Filiado ao Partido Comunista do Brasil, Epaminondas foi morto em 1971 quando estava sob custódia do exército
Ricardo Brito – Agência Estado
O Ministério Público Federal em Brasília abriu uma investigação para apurar quem são os responsáveis pelo desaparecimento e morte de Epaminondas Gomes de Oliveira. Ex-líder camponês filiado ao Partido Comunista do Brasil, Epaminondas foi morto no dia 20 de agosto de 1971, em Brasília, quando estava sob custódia do Exército.
A Comissão Nacional da Verdade (CNV) também apura as circunstâncias do desaparecimento do ex-líder camponês. Segundo a comissão, a declaração de óbito revelou que a morte de Epaminondas foi causada por anemia e desnutrição. Contudo, os familiares suspeitam que ele tenha morrido vítima de tortura.
No final de setembro, a Comissão realizou, em parceria com o Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal e da Polícia Civil do Distrito Federal, a exumação de restos mortais que seriam de Epaminondas no cemitério Campo da Esperança. Após a abertura da sepultura, que teve o aval de familiares do ex-líder camponês, o grupo encontrou uma prótese dentária de prata. O fato foi comemorado por familiares, uma vez que ele usaria esse tipo de dente postiço. Os restos mortais passam por exames de antropologia forense e de DNA a fim de confirmar a identificação.
O inquérito civil público foi aberto na segunda-feira, 27, pela procuradora da República Luciana Loureiro Oliveira e tem prazo de um ano para ser concluído, podendo ser prorrogado sem limite até que as investigações sejam concluídas.
A operação Mesopotâmia, que prendeu Epaminondas, foi deflagrada pelo Exército no início de agosto de 1971, em plena ditadura militar. A operação investigou pessoas em ações consideradas “subversivas” nos Estados do Maranhão, Goiás (atualmente em Tocantins) e Pará. Neste estado, no município de Porto Franco, ocorreu a prisão do ex-líder camponês, então com 68 anos. Na ocasião, ele foi trazido para Brasília.