Haiti: Especialista da ONU analisa situação de direitos humanos no país

Karol Assunção, Jornalista da Adital

O Haiti recebe, nesta semana, a visita de Michel Forst, especialista independente da Organização das Nações Unidas (ONU). Forst está desde segunda-feira (29) no país caribenho, onde permanece até o próximo sábado (3). O objetivo da visita é verificar a situação dos direitos humanos e apresentar um informe preliminar com as principais conclusões e recomendações ao organismo mundial.

Nesta semana, o especialista avalia a situação de mulheres, crianças, deslocados/as e pessoas com deficiência no país. A ideia é dar continuidade às recomendações elaboradas no relatório produzido durante a visita realizada no mês de abril e apresentado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU.

De acordo com informações do Espaço de Comunicação Insular (Especinsular), a atividade de Forst inclui visitas a Porto Príncipe e ao departamento do Centro para reuniões com representantes do Parlamento, da Defensoria do Povo, integrantes da sociedade civil, diplomáticos e funcionários da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah) e dos escritórios da ONU.

A situação do país mais pobre das Américas se tornou ainda mais preocupante após o terremoto de 12 de janeiro de 2010. Além de causar a morte de mais de 222 mil pessoas, o tremor de terra deixou mais de 1 milhão de pessoas desabrigadas. Em outubro do mesmo ano, um surto de cólera afetou o país. Dados do Ministério de Saúde Pública e População (MPPS), divulgados no último dia 8, revelam que a doença já afetou 426.785 pessoas e causou a morte de 6.169.

A realidade também não é animadora na questão de moradia e infraestrutura. Um ano e sete meses depois, mais de 500 mil haitianos e haitianas ainda residem em acampamentos improvisados. Muitos são pressionados a abandonar as barracas.

Segundo noticiou nesta segunda-feira (29) a plataforma multimídia de comunicação para o Desenvolvimento Humano e do Ambiente – Tierramérica, muitas pessoas que vivem nos acampamentos não estão incluídas nos planos de reconstrução porque antes do terremoto não eram proprietárias dos imóveis que ocupavam. “Os 116.000 T-Shelters [pequenas casas de um só ambiente] foram entregues a muitas famílias necessitadas, mas a maioria era proprietária de uma moradia ou de um terreno antes do terremoto. Mais da metade das 304.020 famílias deslocadas que estiveram no censo do ano passado – mais de 173.000 delas – não possuíam uma casa nem terra e estão excluídas de todos os planos”, revelou.

A situação nos acampamentos também é crítica. De acordo com a plataforma de comunicação, os 1.001 acampamentos instalados no país não têm instalações sanitárias adequadas e não possuem água em quantidade suficiente. Além disso, um estudo realizado em março deste ano por agências humanitárias observou que apenas 48% dos acampados possuíam acesso diário à água potável e somente 29% dos acampamentos tinham um sistema de coleta e disposição de lixo sólido.

Mulheres e meninas

Violência sexual, dificuldades para ter acesso aos serviços de saúde, prostituição em troca de comida. Essas são algumas situações enfrentadas por mulheres e meninas após o terremoto de janeiro de 2010 no Haiti. O assunto é destaque no informe “Ninguém se lembra de nós”: O fracasso na hora de proteger os direitos das mulheres e meninas à saúde e segurança no Haiti pós-terremoto, divulgado ontem (30) por Human Rigths Watch.

O documento, de acordo com a organização de direitos humanos, mostra a falta de respeito e garantia dos direitos e necessidades das cerca de 300 mil mulheres e meninas que vivem nos acampamentos haitianos.

O relatório está disponível (em inglês) em: http://www.hrw.org/es/node/101165

http://www.adital.com.br/jovem/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=59800

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.