Tania Pacheco* – Combate Racismo Ambiental
Nesse terceiro fim de ano que a presidente da república passou em Salvador, a comunidade Quilombo Rio dos Macacos foi duramente reprimida, após dias de um clima bastante tenso. Segundo suas lideranças, a Marinha se armou como se estivesse numa guerra, com mais de 50 fuzileiros com coletes e armas em punho. E ontem, 6 de janeiro, um sargento da Base Naval de Aratu abusou da autoridade de forma inequívoca.
Principais lideranças do Quilombo, os irmãos Rosi Meire Messias dos Santos e Ednei Messias dos Santos, foram espancados e presos no início na tarde, quando passavam pela guarita. Rosimeire foi arrastada pelos cabelos, chutada e esmurrada. Ednei foi igualmente agredido. Ambos foram libertados somente à noite, a partir da atuação dos advogados da AATR; do Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP); do deputado federal Luis Alberto; do Secretário de Promoção da Igualde Racial (Sepromi), Elias Sampaio; e dos protestos e resistência da própria comunidade.
O deputado Luis Alberto e o Secretário Elias, que estiveram com o comandante da Base, disseram que viram filmagens da própria Marinha que comprovam a agressão violenta aos comunitários, quando estão entrando na área ocupada pela Base, em direção ao Quilombo.
Tudo isso deixa mais que óbvio que, além da titulação, precisamos exigir de imediato uma entrada alternativa para a comunidade, de forma a impedir a continuação desses constrangimentos, arbitrariedades e violência.
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*Com informações de Maria José Pacheco, do Conselho Pastoral dos Pescadores.
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À noite, a Marinha distribuiu a Nota Oficial que pode ser lida abaixo:
O Comando do 2º Distrito Naval informa que, por volta das 16h00 de hoje (06), foram detidos, no tombo pertencente à União, situado no Complexo Naval de Aratu e administrado pela Marinha do Brasil, o Sr. Edinei Messias dos Santos e a Sra. Rosimeire Messias dos Santos, moradores da comunidade conhecida como Rio dos Macacos.
As detenções foram motivadas pelas ameaças proferidas pelo Sr. Edinei contra as sentinelas de serviço e em razão do comportamento violento da Sra. Rosimeire, que tentou, inclusive, apoderar-se da arma de um dos militares. Os dois foram liberados após a situação ter sido controlada.
Um Inquérito Policia Militar (IPM) será instaurado, com apoio do Ministério Público Militar, a fim de apurar o ocorrido.
Comentários devem ter nome, sobrenome e e-mail reais para serem liberados.
Comentários devem ter nome, sobrenome e e-mail reais para serem liberados.
Reginaldo, o pior que há precedentes sim. Na época da ditadura quem sofria eram os indígenas, tendo que aceitar arbitrariamente os projetos de “desenvolvimento” para o norte. E até mesmo antes da ditadura, lembremos do arraial baiano de Canudos, quando uma comunidade de brasileiros, negros e pobres, foi massacrada, mesmo depois de rendida, pelas Forças Armadas da já República do Brasil. Infelizmente não é de hoje que os pobres brasileiros sofrem nas mãos das Forças Armadas.
Essa é mais uma razão fragrante, que demonstra estarmos no Brasil brincando de democracia. O governo da D.Dilma e do PT acreditam nisso, ou são coniventes com as arbitrariedades da suas forças militares e policiais. Não há precedentes, nem mesmo na ditadura militar, de uma armada declarar guerra a uma comunidade de brasileiros, e fazer disso uma questão de honra: Oprimir 50 famílias, pobres, marginalizadas, desarmada e uma porção de crianças e velhos. A Marinha do Brasil com isso comprova que não é digna de lutadores como João Cândido. A Marinha de guerra do Brasil acaba de se especializar em oprimir e trabalhadores, pobres, negros desarmados. Essa é a guerra dos milicos saudosos da ditadura, é com essa guerra contra o povo que Dilma e o PT são coniventes. Titulação de Todo o Território do Quilombo do Rio dos Macacos! Fora a Marinha da Área Quilombola!