Comissão da Verdade: ‘Não sabemos o impacto que o relatório terá na sociedade’

Única psicanalista à frente da Comissão da Verdade, Maria Rita Kehl diz que ‘nem dá para contar’ relatos que vem ouvindo de vítimas da ditadura militar (1964-1985). Eis a entrevista

Mariana Timóteo da Costa – O Globo

Neste primeiro ano, a Comissão ouviu mais de 40 pessoas. Como única psicanalista do grupo, a senhora poderia falar um pouco do sentimento delas?

Cada um cuida de uma área, a minha é de camponeses e índios, e ouvi bastante gente que foi torturada. Dos criminosos ouvi menos. Por enquanto ouvimos só quem se ofereceu para falar. É diferente dos torturadores, que a gente convoca e tem poder de lei para convocar. Não podemos impedir torturadores de mentir, eles mentem mesmo. Mas são obrigados a vir, senão é crime de desobediência. Os torturados são o contrário, querem vir.

Mas e o sentimento deles?

As pessoas que nos procuraram me impressionaram sob muitos aspectos. O primeiro é o lado do sofrimento mesmo, da dor, de como falar sobre o que sofreram dói. A riqueza de detalhes impressiona. Muitas têm as mãos trêmulas, precisam parar de falar, têm vontade de chorar. É um ato de coragem. Mas ninguém teve uma síncope porque trata-se de pessoas fortes, que aguentaram a tortura. Por outro lado, o trauma é revivido, faz o passado voltar para o presente. Algumas nunca falaram com tantos detalhes sobre o que viveram como agora. Percebemos que fica mais fácil de lidar, ao retirarem esta pedra que estava em cima de seu passado há mais de 40 anos, do que reprimindo-a. (mais…)

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Usinas no Tapajós geram tensão entre índios e policiais

Lideranças Munduruku. Foto: Telma Monteiro

Daniela Chiaretti – Valor

Lideranças indígenas se reuniram perto de Itaituba para discutir uma posição conjunta de todas as 115 aldeias munduruku. “Suspenderam qualquer conversa com o governo e dizem que o diálogo depende da retirada de tropas da região”, diz Adelar Cupsinski, advogado do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). “Estão se sentindo intimidados e traídos.”

A tensão entre o governo e os munduruku aumentou em novembro com a morte de Adenilson Kirixi Munduruku, morto em operação da Polícia Federal para retirada de garimpos em área do Teles Pires. Em fevereiro, os índios foram a Brasília pedir investigação pela morte e manifestar oposição em relação às hidrelétricas. O ministro do MME, Edison Lobão, disse a eles que o governo não desistirá das usinas de São Luiz do Tapajós e de Jatobá, mas que seriam recompensados pelos impactos. Os munduruku não se convenceram. (mais…)

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SP – Em Campinas, mobilização consegue o afastamento do Capitão Ubiratan, da PM, por ofício racista

Por Oluandeji, em Religiões Afro Brasileiras e Política

Demorou, mas a mobilização contra o capitão Ubiratan, da Polícia Militar de Campinas, que instruía seus soldados para abordarem negros e pardos no bairro nobre do Taquaral,  funcionou. Ele está sendo substituído pelo Capitão André Pereira.

 Toda a polêmica criou diversos grupos contra o racismo e uniu vários deles, inclusive este blog (Religiões Afro Brasileiras e Política), e fomos para a rua em atos pontuais, desde o silêncio do Maracatu pelo grupo Urucungos, em frente ao 8º Batalhão, até a passeata no Lago do Taquaral e um debate na Câmara dos Vereadores. Para este último, a PM enviou dois representantes (claro que seriam um negro e um pardo), que foram “bombardeados” por vários militantes, pois as desculpas apresentadas para justificar a ordem de abordar negros e pardos não convenceram, e reconhecemos o ofício como um braço do racismo institucional.

Mas a luta não pára por aqui. Queremos que da PM o julgamento e a condenação do Capitão Ubiratan e esperamos que com o novo comandante tenhamos uma conversa amigável, de forma que seja excluído este conteúdo racista na corporação.

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Reunião das lideranças do Povo Indígena Munduruku na Aldeia Sawre Maybu

Lideranças Munduruku - Foto: Telma Monteiro

Uma comissão de aproximadamente 40 lideranças indígenas Munduruku do Alto e do Médio Tapajós foram à aldeia Sawré Maybu localizada no Médio Tapajós, em Itaituba, para prestar apoio e consolidar a aliança de todo o povo Munduruku localizado ao longo do rio e da bacia do Tapajós. A FUNAI/Itaituba e o CIMI foram convidados. 1 pessoa da fundação e 2 missionárias do conselho acompanharam a reunião

Edilberto Sena* – IHU

Os Munduruku resolveram se unir frente às ameaças do governo brasileiro de ataque da Polícia Federal, Rodoviária Federal e das Forças Armadas destacadas à região para a Operação Tapajós. De acordo com nota da AGU, retirada do ar, a operação Tapajós foi destinada à região de Itaituba para iniciar a partir do feriado de semana santa e tem como objetivo garantir a realização de estudos nas terras Munduruku para viabilizar a implantação de barragens no rio Tapajós.

Nenhum pesquisador ou estudioso, no entanto, foi encontrado na região. Nem na área urbana de Itaituba, no trecho da transamazônica até o porto Buburé, nas terras indígenas da região de Itaituba e no rio Tapajós, mas apenas as forças armadas. Por isso, os Munduruku estão convencidos de que a finalidade da operação é na verdade para reprimir, coagir e em caso de reação à intimidação, atacar o povo indígena. (mais…)

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‘Levante Popular’ cobra prorrogação da Comissão da Verdade no aniversário da Ditadura

O golpe militar que derrubou João Goulart em 1964 completou 49 anos em 31 março. O movimento Levante Popular da Juventude realizou nesta segunda (1) uma manifestação durante seminário organizado pelo Arquivo Público de SP e pediu mais tempo para a comissão, mas seu coordenador, o cientista social Paulo Sérgio Pinheiro, disse que não será necessário

Da ‘Comunicação do Levante’ – Carta Maior

São Paulo – O movimento Levante Popular da Juventude, que organiza jovens em todo o país, fez uma manifestação durante seminário organizado pelo Arquivo Público do Estado de São Paulo, na manhã de segunda-feira (1), em defesa da prorrogação da Comissão Nacional da Verdade (CNV).

Um grupo de jovens fez uma intervenção em meio ao seminário, cantando a música Cálice, do compositor Chico Buarque, que diz “Pai! Afasta de mim esse cálice De vinho tinto de sangue”, em referência à repressão da ditadura militar. Em seguida, leram depoimento de uma militante torturada pelos militares.

Os jovens leram também um manifesto (leia a íntegra abaixo) em apoio à CNV, pela prorrogação dos trabalhos e pela participação da sociedade, por meio de maior transparência, da divulgação sistemática dos relatórios parciais e da promoção de audiências públicas. (mais…)

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Mais Um Trabalhador Rural é Assassinado, Vítima da Grilagem de Terra

Vias de Fato – Gilmar dos Santos de Jesus, trabalhador rural, foi executado, no início de março deste ano, no povoado Capoema, zona rural de Bom Jesus das Selvas, sudoeste do Maranhão, na região amazônica maranhense. Para a polícia civil, os executores podem estar envolvidos em mais 5 assassinatos.

Segundo investigação da Polícia Civil, comandada pelo delegado Carlos Alessandro de Assis, da cidade de Buriticupu e José Roberto Meneses, de Bom Jesus das Selvas, dois homens, identificados por Francisco da Silva, o “França”, de 39 anos; e  homem, identificado como Francisco de Assis Gonçalves Barros, conhecido como “Chico foram presos no dia 28 de março. De acordo com os levantamentos da Polícia Civil, Francisco Gonçalves tem vários mandados de prisão por ocultação de cadáver. Ele foi preso em cumprimento a um mandado expedido pelo juiz Ailton Gutemberg Carvalho Lima, da Comarca de Buriticupu, pelo crime de homicídio. Francisco Gonçalves e seu comparsa teriam praticado o crime em março deste ano, no povoado Capoema, que teve como vítima Gilmar dos Santos de Jesus.

Contra Francisco Gonçalves pesa também a suspeita de grilagem de terras. Investigações apontam que ele costumava expulsar assentados para se apropriar de terras, além de ter cometido vários homicídios e lesões corporais. Em um dos casos, inclusive teria invadiu área de uma igreja, expulsando seus membros. A polícia já identificou pelo menos cinco homicídios que podem ter sido praticados pelos dois. Em um deles, “a família nem sequer comunicou o fato à polícia por receio, já que eles impunham medo na região onde moram”, disse o delegado Meneses. (mais…)

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“Depoimento de Izabel, do PDS Brasília, em Castelo dos Sonhos. Não pode continuar assim!!!”

Postado no Youtube por Vânia Regina de Carvalho, com o comentário: “Vídeo gravado durante a Oficina de Capacitação Para Elaboração de Projetos Socioambientais da Fase Amazônia-Fundo Dema/Fundo Amazônia (Março de 2012), com denúncia de liderança camponesa, Presidente da Associação Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Brasília, Vale do Jamanxin, ameaçada de morte por grileiros de terras e madeireiros, em Castelo dos Sonhos, Altamira, Pará. A grande demanda para o INCRA é a conclusão do assentamento do PDS Brasília para por fim aos conflitos. Izabel já perdeu o marido assassinado, e o filho foi alvejado por tiros, mas conseguiu sobreviver. São muitas denúncias de concentração de lotes no PDS e invasão de madeireiros e pecuaristas que causam insegurança na região”.

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Tecnologia transgênica sem efeito

por Fábio Pacheco – Cá Prá Nós

Já esta em curso o que foi alertado a todas por todas as organizações que são contra os transgênicos – Os insetos não estão sendo afetados pelo bacilo incorporado nas sementes. O interessante é que ninguém se pronuncia, nem empresas detentoras da tecnologia e nem a CNTBio que sempre defendeu que os transgênicos fazem parte de uma tecnologia inovadora, necessária e que os testes feitos pela empresas são suficientes para garantia a segurança para os produtores e meio ambiente. A reportagem abaixo mostra o contrário!

G1: Lagartas atacam plantações de milho transgênico no Paraná e no DF

A tecnologia que deveria matar as lagartas na lavoura de milhos transgênicos, não está conseguindo eliminar a praga. Em algumas regiões do país, como o Paraná e Distrito Federal, produtores estão preocupados com o prejuízo.

O agricultor Ildefonso Ausec plantou na safrinha 60 hectares de milho no município de Ourizona, norte do Paraná. A lavoura é transgênica, que deveria ser resistente à lagarta. A praga também atacou o milharal de seu irmão, João Paulo. “É só procurar que tem. Essa é a lagarta do cartucho. Não tem dúvida”, conta o agricultor. (mais…)

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Comunidade Quilombola é invadida pela Vale para plantação de Dendê

Entrada da comunidade Massaranduba do KM19

Territórios Livres do Baixo Parnaíba – A comunidade Quilombola, Massaranduba do KM 19, que fica dentro do Território Quilombola Alto Acará, estado do Pará, teve suas terras invadida pela BioVale, empresa de plantação de Dendê. A Associação Quilombola Amarqualta, que representa as comunidades do Alto Acará, já entrou com uma ação na justiça para reintegração de posse. Porém, no dia 13 de março, a juíza Cláudia Favacho, da vara rural de Castanhal, fez uma visita técnica à área Quilombola. Também estavam presentes na visita técnicos da justiça, representantes do Ministério Público, advogados dos Quilombolas e da BioVale, e os próprios quilombolas, moradores da comunidade invadida.

A área Quilombola tem mais de 22 mil hectares, e a terra que a BioVale está requerendo está dentro da área de pretensão da comunidade, junto ao Incra. De acordo com os advogados da Amarqualta, o Iterpa – Instituto de Terras do Pará já havia delimitado a área quilombola, no que diz respeito às terras do estado; no que concerne às terras da União, o Incra – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ainda estaria finalizando a documentação, porém a área de pretensão já foi delimitada. O processo de demarcação do território Quilombola do Alto Acará já está em curso há mais de 4 anos.

Para proteger o território Quilombola, Domingos Nunes, presidente da Amarqualta, conversou com a comunidade e pediu que todos resistissem: “nós tomamos a iniciativa quando descobrimos que a fazenda já era propriedade da BioVale; a gente incentivou a comunidade para se manifestar e não deixar a BioVale entrar, porque nós já temos problemas com a empresa em outra área,” afirma. (mais…)

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