Nesta quarta-feira (22/01), o MST completa 30 anos. Veja abaixo depoimentos de várias organizações da classe trabalhadora em homenagem e apoio ao movimento e à luta pela Reforma Agrária:
CUT
No dia 22 de janeiro, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) completa 30 anos de lutas. Como a CUT, que celebrou três décadas em defesa da classe trabalhadora no ano passado, o MST teve papel essencial na redemocratização do país e continua sendo protagonista nas lutas sociais.
O combate ao latifúndio, ainda uma dívida histórica do Brasil com seu povo, certamente não teria a importância que tem na agenda brasileira e não avançaria como avançou nas últimas décadas sem a mobilização do movimento, com quem dividimos espaços comuns, como a Coordenação dos Movimentos Sociais, por acreditarmos nos mesmos valores.
Defender a Reforma Agrária e apoiar o MST é combater a concentração de terras nas mãos de poucos.
Segundo dados do último Censo Agropecuário do IBGE, 2,8% das propriedades brasileiras são latifúndios e ocupam 56,7% do território para produção agrícola. Já as pequenas propriedades representam 68,2% do total, mas ocupam somente 7,9% da área total brasileira.
Não haverá uma democracia legítima sem a distribuição de terras e condições para que as famílias assentadas possam produzir, distribuir e comercializar alimentos mais saudáveis e que tenham como prioridade alimentar a população brasileira, ao contrário do que faz o agronegócio.
Por isso, a CUT definiu a luta pela Reforma Agrária como uma das prioridades para 2014 e incluirá esta pauta na agenda que será construída pela classe trabalhadora e entregue e cobrada dos candidatos nas eleições deste ano.
Saudamos e celebramos os 30 anos do MST pelo princípio que forjou também a formação da CUT: a defesa de um país mais justo e igualitário.
PCB
O MST comemora seus 30 anos de muita luta como o mais importante movimento social brasileiro, apesar da cumplicidade de todos os governos com a expansão do agronegócio, a repressão e criminalização do estado burguês contra as lutas populares.
O PCB valoriza a forma de luta do MST, a sua inserção junto aos sem terra e aos sem direitos em geral e sua ação política para além dos limites do corporativismo e do movimentismo, inclusive seu caráter internacionalista.
Por isso, o PCB valoriza a unidade com o MST nas lutas anticapitalistas e anti-imperialistas.
Ivan Pinheiro – Secretário Geral do PCB (Partido Comunista Brasileiro)
CTB
Ao completar 30 anos de incessante luta em defesa da democracia, da soberania e da liberdade, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o nosso glorioso MST, realiza seu o seu 6º Congresso Nacional.
Para a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil torna-se imperativo o fortalecimento da aliança dos movimentos sociais, sobretudo, diante do inaceitável abandono da política de Reforma Agrária pelo governo Dilma, que desde o início do seu governo realizou apenas 87 assentamentos, bem menos que seus antecessores.
Para a CTB é necessário reiterar a luta para concretizar esta demanda já secular da classe trabalhadora, do povo brasileiro e cobrar do atual governo, que afinal foi eleito com amplo apoio dos movimentos sociais, a elaboração e execução do 3º Plano Nacional de Reforma Agrária.
A reforma que pleiteamos não se resume aos assentamentos, requer igualmente assistência técnica e infraestrutura adequada para a produção, bem como a regularização das áreas quilombolas.
É indispensável rever os critérios de produtividade, limitar a extensão da propriedade rural e revogar o decreto que impede a desapropriação em áreas ocupadas instituído pelo governo FHC.
Ao contrário do que imaginam as elites econômicas e setores do próprio governo, a Reforma Agrária terá impactos altamente positivos para o desenvolvimento nacional, a produção de alimentos e a valorização do homem e da mulher no campo, que sofre um processo de esvaziamento, agravado pelo desemprego no chamado agronegócio, e abandono.
Além de democratizar a propriedade rural e solucionar o drama dos agricultores sem-terra e assalariados rurais desempregados, a Reforma Agrária fortalecerá a agricultura familiar, que responde por 70% da produção de alimentos no Brasil e 84% da ocupação no campo. A classe trabalhadora e seus representantes não podem abrir mão desta bandeira histórica.
Vida longa ao MST!
Adilson Araújo – Presidente Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB
ABGLT
O Movimento Sem Terra é um dos movimentos mais organizados no Brasil e que tem colaborado muito para a diminuição das desigualdades sociais nesse país. É um movimento que dá o exemplo de organização, de disciplina e de coerência.
Passa governo, vem governo, o MST continua firme na luta com seus propósitos legítimos. Que continue assim e que não precise de mais trinta anos para que sejam realizados seus objetivos de ter terra para gente que precisa, ter uma Reforma Agrária e ter uma sociedade mais justa e fraterna.
O MST é um exemplo para todos os movimentos, inclusive o movimento LGBT. Muito do que o movimento LGBT é hoje foi aprendido com a luta do MST.
Toni Reis, secretário de Educação da ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais e doutor em Educação
PSTU e Conlutas
Estes 30 anos de vida do MST não podem ser medidos pelo tempo que transcorreu desde a fundação da organização. Tem que ser medidos pela força social, moral e politica que o MST trouxe para a historia brasileira. A força da combatividade, da luta pelos grandes ideais brasileiros, latinoamericanos e mundiais.
A força de uma militância consciente e organizada, que luta não apenas pela democratização da terra, mas pela emancipação dos trabalhadores do campo.
Um grande abraço a todos os companheiros do MST, de quem se considera um ativo simpatizante do MST.
José Maria de Almeida, PSTU e Conlutas
Intervozes
O Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, saúda as companheiras e os companheiros do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra pela realização do 6° Congresso Nacional do MST e os parabeniza pelos trinta anos deste que é o maior movimento social do Brasil.
Os que atravessaram a seca, o deserto verde com cheiro de eucalipto e os ventos que carregam os venenos do agronegócio, por todo o país, sabem que a terra continua sendo um dos elementos fundamentais para a disputa pelo poder na sociedade.
E sabem que os dominantes fazem dos meios de comunicação canais para a divulgação de suas ideologias e para a manutenção das desigualdades sociais. Trata-se, portanto, de uma disputa de hegemonia, na qual lutamos com muitas palavras.
Ocupamos, resistimos, produzimos. Cerramos juntos fileiras em ações de combate ao latifúndio da comunicação. Exemplo dessa ação unitária é a campanha “Para Expressar a Liberdade”, por meio da qual coletamos assinaturas em apoio ao Projeto de Lei da Mídia Democrática.
Com uma nova lei para a comunicação, queremos que os movimentos não sejam criminalizados pela mídia impunemente e que todos e todas possam se expressar por veículos que cheguem a todos os recantos do país.
O ano que se inicia pode vir a ser mais um ano de lutas populares em nosso país. E será fundamental contar com a maturidade e com a capacidade de mobilização de cada militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra para alargarmos os horizontes e conseguirmos retomar as ruas e reformar a terra e o ar.
Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social