Fonte da notícia: Egon Heck/Cimi
Os 40 caciques, dos quais alguns viajaram por mais de duas semanas a pé, de canoa e ônibus, para chegar até Brasília, foram unânimes e enfáticos em seu clamor, no relato de suas dores, na exigência de providências imediatas. “Estamos aqui numa voz só. Viemos mostrar e falar a realidade, a verdade sobre o que se passa com nossas comunidades. Hoje expressamos nossas palavras até o mais profundo dos vossos corações para desabafar todos esses anos de dores, doenças, desespero, genocídio, perseguição, que já não pode mais ser silenciado…”, escreveram os Jaminawa em documento à presidente da República, parentes e autoridades.
Das mais distantes aldeias dos povos indígenas do Acre a voz insurgente da gente primeira, denunciando o sistema de morte, dor, ameaças, abandono a que estão submetidas. Parece até um filme. A maioria das pessoas que por horas ouviram atentamente os caciques, ficam embasbacadas: “Nunca pensei que isso pudesse ser assim no Acre. As informações que tínhamos eram de uma beleza e tranquilidade paradisíaca”. Essa perplexidade de muitos membros dos órgãos públicos e entidades surgem como riscos no cartão postal propalado pelo Brasil e mundo afora por muitos anos.
Durante uma semana os caciques e lideranças fizeram uma maratona de audiências, depoimentos contundentes, debates acalorados mas sempre respeitosos e conscientes, entrega de documentos e denúncias… Apesar do cansaço, da estranheza e dureza da salva de pedra do poder, em nenhum momento perderam a alegria, a esperança e a certeza de que essa é uma dura luta que está apenas começando.
Vistosos cocares, corpos pintados, flechas e bordunas, armas da indignação, revolta e paz, os caciques deram visibilidade ao grito de vida e morte ecoado das aldeias mais distantes desse grande Brasil, em acres tempos.
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