O Acampamento Cipó Cortado, com 160 famílias em Senador La Roque, sudeste do Maranhão, sofre mais uma ameaça de despejo. Desta vez o fazendeiro já prepara um churrasco para cerca de 60 policiais que farão a operação.
As famílias de trabalhadores rurais Sem Terra acampadas há quase sete anos no complexo de áreas chamado Cipó Cortado receberam nesta segunda-feira (20/01) ameaça de despejo para esta terça-feira (21/01). As informações da Coordenação do MST na Região apontam que já há PMs pela região.
A Coordenação do MST denuncia ainda que o comando da PM na região infringiu um acordo feito entre movimentos e o Governo do Estado, incluindo comando da Polícia e a Ouvidoria Agrária, de que nenhum despejo seria feito no Maranhão sem que fossem comunicado antes os envolvidos.
O Comandante da PM em Imperatriz, Major Markus, feriu este acordo de condutas e dá margens para um possível conflito. Anterior a este, o ex-comandante Major Adeison, por diversas vezes comunicava sobre as reiterações de posse com até oito dias de antecedência.
Os movimentos envolvidos, a imprensa, entidades de direitos humanos e o Incra não foram comunicados como das outras vezes.
Fraude na reintegração
O Fazendeiro que grila a área alterou o nome da propriedade para conseguir a liminar de despejo. Essa é a 15ª vez que essa situação acontece e as famílias se encontram em uma situação de tensão.
Os trabalhadores não podem ser despejados, pois a área é da União e está em processo de regularização pelo Programa Terra Legal. Assim, qualquer liminar de despejo antes da decisão da arrecadação é ilegal.
O Acampamento Cipó Cortado se encontra em um complexo de quatro fazendas da União que foram griladas e que estão em processo de regularização para o assentamento das famílias.
A situação de ameaças é constante. O Programa Terra Legal arrecadou no final de outubro cerca de 1200 hectares, que não são suficientes para assentar as famílias. O Incra, na ocasião, foi a público informar a sociedade que havia resolvido o problema das famílias. Cerca de 160 famílias continuam aguardando a regularização de mais 7 mil hectares.
A Coordenação do MST apela para as autoridades para evitarem o despejo, pois o acampamento é uma comunidade consolidada, que já conta com escolas e cursos profissionalizantes.
O estado do Maranhão se manteve, em 2013, como o primeiro em conflitos no campo. Segundo informações da Comissão Pastoral da Terra estes conflitos são advindos da ação violenta de pistoleiros e do próprio estado, através do uso da força policial e também quando este se omite a realizar a Reforma Agrária.
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Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Carlos.