Caso Zé Maria do Tomé: interrogatório dos réus

Túmulo Zé MariaPor Cláudio Silva, Campanha Permanente contra os Agrotóxicos

No próximo dia 31 de julho, às 9h, na sede da Justiça Estadual de Limoeiro do Norte, será realizado o interrogatório dos réus no processo que apura o assassinato de José Maria Filho, o Zé Maria do Tomé.

Zé Maria foi executado em 21 de abril de 2010, com mais de 20 tiros à queima roupa, em típica ação de pistolagem, na localidade de Tomé, município de Limoeiro do Norte, Ceará, próximo à sua residência. Liderança comunitária e ambientalista, Zé Maria foi assassinado por denunciar as consequências da pulverização aérea de agrotóxicos e irregularidades na concessão de terras nos perímetros irrigados da região da Chapada do Apodi.

O homicídio ocorreu meses após a promulgação, em 20 de novembro de 2009, da lei municipal de nº 1.278/2009, que proibia a pulverização aérea de agrotóxicos no município de Limoeiro do Norte. Essa iniciativa inédita foi resultado da pressão de organizações, movimentos populares e pesquisadores, e ganhou repercussão internacional, ao banir a pulverização aérea de agrotóxicos. As empresas do agronegócio da região não cumpriam o disposto na Lei 1.278/2009 e então José Maria Filho tornou-se a principal voz nas denúncias sobre as ilegalidades.

Após sua morte, transcorreu uma demorada investigação policial, até que em 26 de junho de 2012, dois anos após o assassinato, o Ministério Público ofereceu denúncia contra João Teixeira Júnior (proprietário da empresa Frutacor), José Aldair Gomes Costa (gerente da citada empresa), Antônio Wellington Ferreira Lima e Francisco Marcos Lima Barros (os dois últimos moradores da comunidade Tomé) pelo homicídio. O primeiro denunciado é um dos maiores empresários do agronegócio no Ceará. O suposto executor fora assassinado em julho de 2010 em uma ação policial.

O processo que trata do homicídio de José Maria Filho, chega ao momento mais importante até agora, o interrogatório dos réus, quando os denunciados apresentarão seus argumentos a partir das perguntas feitas pela juíza, pelos promotores e advogados de acusação e por seus advogados defensores.

A expectativa dos advogados assistentes da acusação é que a juíza pronuncie todos os acusados e que assim sejam julgados pelo Tribunal Popular do Júri, quando, ao final, espera-se pela condenação de participantes e mandantes. Aguarda-se que o julgamento pelo Júri ocorra até o final desse ano.

*Cláudio Silva, advogado integrante da Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares do Ceará (RENAP/CE), especialista em Economia e Desenvolvimento Agrário pela Universidade Federal do Espírito Santo/ Escola Nacional Florestan Fernandes e em Direito Público pela Rede LGF/Anhanguera-Uniderp.

Mais informações sobre o caso “Zé Maria do Tomé”:

– Processo nº 7659-18.2010.8.06.0115, tramita 1ª Vara da Comarca de Limoeiro do Norte

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