Áreas no extremo norte do Estado que serão destinadas aos plantios totalizam 5.400 hectares; projetos foram submetidos ao Idaf
Manaira Medeiros, Século Diário
A Aracruz Celulose (Fibria) arrendou fazendas do Grupo Simão localizadas em quatro municípios do extremo norte do Estado para avançar com seus plantios no Espírito Santo. A área totaliza 12.863,09 hectares, sendo 5.400 destinados aos novos plantios. Os projetos foram submetidos ao Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado (Idaf) para obtenção do licenciamento ambiental. A região já enfrenta graves impactos decorrentes da monocultura do eucalipto, que consome elevada quantidade de água, destrói a mata nativa e contamina o solo.
São dois os processos protocolados no Idaf por enquanto, que são complementares. O primeiro se refere ao “Projeto de Silvicultura nos municípios de Ponto Belo, Montanha, Mucurici e Pinheiros – Bloco II” e o outro “Projeto de Silvicultura no município de Montanha – Bloco IV”. As fazendas são compreendidas pela Bacia Hidrográfica do Rio Itaúnas.
O Grupo Simão iniciou suas atividades na área de abatedouro de gado, ampliando para pecuária extensiva, e detêm muitas terras no extremo norte do Estado. As fazendas foram arrendadas pela Aracruz pelo período de 14 anos, podendo haver renovação. A Aracruz explorará a área para produção de madeira destinada à celulose, estacas e escoramentos.
Valmir Noventa, da direção estadual do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), pontua que a pecuária é transitória na região. A tendência é a Aracruz incorporar cada vez mais áreas do latifúndio do café e da pecuária para os plantios de eucalipto. A empresa tem muito interesses nessas terras, lembra Noventa, já que são as mais planas e férteis, além de bem localizadas.
“É um retrocesso, resultado da falta de uma política de Estado. Essas terras deveriam ser adquiridas pelo Estado para serem destinadas à reforma agrária. Mas é o próprio Estado – governo e prefeituras – que compactua com os interesses do agronegócio”, ressaltou ele, lembrando que a mesma postura sempre adotou o Idaf.
Segundo Noventa, o município de Montanha já sofre com inúmeros impactos ambientais decorrentes da monocultura do eucalipto, atualmente, o mais evidente é a escassez de água. Tanto nas comunidades rurais como nas urbanas, é constante a falta água. Os novos plantios irão agravar esses problemas.
Na área onde a Aracruz Celulose irá plantar eucalipto, 5.400 hectares, seria possível assentar 500 famílias de pequenos produtores rurais, produzindo alimentos no sistema orgânico, que não utiliza venenos. Cada família poderia gerar quatro empregos, chegando a pelo menos 2.000 empregos diretos. Enquanto o eucalipto gera um emprego a cada 30 hectares, neste caso, 180.