Bruno Calixto, Época
Desde o dia 13 de junho, antropólogos da Fundação Nacional do Ìndio (Funai) e do governo do Acre vinham acompanhando, por fotos aéreas e com o auxílio do povo indígena Ashaninka, a aproximação de um grupo de sete índios de uma tribo que vive em total isolamento. No dia 26, foi feito o contato – pela primeira vez, esse povo rompeu o isolamento e se encontrou com uma equipe da Funai.
O contato aconteceu de forma pacífica. Nesta segunda-feira (21), no entanto, a Funai divulgou uma notícia preocupante: todo o grupo contraiu o vírus da gripe.
Índios isolados são povos que decidiram evitar o contato com outros povos, vivendo em isolamento no meio da floresta amazônica. O Brasil respeita essa autodeterminação. O contato só é feito se for de iniciativa dos índios, e uma série de ações são previstas para garantir a saúde e segurança desses povos.
Segundo a Funai, os índios isolados pertencem a um subgrupo do tronco linguístico Pano. Por meio de um intérprete, a Funai pode constatar que eles estavam em fuga – eles sofreram atos de violência por parte de não-índios na fronteira entre Brasil e Peru. Ainda não se sabe quem atacou o grupo. As principais suspeitam caem contra grupos de madeireiros ilegais ou narcotraficantes. Foi provavelmente nesse momento que eles contraíram o vírus da gripe.
A situação é preocupante. A gripe é extremamente perigosa para povos isolados, que não têm imunidade ao vírus. Se os sete índios voltassem para sua tribo sem tratamento, eles poderiam espalhar o vírus para todo o povo, estimado entre 40-100 pessoas, com consequências catastróficas.
Em nota, a Funai informou que os índios foram medicados, e que colocou em ação um plano de contigência para auxiliar os índios. “As equipes da Funai e do Ministério da Saúde retornarão à área no próximo mês para vacinar contra a gripe o maior número possível de indígenas desse grupo”.