O NEABI vem por meio desta nota manifestar sua preocupação sobre os últimos acontecimentos de Humaitá-AM, envolvendo indígenas e população regional.
Sentimos imensa falta que fará o conciliador Cacique Ivan Tenharim, bem como nos solidarizamos à dor das famílias de Aldeney, Luciano e Stef.
Que o Poder Público assuma sua realidade ante um cenário de conflito que vem sendo construído há décadas no sul do Amazonas e discuta com a sociedade as políticas públicas.
Não obstante os inúmeros problemas já conhecidos a respeito da Rodovia Transamazônica, chamamos atenção para a clandestinidade da Rodovia do Estanho e vulnerabilidade social do Parque Nacional dos Campos Amazônicos e outras Unidades de Conservação da região.
Chamamos atenção ainda para a prevaricada reestruturação da FUNAI, realizada em 2009 que afastou os Postos Indígenas das aldeias, durante na Gestão Márcio Meira, bem como os sucessivos erros como os de agora, geraram grandes prejuízos a todos. Acreditamos que conflitos como os de Humaitá poderiam ter sido evitados com a presença do órgão indigenista no interior da Terra Indígena.
Pedimos à Presidência da República que não se olvide da FUNAI e das reinvindicações dos povos indígenas. Que não abandone seus direitos em função dos descaminhos da causa, provocados por ação individual desastrosa, punindo os responsáveis e promovendo mudanças no órgão. O mesmo vale para a Frente Parlamentar de Apoio aos Indígenas.
Igualmente conclamamos ao Poder Público e às autoridades que não se olvidem dos direitos indígenas, e que lhes assegure o retorno dos estudantes das aldeias – nossos alunos – às suas escolas, universidades e institutos, localizados nas aldeias, em Humaitá e Santo Antônio do Matupi. Se necessário, com segurança de Estado, porquanto medidas socioativas e de conciliação igualmente devam se realizar, a fim de promover a comunhão da sociedade com base nos direitos e na democracia.
Pedimos temperança aos cidadãos de Humaitá, Matupi e Apuí, que confiem e cooperem com as autoridades e instrumentos competentes, com punição dos responsáveis que houver. E que igualmente cobrem melhorias do Poder Público para uma política regional específica. Que busquem caminhos para uma convivência pacífica com todos.
Por fim, lembramos a todos o papel do indivíduo na história. Que todos sejamos serenos em buscas respostas para estes tristes fatos que tanto nos preocupam.
- Núcleo de Estudos e Pesquisas Afrobrasileiras e Indígenas da UFAM
- Ednailda Santos
- Sandoval Amparo
- Mazzo Rodrigues
- Leonardo Dourado de Azevedo Neto