PA: Irmãos negam assassinato de casal de ambientalistas

Durante toda a tarde e parte da noite de ontem, o delegado Sílvio Maués, diretor de Polícia do Interior, interrogou os irmãos José Rodrigues, de 43 anos, e Lindonjonson Silva, 29, acusados do assassinato do casal de extrativistas José Cláudio e Maria do Espírito Santo Ribeiro, em maio deste ano, no município de Nova Ipixuna.  Durante todo o longo interrogatório, os dois negaram a autoria do crime.

Maués afirma, contudo, que a negativa dos acusados não atrapalhará a conclusão do processo.  “Os elementos já foram colhidos no curso da investigação.  Temos indícios fortes, tanto que a Justiça decretou a prisão e o Ministério Público fez a denúncia”, disse o delegado, afirmando que já esperava que os dois negassem a autoria do crime.  “Não esperava que eles fossem confessar, ainda mais se tratando de um crime com grande repercussão”.

O delegado disse que mesmo alegando inocência, os acusados deram informações que reforçam os indícios contra eles.  Ele não quis revelar, porém, detalhes do depoimento realizado na sede da Delegacia Geral de Polícia em Belém.  Os acusados chegaram ao local no início da tarde e até o fechamento desta edição ainda eram interrogados por Sílvio Maués, que afirmou que o trabalho não tinha hora para ser concluído.

Após o interrogatório, os dois voltariam ao sistema penal.  O delegado disse que não vê necessidade de fazer acareação.  “Eles não trocam acusações, estavam juntos o tempo todo e já trouxeram uma versão combinada”.

Ontem de manhã, o Sistema de Segurança Pública do Estado divulgou os detalhes da operação que resultou na prisão dos irmãos.  Eles foram presos no início da manhã do último domingo, a 52 quilômetros da sede de Novo Repartimento.  Os dois estavam em um barraco, em um local de mata fechada, de difícil acesso.  Segundo Sílvio Maués, o laço familiar dos acusados ajudou a chegar até eles.

José Rodrigues é tido como o mentor do crime e Lindonjonson, como o executor.  A polícia procura ainda o terceiro acusado de participação no crime, Alberto Lopes Nascimento, conhecido como ‘Neguinho’, que teria ajudado a executar o casal de ambientalistas.

A fase de busca e captura da operação contou com a presença de 60 policiais, 8 viaturas, 1 helicóptero e 1 micro-ônibus.  De acordo com o tenente-coronel Sandoval Bittencourt, subcomandante de missões especiais da Polícia Militar, no local da prisão estavam ainda dois homens e uma senhora com três crianças.

Os policiais encontraram três revólveres com munição e uma espingarda.  “Isso deixa claro que eles teriam a intenção de reagir a alguma ação de captura, dependendo de como fosse feita”, afirmou o subcomandante.

A operação para a prisão do terceiro acusado também é mantida em sigilo para não atrapalhar as investigações.

O CRIME

O casal de ambientalistas foi assassinado no dia 24 de maio, em uma área rural de Nova Ipixuna.  A motivação do crime teria sido a disputa por uma área do assentamento Praia Alta Piranheira.  O crime ocorreu durante a manhã, quando José Cláudio e Maria, que vinham em uma moto, precisaram reduzir a velocidade para passar em um trecho e foram mortos a tiros.

Irmãos de José Cláudio podem ser presos

Inquérito presidido pelo delegado Marcos Cruz aponta que José Cláudio e os irmãos dele, Claudemir e Francisco Ribeiro da Silva, o Marabá, estariam envolvidos na morte do colono Edilon Ribeiro de Souza, o Pelado.  Ele foi morto no dia 18 de setembro de 2009, quando estava no lote 17 do assentamento Mamona.

Uma disputa entre Pelado e Marabá pelo lote de 8 alqueires teria resultado no homicídio.

Repousa na mesa do juiz José Godinho Soares um pedido de prisão preventiva contra Marabá e Claudemir.  O inquérito tramita na Comarca de Jacundá e o Ministério Público emitiu parecer favorável à prisão de ambos, restando o juiz se pronunciar a respeito do assunto.

Neste caso, figura como principal testemunha o irmão de Pelado, Manoel Ribeiro de Souza, 27 anos.  Ele confirmou que estava seguindo para o terreno do irmão pela manhã quando ouviu disparos de arma de fogo e em seguida viu José Cláudio, Claudemir e Marabá saindo do barraco onde aconteceu o disparo.  Manoel, que estaria acompanhado da mulher, Angélica Gomes da Silva, e de um primo, de prenome Edinho, teria ido até o barraco e se deparado com José Cláudio e os dois irmãos.

“O José Cláudio perguntou quem eu era e disse ser filho do Vicente, dono da ilha das Cobras, que é muito conhecido na região, por isso me deixaram ir”, reafirmou, dizendo que só retornou no final do dia para pegar o corpo do irmão.

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