Casaldáliga deveria ser papa, mas – de novo – está ameaçado de morte

Leonardo Sakamoto

Pedro Casaldáliga, bispo emérito de São Félix do Araguaia e um dos maiores defensores dos direitos humanos no país, mais uma vez está marcado para morrer Aos 84 anos e doente, teve que deixar sua casa em São Félix do Araguaia por conta das ameaças surgidas em decorrência do governo brasileiro, finalmente, ter começado a retirar os invasores da terra indígena Marãiwatsédé, Nordeste de Mato Grosso – ação que sempre foi defendida por ele.

Incentivados por fazendeiros e políticos locais, alguns grupos de invasores decidiram resistir à decisão judicial de sair e forçaram conflitos com as tropas, além de ameaçar lideranças.

Casaldáliga, junto com Tomás Balduíno, dois bispos engajados na luta pela dignidade no campo, serão homenageados, nesta segunda (17), na entrega do Prêmio Direitos Humanos 2012, em Brasília.

Joseph Ratzinger, em um discurso a bispos brasileiros na época da nossa última eleição presidencial, afirmou que “os pastores têm o grave dever de emitir um juízo moral, mesmo em matérias políticas”. Ou seja, Bento 16 pediu para que os representantes de sua igreja orientassem politicamente os fiéis. E seguiu o script esperado, condenando o aborto e a eutanásia e, implicitamente, a pesquisa com embriões para obtenção de células-tronco. (mais…)

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Crianças e idosos indígenas no Rio dependem de caridade para sobreviver “em centro asilar”, diz MPF

Isabela Vieira, Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – Confinados em um casarão de dois andares, 18 índios de várias etnias, incluindo idosos e crianças com deficiência física ou transtornos mentais, são mantidos sem tratamento adequado na Casa do Índio do Rio de Janeiro (Casai-RJ). A constatação é do Ministério Público Federal (MPF) no Rio, que move uma ação civil pública contra a União e a Fundação Nacional do Índio (Funai) cobrando ampla reestruturação da unidade.

A Casai foi criada em 1968 para abrigar índios que necessitavam de tratamento na cidade ou não podiam se manter por conta própria nas aldeias. Na década de 1990, os indígenas eram encaminhados ao local pela recém-criada Fundação Nacional do Índio (Funai), mantenedora do estabelecimento até 1999, quando a responsabilidade passou para a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), substituída, em 2010, pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). Atualmente, com internos de 90 a 9 anos, o local sobrevive de doações e é considerado abandonado pelo MPF.

De acordo com ação movida pela procuradora Maria Cristina Manella, que investiga o caso, relatórios das secretarias Estadual e Municipal de Saúde atestam que o local “funciona como um centro asilar, sem tratamento continuado adequado às necessidades terapêuticas dos índios”, embora conte com a solidariedade da sociedade e dos funcionários, que mantêm o local limpo, organizado e os doentes aparentemente bem tratados. (mais…)

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Bispos que defendem índios recebem Prêmio Direitos Humanos amanhã, em Brasília

Mariana Jungmann, Repórter da Agência Brasil

Brasília – A Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH) vai entregar amanhã (17) o Prêmio Direitos Humanos a pessoas e entidades que tenham trabalho relacionado a causa em todo o país, entre elas, os bispos Dom Pedro Casaldaliga e Dom Tomás Balduíno.

Serão premiados trabalhos em diversas categorias, como assistência a pessoas em situação de rua e a crianças e adolescentes, erradicação do trabalho escravo, enfrentamento à violência e à tortura, entre outros.

Casaldaliga, que tem 84 anos e sofre de Mal de Parkinson, é conhecido pelo trabalho em comunidades indígenas na região de São Félix do Araguaia (MT). Ele já recebeu diversas ameaças de morte por atuar em defesa dos índios da região e teve que ser retirado de sua casa para local desconhecido depois que uma decisão judicial a favor dos índios Xavante tornou o clima mais tenso no município matogrossense.

Dom Tomás Balduíno também será homenageado por sua atuação pelos direitos indígenas. É fundador do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e atualmente é bispo emérito de Goiás, onde continua o trabalho com os índios. Dom Tomás também é conselheiro da Comissão Pastoral da Terra. (mais…)

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Mensagem ao governo federal de um aluno Munduruku da Aldeia Teles Pires

Compartilhado por Bebel Gobbi: a mensagem de Sandro Waro, aluno do Projeto Ibaorebu de Ensino Médio Munduruku e morador da Aldeia Teles Pires, foi escrita durante as aulas de Antropologia, como forma de divulgar o que vivem, pensam e sentem, especialmente nesse momento de ameaças e violações extremas aos direitos indígenas. 

“Eu, indígena do Povo Munduruku, venho dizer ao Governo que acho que já está na hora do Governo brasileiro respeitar a vontade e os direitos dos Povos Indígenas. Há mais de 500 anos já estávamos nesta terra, cansamos de dizer que este é o nosso território. O Governo Federal criou uma Constituição para defender e amparar os direitos indígenas, mas mesmo assim vem atropelando e desrespeitando a nossa vontade. Por isso quero dizer que, no Brasil, não existe lei e nem justiça, porque a Amazônia está sendo devastada, as terras indígenas sendo invadidas, lideranças sendo perseguidas, caciques sendo assassinados defendendo seus direitos.

Além do sofrimento que já passamos com tudo o que vem acontecendo, a AGU ainda criou uma Portaria 303, que consideramos um assassino para nossos direitos. O Governo cria essa lei porque não tem coração, não é ser humano, não vê natureza bonita, não sente amor… Governo só sonha com dinheiro; nós sonhamos com dias melhores, em harmonia com a natureza e consumindo a natureza com sustentabilidade, viver com saúde, ter uma educação diferenciada, de acordo com nossos direitos.

Não mentimos! Por isso, Governo Federal ou AGU, venham conhecer nossa realidade, ver que a Amazônia está se acabando e respeitar e ouvir nosso clamor”

Sandro Waro Munduruku – Aldeia Teles Pires/PA – 11/12/12

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“Até o fim”, por Tamara Freire

Nota: Tamara Freire é a autora do texto utilizado no vídeo divulgado neste Blog no início de novembro e assunto hoje da matéria Vídeo sobre cotas gera polêmica e reações racistas: “essa conversa não é sobre você”, publicada originalmente no portal Correio Nagô e em Pragmatismo Político. “Até o fim” (abaixo) foi enviado para Combate ao Racismo Ambiental por Vanessa Rodrigues, a quem agradecemos. A Tamara Freire, parabéns pela consciência e pela coragem. E nossa solidariedade. TP.

Hoje, alguém que eu não conheço me deixou uma mensagem no Facebook, com um link para um vídeo no Youtube. Quando eu abro, me deparo com a seguinte mensagem: “Este vídeo foi removido por violar a política do Youtube que proíbe a apologia ao ódio.” Ando vivendo dias de Lola, desde que publiquei este texto em resposta às reclamações mais recorrentes dos brancos de classe média, estudantes de escola particular, com relação às cotas nas universidades. Na época de sua publicação, o texto teve uma repercussão enorme para o tamanho deste blog. Foram mais de 30 mil visualização únicas num dia, e incontáveis recomendações em outros blogs e nas redes sociais. Recentemente, o texto teve uma outra rodada de divulgação, depois de ter sido utilizado lindamente, com algumas adaptações, pela galera que fez este vídeo.

Obviamente, quando você faz um texto denunciando os privilégios que as pessoas têm e defendendo uma política que estremeça esses privilégios, em nome da igualdade real de oportunidades, espera-se que as reações sejam virulentas. Mas eu não podia contar que seriam tantas, nem tão virulentas. Não sei se os produtores do vídeo já esperavam por isso. Talvez por fazerem parte de um coletivo negro, e, portanto, por sofrerem com o racismo diariamente, a previsão deles tenha sido mais aproximada da triste realidade do que a minha.

Eu na verdade, espero mesmo que eles sejam mais fortes do que eu, e recebam todo esse ódio sem tanta desolação. Até porque, curiosamente, os insultos que foram feitos a mim não se comparam nem de longe, aos feitos no Youtube contra a menina que narra o texto no vídeo. Curiosamente, ela é negra, e eu sou branca. Desta forma, as poucas pessoas que vieram aqui me dizer que eu deveria estudar ao invés de querer as coisas de mão beijada, foram as que pressuporam que eu era negra. No Youtube, podemos chamar isso de elogio, diante dos outros insultos. Ironicamente, as pessoas que a mandam pentear os cabelos, a chamam de coitada, a acusam de estar promovendo uma guerra racial, um racismo contra os brancos, com a intenção de se beneficiar injustamente disso, alegam que o fazem, justamente para denunciar o racismo. O racismo dela, que fique claro! Curiosamente, 98% (vou colocar assim, porque não tive estômago para ler todos os comentários) dos comentaristas que dizem tais coisas são brancos. Pois é. (mais…)

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Vídeo sobre cotas gera polêmica e reações racistas: “essa conversa não é sobre você”

“Essa conversa não é sobre você”. Vídeo desperta polêmica e ódio na internet.

Vídeo sobre cotas produzido por estudantes de Salvador provoca polêmica na rede e gera reações raivosas e de conotação racial. Atriz que protagoniza o vídeo já foi chamada de “macaca e chimpanzé”

Um vídeo, feito por estudantes e intitulado “Cotas – essa conversa não é sobre você” tem causado polêmica nos últimos dias nas redes sociais. Nos 5 minutos e 17 segundos do vídeo, publicado no mês de novembro no YouTube pelo usuário “jrborges13?, a jovem Juliette Nascimento apresenta um discurso direcionado aos estudantes brancos de classe média.

Neste sábado (15), o vídeo, feito por integrantes da Rede Nacional de Juventude Negra, já alcançou cerca de 108 mil visualizações, sendo que 951 clicaram na opção “Gostei” e 7963 na opção “não gostei”. Recentemente, o site da Veja publicou um texto em que classificou o vídeo como “puro lixo racista” e diz que “prega o confronto racial e de classe”. (mais…)

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MT – Crise em Suiá Missú gera intrigas, novos processos judiciais, inquéritos e ódio

Crédito: José Medeiros/ Fotos da Terra

Para quem vive no distrito de Estrela do Araguaia (Posto da Mata), figuras como o bispo emérito da prelazia de São Félix do Araguaia Dom Pedro Casaldáliga, o cacique xavante Damião Paridzané e instituições como o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a Fundação Nacional do Índio (Funai) e Ministério Público Federal (MPF) já não são das mais populares – num termo bem eufemístico. Cartazes espalhados no local e cartolinas feitas por crianças da região dão conta da repulsa provocada pelo MPF e pela Funai, por exemplo, sendo esta última recorrentemente chamada de “câncer” do Brasil.

ExpressoMT

O panorama conturbado dos últimos dias na gleba de Suiá Missú gerou tensão suficiente para ensejar intrigas pessoais, o anúncio de pelo menos um novo processo judicial e investigações abertas pela Polícia Federal (PF) para descobrir circunstâncias de ameaças, possíveis incentivadores de violência e desobediência civil.  (mais…)

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Bradley Manning relata o inferno que passou nas mãos dos militares dos EUA

O soldado Bradley Manning pode, finalmente, falar publicamente em sua defesa, em uma audiência preliminar ao conselho de guerra a que será submetido no próximo ano. Manning é a suposta fonte do maior vazamento de inteligência na história dos Estados Unidos. Nos últimos dois anos, ele sofreu calvário de encarceramento em confinamento solitário, em condições cruéis e degradantes que muitos sustentam equivaler à tortura

Amy Goodman – Democracy Now

O soldado Bradley Manning pode, finalmente, falar publicamente em sua defesa, em uma audiência preliminar ao conselho de guerra a que será submetido no próximo ano. Manning é a suposta fonte do maior vazamento de inteligência na história dos Estados Unidos. O soldado, que trabalhava como analista de inteligência no Exército dos Estados Unidos e tinha acesso á informação ultra-secreta, foi enviado ao Iraque. Em abril de 2010, Wikileaks publicou um vídeo onde um helicóptero Apache, das Forças Armadas estadunidenses, dispara contra uma dezena de civis, entre eles dois funcionários da Reuters, um câmera e seu chofer, em Bagdá.

Um mês depois da publicação do vídeo, Manning foi preso no Iraque e acusado de ter vazado o vídeo e outras centenas de milhares de documentos. Assim começou seu calvário de encarceramento em confinamento solitário, em condições cruéis e degradantes que muitos sustentam equivaler à tortura, desde sua detenção no Kuwait até os meses de detenção na base militar Quantico, na Virgínia, Estados Unidos. Após a condenação mundial contra suas condições de detenção, as forças armadas estadunidenses transferiram Manning para um centro de detenção em Fort Leavenworth, Kansas, onde as condições não são tão severas.

Enquanto Manning enfrenta 22 acusações em um conselho de guerra que pode condená-lo à prisão perpétua, seu advogado argumentou na audiência preliminar que o caso deveria ser encerrado por causa do castigo ilício aplicado ao soldado antes do julgamento. (mais…)

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SP – “Nunca estou preparada”, diz coordenadora da Frente de Luta por Moradia que já passou por 11 reintegrações de posse

Maria do Planalto, coordenadora da Frente Nacional de Luta por moradia, que ocupou o antigo Lord Palace Hotel, no centro de São Paulo, diz não estar no local por causa do luxo, mas sim para reivindicar habitações aos sem-teto Mais Fernando Donasci/UOL

Larissa Leiros Baroni, do UOL, em São Paulo

Maria do Planalto, coordenadora da FLM (Frente Nacional de Luta por moradia), passou por outras 11 reintegrações de posse, mas diz não estar preparada para receber a determinação da Justiça para que os sem-teto desocupem o prédio do antigo Lord Place Hotel, no centro de São Paulo, ocupado há pouco mais de um mês. “Nunca estou preparada”, diz.

“Se eu pudesse escolher entre ganhar um bom prêmio para mudar a vida de todo o sem-teto e não comunicar a família sobre a reintegração, eu optaria por não dar a notícia”, afirma Maria, que mesmo tendo conquistado a sua casa própria há dez anos, após trabalhar sete anos em regime de gestão e autogestão do movimento. Ela continua na “luta” como forma de “gratidão” aos sem-teto que a auxiliaram atingir seu sonho.

A desocupação do prédio que estava marcada inicialmente para o dia 12 de dezembro foi prorrogada para do dia 8 de janeiro de 2012. Portanto, o Natal e o Ano Novo para as 300 famílias — entre elas 168 crianças e 38 grávidas– que se tornaram hóspedes do luxuoso hotel da década de 1970 estão garantidos. “A Folia de Reis, no entanto, vai ser na rua se o nosso próximo prefeito não tomar providência”, completa a coordenadora. (mais…)

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