Ator acusa PMs de agressão durante protesto na av. Paulista

Ricardo Bunduki Filho

Um ator de 25 anos que passava na noite deste sábado (21) pela avenida Paulista, na região central de São Paulo, acusa policiais militares de truculência e agressão. Os PMs dizem que foram xingados e negam as agressões.

Pedro Urizzi, que também é professor, afirma que estava a caminho de um jantar no Itaim Bibi (zona oeste de SP) quando uma marcha contra a corrupção o obrigou a descer do ônibus e desviar o trajeto.

Com uma garrafa de vinho na mão que havia comprado pouco antes e escutando música, ele caminhou pela Paulista com sentido à rua Brigadeiro Luís Antônio, onde pegaria outro ônibus para chegar ao jantar.

Naquela hora, por volta das 18h, o protesto se tornava um confronto entre a polícia e manifestantes. Foi quando ele avistou, na região do Masp (Museu de Arte de São Paulo), policiais carregando uma sacola com bombas de efeito moral. Como a marcha começou por volta das 16h, ainda havia crianças e famílias na avenida, segundo ele.

“Saí da calçada, fui até a ilha de cimento que fica no meio de avenida e comecei a berrar ‘Tem criança no meio, não joga bomba!’. Nem pensei. Na hora em que eu vi os policiais com bombas fiquei preocupado, podia machucar alguém”, disse.

Segundo seu relato, os gritos levaram dois policiais a se voltarem contra ele. Ele diz que um oficial o segurou pelo colarinho enquanto o chacoalhava bruscamente, enquanto outro PM o atingiu com golpes de cassetete.

Os policiais dizem que ele usou palavrões e os xingou, o que seria configurado como desacato à autoridade.

Pedro nega ter falado palavrões e diz que se identificou desde o primeiro momento. Após os golpes, ele diz ter sido derrubado e jogado ao chão, e que teve o braço torcido ao ser algemado.

Os policiais negam as agressões e dizem apenas que deram voz de prisão ao ator.

Após ser preso, Urizzi diz que não foi avisado para onde iria. No trajeto ao 8º DP (Brás), chegou a ter uma crise de bronquite. “Em momento algum a Polícia Militar respeitou qualquer um dos meus direitos. Nem o policial que deu voz de prisão e nenhum outro superior que estava ali. Ninguém”, desabafou.

Na delegacia, ele diz que o tratamento foi diferente. O delegado ordenou aos PMs que retirassem as algemas, ofereceu água e disse para ele ligar para quem quisesse. Na sala do delegado, que o isolou dos policiais, ele contou sua versão.

Os depoimentos dele e dos policiais foram registrados em um termo circunstanciado. Urizzi fez exame de corpo de delito no IML (instituto Médico Legal) que comprovou lesões.

Com ferimentos no pulso causados pelas algemas, ele diz que ainda não consegue escrever.

Por meio de nota, a Polícia Militar afirma que atuou durante o protesto “de forma enérgica e coerente com o objetivo de reestabelecer a ordem pública”, e que, caso tenha havido qualquer tipo de abuso, “será apurado rigorosamente”.

Urizzi, que tem usado suas contas no Facebook e Twitter para contar o caso, diz que vai processar o governo do Estado e a Polícia Militar.

“Não interessa especificamente os indivíduos que fizeram isso, eles seguem o macro. A questão não é a dor física, é uma sensação de alma rasgada. É saber que os meus direitos foram jogados à esmo pela PM. Ela trabalha mesmo em prol da população?”, questiona.

Colaborou Amon Borges.

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1079900-ator-acusa-pms-de-agressao-durante-protesto-na-av-paulista.shtml

Enviada por José Carlos.

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