Confusão no Show de Franz Ferdinand: Cultura em São Paulo é caso de Polícia

Paulo Spina*

Um bonito dia em São Paulo, parque da independência e cultura gratuita: Uma população jovem em peso para ver Franz Ferdinand, rock inglês alternativo. Uma política bem a moda do capitalismo atual, financiada pela Cultura Inglesa, e com apoio da sociedade civil organizada (ONG’s) e para não faltar capitalismo: o apoio do Governo do Estado com sua Polícia para garantir “segurança” às supostas 20.000,00 pessoas que foram ao Parque. Belo quadro, não?

Porém, a parte visível deste quadro começou a ficar bem suja e feia na parte organizativa e na segurança que quase gerou uma tragédia. Como a Polícia crê que Segurança é sinônimo de Repressão, ela criou uma fila quilométrica ao fazer uma revista detalhada e minuciosa nesta juventude “tão cheias de vontades”. Assim, com repressão e medo da “festa e dos usos de substâncias malignas”, a Polícia começou a estragar o Show.

Para quem estava na fila e respeitou os bons modos, esperava mais de 10 minutos para andar dois passos. O cômico era olhar para dentro do parque e ver tantos espaços vazios e capacidade ociosa. Talvez, as bandas inglesas que precederam Franz Ferdinand, saíram triste com São Paulo, que não as acolheu com o público devido. Mas, elas devem culpar a Polícia, tão paranóica com qualquer fagulha na bolsa alheia, que gerou a contradição: um excedente de pessoas afora do parque com vontade de ver as bandas, e o diminuto número de pessoas adentro. 

Como a paciência das pessoas tem limites, e duas horas e meia de espera é algo sério, o público começou a pressionar para entrar sem a revista minuciosa da Polícia de Geraldo Alckmin. Mas, como aos funcionários da segurança pública, não foram ensinadas políticas de dialogo e mediação de conflitos, que não sejam a simples repressão, armou-se uma tática antimotim. Pois, a juventude é muito perigosa, e é necessário responder à sua impaciência, com spray de pimenta e bombas de efeito moral. Os policiais se armaram com escudos e cassetetes e começaram a atacar ao inimigo fortemente armado, à juventude armada com vontade de cultura.

Em resumo, a pressão do inimigo fez com que a Polícia recuasse e deixasse esta juventude perigosa entrar e ver show. Assim, estas pessoas que esperaram mais de 2 horas e enfrentaram uma verdadeira batalha contra o Estado de São Paulo, viu que havia muito espaço, que era possível que mais pessoas pudessem assistir ao espetáculo. Não houve mais confusões, pois a juventude é mais civilizada do que pensa o governador Governo Alckmin.

Enfim, diferente do que dizem os jornais, a culpa não foi da massa turbe, dos jovens sedentos por bagunça. A culpa foi da polícia que trata a demanda por cultura como seu caso, e pensa segurança como sinônimo de repressão. Na hora que a jovem enxerga o direito à cultura, percebe que tem a Polícia à frente, que o impede de acessar lazer e cultura. Aqui, vemos que a Cultura em São Paulo, não é apenas privatizada e elitista, também, repressora, isto é, Cultura em São Paulo é caso de Polícia.

*Defensor da saúde 100% pública, estatal e de qualidade e também uma das lideranças do Fórum Popular de Saúde de São Paulo.

http://blogdopaulospina.blogspot.com.br/2012/05/confusao-no-show-de-franz-ferdinand.html

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