“Não tinha sofrido racismo até chegar na Itália”, diz Seu Jorge

O músico concedeu entrevista a Marcelo Tas nos estúdios do Terra, nesta terça Foto: Edson Lopes Jr/Terra

Convidado da segunda edição do Tas ao Vivo, exibido nesta terça-feira (24), ao vivo, pelo Terra, o cantor Seu Jorge afirmou que até ir para a Europa, no início da década passada, não havia sentido o racismo na pele. No entanto, ao chegar à Itália, onde gravou o longa The Life Aquatic with Steve Zissou, soube pela primeira vez o que era sofrer preconceito por sua cor.

“Encontrei dificuldades em certos lugares. Nunca tinha enfrentado o racismo antes”, disse o músico de 41 anos a Marcelo Tas, apresentador do programa de entrevistas que dá a oportunidade de o internauta interagir direto com seus convidados. “Sabe aquele cara que entra e você olha estranho? Era eu.”

Apesar de ter visto preconceito em terras estrangeiras e de assumir publicamente ter uma origem bastante humilde, o músico se mostrou bastante contrariado à ideia das pessoas que lhe pedem para falar mais a respeito de pobreza e dos problemas enfrentados ao longo dos anos anteriores à sua carreira.

“O que a gente quer projetar para as pessoas é estímulo, elevação do ser da pessoa. Ficar batendo que é pobre, essas coisas, é um atestado de morte. Não posso proibir as pessoas de gostarem de mim pela origem, mas, dentro do meu aspecto, prefiro passar é alegria”, explicou Seu Jorge, acostumado a cantar sobre temáticas mais cotidianas, comuns no dia a dia das pessoas.

“A mulher, o gay conseguiram seu espaço. E por que não o negro? Eu procuro dar um exemplo, ser referência no lance de que dá para melhorar. (Pedir para cantar sobre origens, pobreza) é a mesma coisa que o Brasil começar a pensar, ‘vamos ser terceiro mundo. Essa coisa de primeiro mundo dá muito trabalho.'”

Música e Churrasco
Seu Jorge também explicou detalhadamente detalhes a respeito seu último trabalho, Música para Churrasco, Vol. 1, lançado no ano passado. Bem-humorado, ele afirmou que o nome do disco representa justamente seu propósito: ouvi-lo descontraidamente enquanto se grelha uma carne com os amigos.

“É para escutar de chinelão mesmo. Não é para viajar achando que vai ser dita alguma coisa”, afirmou, explicando que o trabalho é formado por crônicas de personagens comuns no subúrbio e na vida cotidiana, que ainda ganhará mais dois volumes em breve. “Eu ficava imaginando essas situações e fui escrevendo. Penso até em transformá-lo em uma comédia, um seriado. Fico imaginando a Deborah Secco fazendo a doida, o Eri Johson interpretando o parceiro.”

As mulheres, tão recorrentes em suas canções, também se tornaram alvo de perguntas de Marcelo Tas. O apresentador procurou entender como é possível escrever tantas histórias sobre personagens femininas sem terminar o dia em briga de ciúmes com sua mulher e empresária. “Ela entende, não embaça, não. Ela compreende que há um personagem por trás, e é justamente isso.”

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