Nos dias 24 e 25 de julho, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra realiza no Largo da Carioca a V Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes. A feira acontece entre 8h00 e 18h00, e contará com um ato público de abertura no dia 24, às 16h30. Na ocasião, o MST pretende reafirmar junto à sociedade seu compromisso com a produção de alimentos saudáveis no projeto da Reforma Agrária Popular.
Assentados e assentadas de todo o estado do Rio de Janeiro trarão frutas, legumes e verduras para serem comercializados no centro da cidade.
Mas o objetivo da feira não é somente este: no evento, o MST pretende aproximar da cidade a necessidade da realização da Reforma Agrária Popular. Na visão do Movimento, uma das formas de abordar o assunto é através da comida, conectando os camponeses e trabalhadores urbanos.
Mais uma vez, a Feira se dá num contexto de lentidão extrema da Reforma Agrária no Rio de Janeiro e no país. A demora em desapropriar terras improdutivas e estruturar os assentamentos tem relação direta com o aumento da violência no campo.
Desde janeiro de 2013, já foram cinco assassinatos de assentados e assentadas em Campos dos Goytacazes. Um dos mortos foi Cícero Guedes, que dá nome a feira por ser um de seus idealizadores e uma grande referência em agroecologia.
Além dos alimentos frescos vindos das regiões Norte, Sul e Baixada Fluminense, a feira contará com outras atrações. No horário do almoço e no final do dia, atividades culturais pretendem animar o espaço. Haverá também uma feira de troca de sementes no dia 25, às 16h.
O objetivo é valorizar as sementes enquanto um bem comum e público, que deve ser preservado e livre de patentes. Hoje o Brasil é o segundo maior consumidor de sementes geneticamente modificadas, que são de propriedade de empresas que detêm o seu controle.
Outra ameaça à saúde dos brasileiros é o uso de agrotóxicos. O Brasil é o maior consumidor destes venenos no mundo. O MST participa da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, e na feira será divulgando o filme O Veneno está na Mesa 2, do diretor Silvio Tendler.
A feira contará ainda com a participação do Setor de Saúde do MST, que mostrará a produção de fitoterápicos e cosméticos dos assentamentos.
Além de agricultores e agricultoras do MST, a feira reúne camponeses do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e da Articulação de Agroecologia do Rio de Janeiro. Em comum, a luta pela terra e a crença no projeto político da agroecologia, que estuda e pratica a agricultura em cooperação, sem venenos e em harmonia com a natureza.
A agroecologia é vista como a alternativa da agricultura familiar ao modelo do agronegócio, já que este se preocupa apenas em obter lucro com a terra, produzindo soja, milho e algodão com agrotóxicos para exportação. Este lucro é o que tem viabilizado o superávit primário da economia brasileira, possibilitando o pagamento de juros aos bancos.
Para os movimentos sociais do campo e até organismos internacionais como a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a agroecologia é a única forma de alimentar o mundo de forma sustentável nos próximos anos. Hoje, 70% dos alimentos consumidos no Brasil vem da agricultura familiar.