Governo federal vai medir nível de bactérias na água

Anunciado ontem, projeto só vai funcionar, na prática, em 2013

Lucas Simões

A Agência Nacional das Águas (ANA) vai instalar em toda a extensão da bacia do rio Doce várias Estações de Tratamento de Água para medir a quantidade de cianobactérias. Para especialistas, a ação – anunciada ontem, mas com previsão de funcionamento somente em 2013 – pode ser o passo inicial para diagnosticar a dimensão do problema que afeta o abastecimento de água em oito cidades mineiras e duas no Espírito Santo há um mês. Cerca de 300 mil pessoas estão sem acesso a água potável de qualidade.

Segundo Francisco Romeiro, especialista em recursos hídricos da ANA, o projeto das estações será apresentado na semana que vem, em Governador Valadares, e depende da aprovação do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, que deverá arcar com os custos. “Se for aprovado, vamos fazer estudos para definir a localização das estações, e elas devem começar a funcionar no fim de 2013. Assim, os municípios vão poder acompanhar o nível de cianobactérias e tomar as medidas cabíveis”, disse.

Por recomendação do Ministério da Saúde, os níveis aceitáveis devem ser de até 10 mil cianobactérias para cada mililitro de água. Acima disso, a situação oferece riscos à saúde. “As pessoas podem ter urticária, coceira, dor de cabeça e problemas mais graves, que podem até levar à morte”, explicou o biólogo e especialista em recursos hídricos Rafael Resck. Por meio de nota, a Agência Nacional das Águas (ANA) informou que ainda não foi identificada a presença de cianotoxinas na região – substância prejudicial à saúde liberada por algumas cianobactérias.

Crítica. “A única coisa que vai resolver a situação é a revitalização completa da bacia, que leva mais de dez anos”, afirmou a vice-presidente da Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento (Assemae), Tânia Maria Duarte. Segundo ela, o processo é só a ponta do “iceberg” para que o problema seja conhecido, e o tratamento, iniciado.

A especialista reconhece a importância do projeto, já que hoje não existe um levantamento unificado sobre a concentração de cianobactérias nos municípios mineiros, que afeta o abastecimento em todos os anos no período da seca. “Cada cidade tem que fazer seu levantamento hoje, mas a maioria delas não tem nem condições ou recursos financeiros para isso”, explicou.

Enviada por José Carlos para Combate ao Racismo Ambiental.

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