ONU lança campanha contra extinção de 35 povos indígenas

Camila Queiroz, Jornalista da ADITAL

Desaparições e deslocamento forçados, massacres, minas anti-pessoas e recrutamento forçado de jovens para grupos armados compõem o difícil cenário enfrentado por 35 povos indígenas ameaçados de extinção na Colômbia.

Em resposta às violações, a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou campanha para proteger as comunidades, com o título Se elas e eles desaparecem, uma parte de ti desaparece. A proposta é criar identificação para com os indígenas. A partir disso, espera-se que as pessoas se solidarizem com os povos e respaldem ações de proteção aos indígenas.

Entre as etnias indígenas que correm mais risco de extinção na Colômbia estão os Nukaks, Awá, Guayaberos, Hitnus e Sicuanis. Entretanto, a ONU considera que os Awá e os Nukak, dois dos últimos povos da Amazônia, merecem atenção especial. Segundo a organização, mais da metade dos Nukak foi dizimada após a chegada aos seus territórios de colonos que cultivam coca.

Para a organização não-governamental Survival, que trabalha com a etnia nukak, a campanha da ONU é importante por dar visibilidade ao problema dos indígenas. “A campanha reconhece, com razão, que a extinção de um povo indígena não é uma tragédia somente para os diretamente envolvidos, mas também uma perda irreversível para o resto da humanidade”, disse o diretor, Stephen Corry.

A entidade revela que a conflito interno na Colômbia, iniciado nos anos 1960, expulsou muitos indígenas para as cidades, onde vivem nas periferias, sem a garantia de direitos básicos e muitos apresentam depressão. O contato com os não-indígenas, a partir de 1988, matou mais da metade dos Nukak de doenças comuns, segundo a Survival.

Já um artigo publicado em 2010 pela Agência das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) alerta que “se mantém o risco de desaparições físicas ou culturais, e em alguns casos tem aumentado”.

O texto destaca os deslocamentos internos como grave problema, atingindo de modo desproporcional as comunidades. Os indígenas são 15% dos quatro milhões de refugiados internos na Colômbia, mas só representam 2% da população nacional.

Ainda segundo a Acnur, entre 2008 e 2009 os assassinatos de indígenas colombianos aumentaram em 63%. Somente em 2009, 33 membros do povo indígena awá foram mortos.

Em outro relatório, a ONU pontua suspeita de que haja um programa de “limpeza étnica” na Colômbia, com a intenção de deixar o caminho livre para o agronegócio e criação de gado.

Reforçando a hipótese, a Organização Nacional Indígena da Colômbia (Onic), afirma que a maior parte dos assassinatos está vinculada a forças paramilitares e estatais, embora seja comum atribuí-la principalmente às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=59859

 

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