Rio+20: questões sobre economia verde e governança do desenvolvimento sustentável

Por Rubens Harry Born*

A Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável em 2012, a Rio+20, tem como propósito promover arranjos institucionais globais adequados para a superação da pobreza e miséria social e o enfrentamento dos problemas ambientais, dentro de enfoques de equidade e justiça. A Rio+20 não pode ser vista como uma mera conferencia sobre os desdobramentos dos acordos da Cúpula da Terra, a Rio-92, nem se trata de um debate global sobre questões ambientais somente.

O debate sobre o que possa significar uma nova economia ou economia verde e inclusiva (ou seja, ambientalmente íntegra e socialmente justa) não pode ser feito independentemente do debate sobre arranjos e transformações políticas e culturais que estruturam a forma como os seres humanos, em suas comunidades e nações, se governam e se relacionam entre si e com o ambiente em que vivem. São termos, entre outros, com interpretações diversas e que exigem uma perspectiva mais ampla do contexto presente, do passado recente e dos desafios em um futuro mais justo e saudável.

O segundo tema da Rio+20 não é menos importante: governança do desenvolvimento sustentável. Se tomarmos como um ponto de partida o modelo, simplista e limitado, de que os desafios do desenvolvimento sustentável podem ser equacionados mediante o equilíbrio dos “pilares econômico, social e ambiental”, então a governança teria que ser governança sobre a dimensão econômica e sobre as políticas e direitos sociais também.  Entendo que governança, em sentido mais amplo, refere-se à capacidade das pessoas e das organizações da sociedade, mediante o uso de instrumentos e sistemas da democracia, definir o rumo do seu desenvolvimento e, portanto ter condições de exercer controle sobre políticas públicas e sobre a dinâmica econômica. (mais…)

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Porque continuam ocultos os assassinos dos Waimiri-Atroari

Egydio Schwade, Casa da Cultura do Urubuí-CACUÍ/Amazonas

2000 Waimiri-Atroari desaparecidos durante Ditadura Militar – texto 2

Uma das estratégias do governo, em tempo de Ditadura Militar e de Nova República, para ocultar os assassinos dos Waimiri-Atroari é manter em locais estratégicos pessoas que saibam manter ante a opinião pública a aparência da política que está no poder. Assim Sarney deu continuidade à política indigenista da Ditadura Militar ao nomear Romero Jucá, homem de confiança dos ditadores, mas desconhecido na área indigenista, Presidente da FUNAI. Jucá, por sua vez, nomeou Sebastião Amâncio superintendente do Amazonas e Roraima, segundo cargo em importância na FUNAI. Este era conhecidamente submisso não só à política dos militares na região, mas também aos métodos de violência dos ditadores usados contra os índios Waimiri-Atroari. Quando Sarney passou a reserva desses índios à administração de uma empresa, a Eletronorte (caso único até então na política indigenista brasileira), esta nomeou Jose Porfírio de Carvalho para dar continuidade à política oficial. Sarney, Romero Jucá, Sebastião Amâncio e Carvalho, nenhum deles participou da luta pela transformação política da ditadura para a democracia em suas áreas de atuação.

Durante a maior parte do período da Ditadura Militar, Jose Porfírio de Carvalho ocupou cargos de confiança. Foi subchefe da Coordenação da Amazônia – COAMA, órgão da FUNAI e também superintendente no Acre e delegado regional no Maranhão. E “honrou” os encargos como repressor do indigenismo independente, em especial no Acre, onde reprimiu membros da OPAN – Operação Amazônia Nativa e do CIMI – Conselho Indigenista Missionário, retirando-os à força da aldeia Santo Amaro dos índios Madiha, entre eles Rosa Monteiro, única enfermeira que trabalhava junto a esse povo. (mais…)

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Governo chileno propõe aos estudantes negociar mudanças na educação

Mônica Yanakiew, Repórter da Agencia Brasil

Santiago – O governo chileno apresentou nesta segunda-feira (5) uma proposta para negociar a reforma educacional com os estudantes universitários e secundaristas que, há mais de três meses, promovem protestos nas ruas das principais cidades do Chile para exigir educação gratuita e de qualidade para todos. O ministro da Educação, Felipe Bulnes, sugeriu criar, a partir do dia 12, três mesas de trabalho que terão até o fim do mês para apresentar propostas para a reforma educacional. As lideranças estudantis prometeram dar uma resposta ao governo até quinta-feira (8).

“Temos três semanas para negociar acordos, descobrir onde não há possibilidade de acordo e ver até onde governo cederá, porque o governo deve ceder em algo”, disse, em entrevista à Agencia Brasil, o líder estudantil Giorgio Jackson, 24 anos, que esta terminando o curso de engenharia. Ele preside a Federação de Estudantes da Universidade Católica do Chile (Feuc) e é um dos três porta-vozes do movimento estudantil. “Vamos manter a mobilização, porque o movimento estudantil chegou para ficar. Se for preciso ficar anos, ficaremos anos pressionando as autoridades para conseguir as reformas que pedimos”.

Apesar de manter a mobilização, os estudantes suspenderam uma grande manifestação prevista para o próximo sábado (10). O motivo do cancelamento foi o acidente de avião que, na sexta-feira (2), matou 21 pessoas, entre elas o mais famoso apresentador da TV chilena, Felipe Camiroaga. Ele acompanhava um empresário em uma missão humanitária na Ilha de Juan Fernandez, arrasada pelo terremoto e tsunami de 27 de fevereiro de 2010. (mais…)

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Aliança profana: mídia, doadores e agências de ajuda humanitária

Por trás das habilidosas campanhas de arrecadação de fundos para combater a fome no Chifre Africano está uma indústria cúmplice da corrupção e de governos negligentes

Rasna Warah, de Nairóbi (Quênia)

A temporada de doações começou – e ainda nem é Natal. As principais agências internacionais de ajuda humanitária, incluindo as Nações Unidas (ONU), Oxfam, Save the Children e Islamic Relief UK, vêm lançando massivas campanhas para salvar os milhares de somalis que estão passando fome em seu próprio país e nos campos de refugiados dos vizinhos Quênia e Etiópia.

O secretário-geral da ONU Ban Ki-Moon pediu 1,6 bilhão de dólares em doação para a Somália, e o Banco Mundial já suplicou por mais de 500 milhões de dólares para os esforços humanitários.

Os apelos para o envio de alimentos vêm sendo acompanhados por imagens de cortar o coração: crianças com barrigas inchadas e desnutridas, mães emagrecidas com peitos murchos que não produzem mais leite, acampamentos transbordando de hordas de refugiados esqueléticos.

Quase todas as maiores agências de ajuda humanitária estão correndo para o campo de refugiados de Dadaab, no Quênia, para testemunhar, fotografar e filmar a crise. Já vimos essas imagens antes – em meados dos anos de 1980, quando Mohamed Amin filmou a fome na Etiópia, desencadeando a tendência de as estrelas do rock se tornarem benfeitoras. Desde então, a fome se tornou a principal história vinda da África – e uma das maiores indústrias. (mais…)

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Projetos ‘estrangeiros’ criaram plebiscito no Pará

O plebiscito que será realizado no dia 11 de dezembro em todo o Pará, quando a população vai definir se o Estado deve ou não ser desmembrado para a criação de dois novos Estados, foi proposto por dois parlamentares “estrangeiros”.  O senador Mozarildo Cavalcante (PTB), nascido em Roraima, foi autor, em 1999, quando ainda era deputado, da proposta de criação do Tapajós.  Leomar Quintanilha, ex-senador pelo Tocantins, nasceu em Goiânia, capital de Goiás, e propôs a criação do Carajás.

Ambos justificam a autoria de seus projetos alegando o distanciamento da capital do Estado como causa de oferta deficiente de serviços públicos.  Mozarildo argumenta que três estados brasileiros – Amazonas, Pará e Mato Grosso – ocupam mais da metade do território do país.  “Como é que esses latifúndios vão se desenvolver e levar boa assistência para as cidades?”, costuma questionar o senador. (mais…)

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PA: Área que seria grilada já tem 400 famílias

Desde que o DIÁRIO tornou pública no meio dessa semana a tentativa de grilagem pela empresa Delta Publicidade, pertencente aos irmãos Ronaldo e Rômulo Maiorana, dos cerca de 545 hectares em terras da localidade de Tucumaieira, no Distrito de Outeiro, o movimento dos atuais ocupantes cresceu e se fortaleceu.  Aproximadamente 400 famílias já ocupam quase a totalidade da área e de lá prometem não sair.

A juíza Ellen Bemerguy Peixoto, da 2ª Vara Cível do Distrito de Icoaraci, impediu a tentativa de grilagem da área.  Dia 18 de agosto, a magistrada negou a reintegração de posse solicitada por via judicial pela Delta Publicidade.  Além de nunca terem requerido à Superintendência do Patrimônio da União (SPU) a concessão de uso da área, os irmãos Maiorana não apresentaram à Justiça documentos que comprovem a propriedade do imóvel – apenas um compromisso de compra e venda sem qualquer validade legal, caracterizando tentativa de grilagem de terra pública.

As primeiras famílias começaram a chegar à área por volta de 2003.  Antes disso, uma imobiliária, que nem existe mais, chegou a lotear parte das terras e vendê-las, mas os proprietários nunca chegaram a tomar posse da terra que compraram.  “A situação começou a piorar há alguns anos, com a valorização da região, principalmente após o início da construção de um grandioso condomínio residencial na frente da área ocupada”, contra Maria do Socorro Teixeira, uma das ocupantes. (mais…)

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Funai levanta necessidades dos Enawenê Nawê após incêndio

Uma equipe formada por servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai), da Defesa Civil e da superintendência de assuntos indígenas do estado de Mato Grosso chegou na quinta-feira (1), à noite, da Terra Indígena Enawenê Nawê, onde foram levantar as necessidades da comunidade após o incêndio do último domingo (28). O fogo, que queimou sete das 15 casas da aldeia, deixou quatro feridos. O mais grave foi levado para o município de Brasnorte (MT) mas não corre risco de morte. Os outros três se recuperam na aldeia e passam bem.

De acordo com Luiz Carlos da Silva Junior, indigenista especializado da Funai e coordenador substituto da Coordenação Técnica Local de Juína/ Enawenê Nawê, o fogo começou enquanto a comunidade queimava o lixo, uma prática de saneamento muito comum na aldeia. O fogo se espalhou rapidamente consumindo metade das casas, deixando cerca de 300 indígenas desabrigados.

Todos os bens que estavam nas malocas queimadas foram perdidos, como redes de dormir, vestimentas tradicionais e roupas que eles usam para ir à cidade. A perda mais significativa, no entanto, segundo Silva Júnior, foram os alimentos que ficam armazenados nas casas. Com isso, metade da produção da aldeia foi perdida. Os documentos também foram queimados, incluindo os cartões de banco para retirada de benefícios como aposentadorias, pensões e auxílio maternidade. (mais…)

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Documentário “Mulheres Mangabeiras” será lançado em festival de cinema

Rita Simone e as 'Mulheres Mangabeiras', protagonistas e produtoras do vídeo

Após a colheita das mangadas, agora as histórias e narrativas das catadoras chegam às telonas do cinema. No próximo dia 17 será lançado, em Aracaju(SE), o filme “Mulheres Mangabeiras”, um documentário sobre a vida e a realidade das catadoras de mangaba no estado de Sergipe.

“Através das histórias contadas pelas mulheres dos municípios da Barra dos Coqueiros, Estância, Indiaroba, Itaporanga D’Ajuda, Japaratuba, Japoatã e Pirambu, pode-se perceber os simbolismos, os cantos, as lutas e a buscas por uma vida mais digna na terra do cacique Serigy [Sergipe]. O vídeo nos convida a uma reflexão sobre as perspectivas de desenvolvimento para as comunidades rurais do nosso Brasil Profundo”, destaca Rita Simone, uma das entusiastas do projeto.

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Dona Zélia, depois da limpeza social: “ficou parecendo uma Miami”

No quintal de casa, dona Zélia e a papelada das remoções

Por Manuela Azenha

“Isso chama-se limpeza social. Removeram a primeira e maior parte da comunidade, 68 famílias, para fazer um belo jardim na entrada do condomínio. Ficou parecendo uma Miami. Quando os moradores abriram os olhos, já era tarde demais. Agora, mais uma vez, sem necessidade, vão acabar com o resto”.

O desabafo é de Maria Zélia Carneiro Dazzi, a presidente da Associação de Moradores e Pescadores da Vila Arroio Pavuna, na zona Oeste do Rio de Janeiro. Descendente de um dos primeiros integrantes da comunidade, dona Zélia é parte viva de uma história de remoções que marca o avanço da especulação imobiliária na cidade.

Surgida em 1910, às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas, na zona Sul, em 1938 a comunidade foi transferida pela primeira vez, para as proximidades da Lagoa de Jacarepaguá. Em 2006, a construção de um condomínio de luxo nas redondezas desfez casas e laços comunitários. (mais…)

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Lei pode punir homofobia em BH

Projeto de Lei 1853/11 propõe punição a quem discriminar homossexuais, bissexuais e transgêneros na capital

Luana Cruz

A discriminação contra homossexuais, bissexuais e transgêneros pode virar motivo de punição em Belo Horizonte. O Projeto de Lei 1853/11, proposto por 21 vereadores, pretende combater práticas discriminatórias por orientação sexual na capital. O PL começou a tramitar na Câmara Municipal de Belo Horizonte e segue para apreciação das as comissões de Legislação e Justiça, Direitos Humanos e Administração Pública.

Segundo o projeto, qualquer estabelecimento ou agente público que discriminar pessoas em função da orientação sexual poderá ser punido. Quem descumprir as determinações estará sujeito à sanção, que varia de multa à cassação definitiva do alvará de funcionamento do estabelecimento, ou afastamento definitivo, em caso de agente público. (mais…)

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