das árvores é pura esmeralda, e as penas dos canarinhos que ainda cantam, alucinados, no muro lateral, brilham como ouro. Os gatos estão deitados na mesa do alpendre, com preguiça de caçar. As laranjas-lima pesam no pé e são pura gratuidade, esperando a mão da colheita. O cheiro do mar assoma, queimando as narinas. É como se fosse uma manhã no paraíso.

Na rua de areia já estão os cachorros, as galinhas e os meninos. A impressão é de que eles não dormem. Basta que a barra do dia se anuncie e já dá para ouvir a gritaria dos pequenos tentando empinar uma pipa, jogando taco ou na malícia do futebol. É gostoso pensar que esses bacorinhos estão vivendo a vida assim, à larga, numa espécie de excesso de natureza. Pelos menos os da minha rua jamais são vistos grudados em videogames ou na internet. Estão ávidos demais por vento e sol. Correm pelas poças de água, com os pés descalços, ostentando os corpinhos fortalecidos com todos os anticorpos possíveis. Nem no inverno mais gelado os vejo de nariz vermelho. Parece que são de ferro.

Mesmo no outono, quando o vento sul já se insinua, eles entram pelo portão do vizinho que tem uma pequena piscina em casa. Quem vai à frente é o menorzinho, para amolecer o coração. (mais…)

Ler Mais

Autointitulado skinhead posta foto agredindo morador de rua na Savassi

‘Homem’ que assume no Facebook ter agredido morador de rua posta fotos com suásticas, saudações nazistas e afirma: “Belo Horizonte é fascista”

Redação

1) A foto a seguir foi postada no Facebook de D. M. no dia 29 de março, com visibilidade pública. Nela, o responsável pelo perfil agride um suposto morador de rua com uma corrente pelo pescoço e descreve o acontecido.

“Quer fumar kraquinho? Quer? Em meio a praça pública cheio de crianças? ACHO QUE NÃO!”

Ao ser indagado por amigos da rede social sobre a presença de pessoas filmando a cena ao fundo, ele responde.

“Sim a praça inteira parou! hahaha” “Dei só um entimão no kracudo.” (mais…)

Ler Mais

Bombas de fragmentação: o Brasil com mãos sujas de sangue inocente

Fonte: http://goo.gl/JGJAd

Por Renato Guimarães, em SustentaNews

As bombas de fragmentação, também conhecidas como “clusters”, que se desfazem no ar em mini-bombas e se espalham por grandes áreas podendo ficar inertes no solo por anos, são uma das armas mais covardes criadas pela humanidade. Foram usadas em 2006, por exemplo, pelo exército israelense na invasão do sul do Líbano e acredita-se que dos 4 milhões de artefatos lançados, cerca de 1 milhão não explodiu. Ficaram ainda no solo libanês, transformado em um campo minado gigante. Quem mais sofre com isso é a população civil e dentre eles, os mais pobres, principalmente agricultores e crianças.

Desde os anos 1990 existe uma campanha global capitaneada pela ONU e ONGs internacionais para banir a fabricação, comércio e uso deste tipo de bomba. A campanha chegou a seu auge em 2008 com a adoção, por 111 países, da Convenção sobre as Munições Cluster (Convention on Cluster Munitions – CCM). O Brasil decidiu se posicionar do lado errado desta luta e não aderiu até hoje a CCM, apesar de tê-lo feito anos antes com a Convenção de Otawa, que baniu a fabricação e comercialização de minas terrestres.

Mas o que levou o Brasil a dotar uma posição tão incoerente?

Em primeiro lugar o Brasil é fabricante e exportador de bombas de fragmentação. Pelo menos três empresas brasileiras de armamentos, com fortes vínculos com o aparato militar, produzem ou produziram recentemente bombas de fragmentação para exportação. Segundo o Landmine and Cluster Munition Monitor, a empresa Avibras Aerospacial, por exemplo, produziu  foguetes terra-terra da família ASTROS equipados com ogivas (ou “cabeças de guerra”) equipadas com bombas de fragmentação. A empresa declarou em 2010 lucros na casa entre 60 e 70 milhões de dólares exportando este tipo de bomba. (mais…)

Ler Mais