Por Gilmar Santos
A produção de energia eólica tida como uma matriz limpa começa a mostrar seus primeiros sinais de sujeira no município de Caetité, sudoeste do estado da Bahia. O que era especulação quanto ao potencial eólico da região e a chegada de grandes empresas do setor começa a se concretizar desencadeando problemas e conflitos.
São grandes empresas, principalmente oriundas da região Sul e Sudeste do País, a exemplo da Polimix, Atlantic, EPP e outras que iniciam todo trabalho de pesquisa e especulação de propriedades rurais convencendo trabalhadores camponeses a aceitarem os contratos de arrendamento de suas terras para implantação de torres para geração de energia. Tal fato tem gerado um desconforto junto às famílias que tem resistido em não assinar os contratos ao tempo que começam a ter suas posses ameaçadas e terras de uso comum sendo apropriadas pelas empresas. Tem sido assim nas comunidades Malhada de Maniaçu, João Barroca, Lagoa do Mato.
O caso mais emblemático e recente é o da comunidade de Caldeiras, onde proprietários e posseiros estão sendo pressionados pelas empresas Atlantic e Polimix. A primeira empresa havia feito os contratos de arrendamentos com os posseiros e proprietários, que compraram as suas posses de Newton Oliveira Barros e Lelia Regina Cardoso Vilasboas Barros. Passados mais de 20 anos da compra, os filhos do antigo proprietário venderam pela segunda a vez a área. Agora para a empresa POLIMIX, que imediatamente entrou com um pedido de reintegração de posse, sendo expedido pelo juiz da comarca local, que de maneira imediata fez cumprir o mandado derrubando mais de 3800 metros de cercas dos posseiros e as casas de moradia dos mesmos.
De maneira imediata, os posseiros buscaram apoio junto a CPT, Sindicato dos Trabalhadores Rurais – STR e Paróquia de Caetité, que através de um diálogo com a Promotoria Pública e o juiz, conseguiram que a liminar expedida fosse revogada dando direito aos posseiros retomarem suas atividades normais na área. Porém, um fato ainda intriga: as casas e cercas foram derrubadas, de quem será a responsabilidade de reerguê-las? Quem assumirá os prejuízos e danos? E os danos materiais e psicológicos que tal ação ocasionou?
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