Deputado teme conflito social na região.
Por Beth Begonha, em Radiotube
O deputado Domingos Dutra vem acompanhando a tensa relação entre a mineradora canadense Colossus e os garimpeiros da região. A Colossus fez um contrato com a cooperativa dos garimpeiros locais, a Comigasp, para a exploração de ouro e platina que previa 51% do lucro dos minérios retirados para a empresa, e 49% para os garimpeiros. Recentemente o contrato foi subitamente alterado e a parte da Colossus subiu para 75%, o que provocou uma crise no relacionamento entre a empresa e os garimpeiros.
De forma incompreensívell para os cooperados, de repente, a Colossus colocou na conta de alguns diretores da cooperativa 54 milhões de reais, porém, nenhum garimpeiro recebeu nenhum centavo deste dinheiro. Logo após o depósito houve a mudança de percentual sem o consenso, sem mesmo o conhecimento, dos cooperados, passando a Colossus a ser detentora de 75% do minério de Serra Pelada, enquanto os garimpeiros ficariam com apenas 25%.
Acontece que, até o momento, a Colossus, oficialmente, não teria conseguido produzir nada, e dessa forma, nenhum garimpeiro recebeu nada, à exceção dos diretores da Comigasp já aqui citados. Dutra ressalta que esse dinheiro foi “pulverizado”, depositado não diretamente na conta da Comigasp, mas na conta pessoal de vários de seus diretores. A tesoureira da cooperativa recebeu, de acordo com o deputado, mais de 19 milhões de reais em duas contas pessoais. Inexplicavelmente, esse valor foi sacado, em dinheiro, na boca do caixa de agências bancárias.
Isso gerou revolta entre os garimpeiros e um grupo veio à Brasília divulgar o fato e pedir ajuda às autoridades. Um grupo de deputados, dentre os quais Domingos Dutra, acionou a Colossus pedindo explicações sobre a revisão do contrato e, principalmente, sobre o fato da empresa até agora não ter produzido nada. Os garimpeiros já vinham acusando a Colossus de contrabando de minério.
De repente, a mineradora promove uma demissão coletiva dos seus funcionários, provocando uma comoção na região. Chamado pelos garimpeiros o deputado voltou a Serra Pelada e lá se reuniu com representantes da Colossus, que alegaram dificuldade financeira. Domingos Dutra destaca que as ações da empresa que já valeram 8 reais, hoje valem 4 centavos.
Em função de toda essa situação os deputados que estão acompanhando o caso pedem a retomada da mina que está sob posse da Colossus. Já foram acionados o Ministério Público e a Polícia Federal para verificar as denúncias de que a empresa estaria fazendo contrabando, e uma CPI foi proposta para verificar os acontecimentos aqui narrados e buscar compreender o que, de fato, está acontecendo no subterrâneo de Serra Pelada.
Os deputados também pedem ao Governo Federal, intervenção imediata na empresa, pois há ainda uma questão ambiental séria na região da mina: caso a empresa a abandone e desligue suas máquinas de bombamento do lençol freático que passa pela cava, poderia haver uma inundação que levaria ao desmoronamento.
Na entrevista o deputado faz, ainda, uma série de revelações e questionamentos sobre o andamento dos fatos e afirma que grande parte do controle da cooperativa sempre foi feito por pessoas do Maranhão, estado pelo qual ele foi eleito.
O deputado afirma estar muito preocupado com o clima na região, e diz que um dos principais objetivos das atitudes tomadas é evitar uma tragédia, fruto de uma grande revolta por parte dos garimpeiros. Eles ameaçam tomar a mina. Já há mais de mil garimpeiross acampados na entrada da mina. Também dizem que viriam à Brasília com o objetivo de ocupar o Palácio do Planalto e o Ministério das Minas e Energia.
Domingos Dutra encerra a entrevista falando sobre os acontecimentos no presídio de Pedrinhas, em São Luiz, e faz um balanço da dramática situação prisional do Maranhão.