Índios Pataxós jogam lixo na porta da Prefeitura de Carmésia em protesto contra a falta de investimentos na aldeia

Índios pataxós jogam lixo na porta da Prefeitura de Carmésia (MG). Ação foi feita em protesto que chamava a atenção das autoridades para a suposta falta de investimentos na aldeia

Lixo produzido por cerca de 20 dias na aldeia Pataxó foi jogado na porta da prefeitura

Ana Lúcia Gonçalves – Do Hoje em Dia

O lixo produzido por cerca de 20 dias na aldeia Pataxó, em Carmésia, no Vale do Aço, foi despejado em frente à prefeitura da cidade pelos indígenas. O protesto, feito na segunda-feira (16), chamava a atenção das autoridades para a suposta falta de investimentos na aldeia, “apesar constantes repasses de verbas pelos governos estadual e federal à prefeitura”. O prefeito Roberto Keller Gonçalves (PMDB), garante que tem feito o que pode para atender as necessidades da aldeia e que a coleta foi suspensa por apenas uma semana.

Segundo Antônio Aragão Pataxó, que é professor na aldeia, pesquisando na internet as lideranças encontraram informações de que em 2011 uma verba superior a R$ 500 mil foi repassada, inclusive pelo governo estadual à prefeitura da cidade para investimentos na Aldeia Pataxó, que não teria recebido melhorias. Para completar, o lixo deixou de ser recolhido.”Nossa comunidade sofre muito descaso. Não temos local adequado para armazenar o lixo e ele provoca doenças nas crianças”, explica.

O vice-cacique da aldeia, Alexandre Pataxó, enumera ainda a falta de investimentos na área da saúde. “Nosso posto de saúde está sem energia e a ambulância sem motorista, além de pneus carecas e péssimo estado de conservação. Quando chove, os córregos transbordam e enchem nossas casas. Há mais de um ano reclamamos e nada é feito”, reclama. A aldeia Pataxó em Carmésia é dividida em três grupos. São 52 famílias e 232 índios em área de 3,2 mil hectares.

Prefeito rebate denúncias

O prefeito rebate as denúncias, dizendo que, quanto ao lixo, os resíduos deixaram de ser recolhidos em apenas um dos grupos na quinta-feira passada – a coleta é feita uma vez por semana -, à pedido das próprias lideranças, que não aceitaram a presença do responsável pelo serviço no local. Um índio teria morrido num acidente, recentemente, e uma vereadora da cidade propôs uma moção de aplauso pelos serviços que ele havia prestado aos indígenas. Apenas um vereador, justamente o encarregado pela coleta de lixo na aldeia, teria votado contra a moção. O vereador é, segundo o prefeito, servidor público municipal concursado.

“Os índios ficaram nervosos, disseram que o servidor não gosta deles e proibiram sua entrada na aldeia. O aviso foi dado por uma liderança que foi até a Câmara levar o recado”, conta o prefeito. Segundo Roberto Keller, temeroso, o servidor coletou apenas o lixo na área de dois grupos indígenas e na do Posto de Saúde da aldeia, considerado um “campo neutro” dentro do território. O prefeito conta que, coincidentemente, uma reunião estava marcada com as lideranças para sexta-feira (13), às 14 horas, para tratar de assuntos diversos, entre eles a saúde indígena, mas os Pataxós não compareceram.

“Avisaram uma hora antes que não viriam à reunião e ontem (16), despejaram o lixo na entrada da prefeitura”, reclama. Quanto aos repasses, o prefeito garante que não há verbas recebidas não investidas e a prefeitura vem fazendo o que pode para atender as necessidades dos indígenas. Ele acredita que os índios estejam confundindo previsão orçamentária com  repasses e lembra que em reunião no dia 11 de maio de 2007 com representantes da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), objetivando a repactuação do recurso fundo a fundo, para a continuidade da atenção integral à saúde, ficou acertado que o órgão federal faria gestão junto à Presidência para ampliação do recurso repassado ao município, na época, no valor de R$16,4 mil, para R$19,8 mil, o que ainda não aconteceu.

O objetivo era adequar-se às exigências da população indígena, que incluía a contratação de um agente de saúde para a aldeia Retirinho, adequação da jornada de trabalho do profissional de odontologia para atender a essa comunidade por 20 horas semanais, em um consultório instalado dentro do posto de saúde da aldeia; ampliação da jornada de trabalho de uma enfermeira exclusiva para 40 horas semanais e reforma e ampliação do posto de saúde. “Soube que se não atender às reivindicações, vão invadir a prefeitura. Temos feito o que está ao nosso alcance”, sustentou.

Enviada por Pablo Matos Camargo.

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