Por Jully Camilo, Jornal Pequeno
Moradores do Bairro Sitinho, na Vila Maranhão, reclamam dos transtornos e prejuízos que as obras de expansão da Estrada de Ferro Carajás (EFC), da Vale, bem como o tráfego diário dos trens de carga e de passageiros da companhia continuam a ocasionar às famílias residentes na área. Os populares – que já denunciaram o problema outras vezes à imprensa – informaram que, além do barulho, que incomoda crianças e idosos, muitas vezes enfermos, a trepidação provocada pelos trens também tem ocasiona rachaduras nos alicerces, no piso, nas paredes de vários imóveis, além de entupir vários poços artesianos. A comunidade ressaltou que várias reuniões já foram realizadas com representantes da Vale, mas apesar das muitas promessas de solucionar o problema, até o momento isso não ocorreu.
Segundo um dos moradores mais antigos da área, Jorge Luís Cunha Vilas Boas, de 51 anos, a passagem do trem nunca havia prejudicado a comunidade. Entretanto, disse Jorge, há pouco mais de três anos o maquinário teria sido aumentado e o peso começou a prejudicar as famílias residentes ali.
O morador contou que o número de vagões aumentou e isso faz com que o peso e a trepidação aumentem. “Com o aumento dos vagões, dobra o número de pessoas e de minério que o trem precisa levar todos os dias. Antes disso, não sentíamos a trepidação como sentimos agora. Na minha casa, as paredes estão rachadas. Tenho medo de que, a qualquer hora, ela caia sobre mim”, afirmou Jorge ao Jornal Pequeno.
A comerciante Maria das Graças de Oliveira, moradora do local há 16 anos, disse que ao menos 300 famílias da área estão com a estrutura dos imóveis abalados. Maria afirmou que sua casa é uma das mais afetadas, e frisou que não só as paredes e o piso da residência foram comprometidos. O alicerce que sustenta a casa também rachou.
“Quando o trem passa, as telhas saem do lugar, as panelas, os móveis, as portas, as janelas e tudo o que está dentro de casa começa a bater e a tremer. Há seis meses um pessoal da Vale esteve em minha casa, onde fizeram várias imagens. Até um helicóptero sobrevoou o local, a fim de registrar a metragem das casas, as benfeitorias existentes na comunidade, uma vez que falavam em reparos ou indenizações, mas até hoje continuo esperando e nada de resolverem o meu problema”, disse Maria das Graças.
O vendedor Silas dos Santos, 32, contou que foi criado no Sitinho, mas nunca foi tão prejudicado pelo projeto da EFC como agora. Ele mora na área com a mulher e um filho de apenas um mês de vida, que já nasceu com problemas no estômago e precisou passar por uma intervenção cirúrgica.
O morador afirmou que o trem, quando passa, costuma ligar uma sirene, que toca por aproximadamente cinco minutos, fazendo com que a criança se assuste não só pelo barulho como pelo tremor da composição.
“As minhas paredes racharam, não sei mais a quem recorrer. Tenho medo pela família, que fica só enquanto saio para trabalhar. Precisamos de um pouco de repouso e silêncio, mas isso está cada vez mais difícil por aqui”, declarou Silas.
A aposentada Maria da Glória Cruz da Rocha, 63, contou que vive à base de remédios e tem sofrido sérios transtornos por conta dos problemas ocasionados pela expansão da EFC.
Ela disse que seu poço artesiano secou, assim como o de muitas pessoas que tiveram a fonte de água entupida pela lama oriunda das obras.
“O meu poço secou e o da casa do meu filho foi entupido pela lama. A água já não serve mais para o consumo, pois está barrenta. Sinceramente, não sei mais o que fazer e a quem recorrer”, disse a aposentada.
Os moradores relataram que, caso a Vale não se solucione os problemas e transtornos causados às famílias moradoras do Sitinho, solicitarão junto ao Ministério Público, um pedido de embargo das obras.
Outro lado
O JP solicitou por e-mail um posicionamento da Vale sobre o assunto. Veja a resposta:
“A Vale esclarece que não há evidências de que a operação da Estrada de Ferro Carajás possa causar danos a estrutura de casas e poços artesianos. No final de 2012, equipes técnicas fizeram visitas à zona de influência da Vila Maranhão, em São Luís, e constataram que a empresa atua dentro dos parâmetros legais. Não foi apurada qualquer relação de causalidade entre os danos ambientais e estruturais em casas próximas e as vibrações causadas pela passagem de trens na Estrada de Ferro Carajás.
A Vale esclarece, ainda, que realiza anualmente medições de vibrações em pontos determinados no entorno do Complexo de Ponta da Madeira. No total, são 21 pontos externos à Vale, sendo cinco localizados na área da Vila Maranhão.
A Vale informa que mantém diálogo aberto e contínuo com as comunidades da Vila Maranhão, realizando visitas constantes por meio de sua equipe técnica, e que em nenhuma de suas visitas a estas comunidades foi feito mapeamentos para fins indenizatórios.”
Amei o sit pesquiso coisas de preto………..