“Por mais que tentem me matar, nunca vou parar”, diz Paulino Terena, baleado em Miranda

Aliny Mary Dias, Campo Grande News

Ferido a tiro na última segunda-feira (19) em um atentado na Aldeia Moreia, situada em Miranda, distante 201 quilômetros da Capital, o líder indígena Paulino Terena, 31 anos, desabafou sobre a situação em um vídeo gravado enquanto ele era atendido no hospital da cidade.

As imagens foram capturadas por uma pessoa que preferiu não se identificar porque teme represálias. Na gravação, Paulino fala que não irá desistir da luta e ainda denuncia que sua cabeça foi colocada “a prêmio” por produtores rurais da cidade.

“Nenhum fazendeiro vai fazer eu parar de lutar. Independente de tiro, de tudo eu tô aí na luta. Eu quero que meu povo consiga terminar com vitória naquele terra em que nós ‘está’. Por mais que tente me matar, eu nunca vou parar”, diz o líder de ocupações ocorridas em áreas da cidade.

Paulino é um dos índios de Mato Grosso do Sul protegidos pelo Programa de Proteção a Defensores de Direitos Humanos da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Ele ressalta que já sofreu cinco atentados e que foi levado para Brasília no ano passado.

“Já tive cinco atentados, já fiquei em Brasília, o pessoal dos Direitos Humanos me colocou 90 dias fora para ninguém tentar me matar, mas queimaram meu carro e tentaram me matar”.

O indígena também denúncia a violência que supostamente teria partido de fazendeiros de Miranda. “Aqui no município de Miranda colocaram minha cabeça a prêmio, na primeira vez colocaram R$ 30 mil para quem conseguisse me pegar”, dispara.

Ao final do depoimento, por vezes emocionado, Paulino garante que não desistirá. “Pode atirar onde que for que eu vou estar lá, eu vou conseguir e nós vamos conseguir porque meu povo está lá. Meu povo quer essa terra e meu povo vai vencer”.

Caso – Paulino foi baleado na perna por pessoas que foram até a casa dele, na madrugada da segunda-feira. Após ter alta médica no fim da manhã de segunda, o líder indígena foi escoltado por equipes da PRF (Polícia Rodoviária Federal) até Campo Grande, onde embarcou em voo com destino ao Distrito Federal na última terça-feira. O embarque ocorreu por volta das 18 horas.

O programa de proteção da Secretaria de Direitos Humanas foi avisado sobre o atentado contra o indígena logo após o fato. Apesar de estar em Brasília, o destino final de Paulino não é divulgado pelo programa que atua em sigilo em casos que envolvem violência contra o protegido.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Osni Dias Guarani.

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